segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

Violência do Rio de Janeiro no hexa do Flamengo

Editorial do Caos Urbano na Festa do Futebol Brasileiro

Se a polícia não tivesse aparecido no Baixo Gávea a violência talvez teria sido menor


A PM estava mobilizada no cerco interno do complexo Pavão-Pavãozinho. A polícia, dentro e fora do Maracanã, no ensaio técnico da Estação Primeira na Sapucaí. A policia estressada após os conflitos no Leblon. Numa síntese: a polícia estava despreparada. As cenas de violência quase sempre ocorreram ante a chegada da polícia ou depois da chegada da polícia. Testemunha ocular no Baixo Gávea informou que até o início da madrugada o lugar estava lotado e calmo, euforia e juventude, bebida sim, mas tudo festa. Com a chegada da polícia estressada, e em pequeno número, o caos. Mas no noticiário, parecia que a polícia só surgiu para botar as coisas em ordem. Não foi bem assim. Na TV, houve choque de edição e de propaganda do governo Sérgio Cabral, o perfeito, o que nunca erra. Quem sabe um desembargador morador das imediações da Praça Santos Dumont não deu um telefonema do tipo, secretário, ninguém, leia-se, eu, a lei, mas ninguém consegue dormir aqui. Tem uma baderna lá em baixo. E a polícia estressada, em pequeno número e despreparada, fez o teatro da força. Mas seja esta versão do Correio da Lapa falha, talvez até mais falha do que a ação da polícia, ainda assim restará uma certeza: o caos e a violência pertencem a Sérgio Cabral e ao prefeito Eduardo Paes. Ambos, com a política de confrontação, desrespeitam o espírito carioca. Ambos estão perdendo corações e mentes por excesso de orgulho, arrogância de achar que só proferem verdade, mas que nunca pensam na sabedoria de . Dos meus lábios, jamais sairá uma mentira, apenas muitas especulações. As imagens da violência no futebol são o aperitivo do banquete pantagruélico que ainda vamos ter de engolir até a população ficar educada para 2014 e 2016. Enquanto isso, o plano B, nas conversas internas do Financial Times de Londres, prossegue: o Brasil corre o risco que a Colômbia correu de ter ganhado a Copa do Mundo de 1986 e, pouco antes, ter perdido o direito de sediar o evento. Por isso o México, que sediara o Mundial de 1970, repetiu a dose de 1986, numa emergência. A violência no Brasil começa pelos governantes, pela propaganda que vale muito, mas em dia de hexa, vale quase nada. A realidade é que se a polícia não estivesse ocupada com a pacificação forçada de umas poucas favelas, e se apenas se mostrasse num grande contingente que ela não queria dar tiros de borracha na multidão, mas apenas dissuadir, nada do que ocorreu teria ocorrido em tal escala de cenas horrorosas. A polícia não reduziu a violência. Agravou-a. O resto é edição. O desembargador, ou a juíza, ou o empresário, ou o parente do governante, não importa, o maioral pagou mais um mico. Em dia de hexa, a política tem de ser como a do carnaval. Tolerância com um barulho, nada de dar ouvidos a essa meia-dúzia de pessoas poderosas, arvorando-se em superjuízes que não aguentam ouvir a voz das ruas. Quem mandou a polícia não mandou a ordem, fez uma emulação da desordem.