Acostumado a sentir o perfume das celebridades, o diretor da novela "Desejo Proibido", Luiz Antônio Pilar, teve rotina de folião mal-cheirosa neste carnaval. Ele passou seis dias visitando blocos do Rio para rodar o documentário “O Xixi do Carnaval”, sobre a estranha tradição carnavalesca de urinar nas ruas.
“A idéia surgiu no ano passado, mas, na verdade, resolvi fazer o filme porque esse hábito generalizado sempre me impressionou. Resolvi sair sozinho nas ruas com minha câmera e um microfone para fazer o registro”, explica ele, que agora se dedica a resumir as seis horas gravadas num curta de 20 minutos.
O diretor se concentrou nos blocos da Zona Sul e do Centro do Rio durante as filmagens. O objetivo era mostrar que existem foliões mal educados em todas as classes sociais. “Não é só o povão que se entrega a esse hábito”, disse Luiz.
Ele conta que flagrou muitos universitários aliviando a bexiga nos becos da cidade. “Sou rainha das mijonas e gosto do carnaval do Rio justamente por que aqui tem esse tipo de liberdade”, contou uma estudante da USP ao cineasta.
O documentário vai trazer outros depoimentos controversos, como o de uma estudante que se disse nostálgica com o cheiro de urina. “Eu sou uma maria-mijona mesmo e isso me traz um sentimento de nostalgia, porque quando eu tinha oito anos, passei em frente ao Sambódromo e perguntei a minha avó : ‘Que cheiro é esse, vó?’. E ela me respondeu: ‘Minha neta, esse é o cheiro do carnaval’, disse a jovem tentando se justificar.
Entre os entrevistados que se disseram contrários à prática, Luiz vai mostrar o caso de uma senhora que, de tão cansada de ter de lavar a calçada depois das festas em sua rua, resolveu alugar o banheiro de sua casa. A proposta, pelo menos do ponto de vista financeiro, foi um sucesso: ela arrecadou R$ 200 num único dia.
Apesar de o tema sugerir descontração pelas situações inusitadas que levanta, o diretor garante que documentário não ficou engraçado. “Há momentos cômicos, mas também há passagens sérias, de denúncia. Flagrei homens e mulheres urinando na frente de crianças e de famílias e registrei áreas extensas sem banheiros químicos”, explica Luiz, que vai tentar colocar o curta-metragem no Festival do Rio.
Texto avistado no portal G1