Avistado no blog de Ricardo Noblat
De Elio Gaspari, em O Globo:
Quem não gosta de Nosso Guia precisa se mobilizar para impedir que o PSDB destrua a oposição brasileira. O tucanato tornou-se um ingrediente tóxico tanto no atacado como no varejo.
No atacado, o governador José Serra quer paralisar o partido, jogando para março o anúncio do nome do candidato à Presidência da República. Se o problema fosse apenas de prazo, Serra teria argumentos para justificar sua posição. Lamentavelmente, a questão é outra: ainda não se sabe se Serra quer trocar uma reeleição certa para governador por uma candidatura a presidente que a cada dia parece mais pedregosa. Talvez nem ele mesmo saiba.
Recordar é viver: durante todo o ano de 2005 a popularidade de Lula sofreu uma forte erosão. Entre agosto e dezembro as pesquisas do Datafolha indicavam que ele perderia a eleição do ano seguinte para Serra. Em janeiro de 2006 o quadro começou a virar e no final de fevereiro Nosso Guia botou oito pontos de frente. Em março Serra tirou o time de campo.
Serra quer esperar até março sem que haja qualquer garantia de que irá para a briga. Já o governador Aécio Neves quer uma decisão rápida, caso contrário disputará uma cadeira de senador. Não se poderia esperar que o neto de Tancredo Neves fosse a uma disputa de mato-ou-morro, mas o ultimato de Aécio indica que ele já achou a saída de emergência.
O PSDB tornou-se um tóxico também no varejo. Em vez de fazer oposição, sua bancada no Congresso associa-se às piores iniciativas da bancada governista e da banda esperta do PMDB.
O tucanato denuncia as maracutaias petistas, mas é incapaz de levantar a voz diante das malfeitorias dos seus hierarcas. Noves fora o mensalão mineiro, em cujo processo está denunciado pelo Ministério Público o ex-presidente do partido, senador Eduardo Azeredo, o tucanato teve um governador e um senador cassados pelo Supremo Tribunal Federal (Cássio Cunha Lima e Expedito Júnior). Isso deixando-se de lado a ruína de Yeda Crusius no Rio Grande do Sul.
O PSDB deu os votos necessários para que o Senado e a Câmara aprovassem a Bolsa IPI que borrifaria os exportadores com créditos de R$ 34 bilhões, pelo menos. Fez isso mesmo depois do Supremo Tribunal Federal ter derrubado a pretensão dos empresários. Vexame final: Lula vetou o mimo.
Na semana passada, iniciativas de três tucanos (Flexa Ribeiro, Marcos Monte e Roberto Rocha) puxaram os interesses do ruralismo das trevas para aprovar um projeto de anistia para desmatadores. A moralidade foi defendida por militantes do movimento Greenpeace que, acorrentados a poltronas do plenário da Câmara, fizeram um escarcéu e transferiram a votação do projeto.