Torcedor do Flamengo: Cuca é pior do que o Senado dos Escândalos Secretos

Cuca nega acusação de Muricy de que se ofereceu ao São Paulo, mas não convence

Desmentido do presidente são-paulino também bota mais lenha na fogueira

Correio da Lapa - Notícia Comentada: (*)

Diante de Cuca torcedores rubro-negros sentem a Paixão derrotada

Ao tomar conhecimento da notícia de que o ex-técnico do São Paulo, Muricy Ramalho, acusou Cuca de pleitear o comando do time paulista em conversas por telefone com o presidente são-paulino, Juvenal Juvêncio, o treinador rubro-negro reagiu indignado. Cuca negou veementemente as acusações e reafirmou seu compromisso com o Flamengo a poucas horas do confronto com o Internacional no Maracanã.

Ato falho ou secreto? Muricy disse que Cuca disse no celular que toparia sair do Flamengo para ir para o SP? Terá ele proferido tal vilania: Disse que disse para ir para? Cuca tem problema até no nome. Cuca parece não ter cabeça, parece que tem caroço. O angu dele não combina com frango, feijão e quiabo. O escândalo Cuca é maior do que a versão de Muricy e maior do que "a aversão" que a torcida do Flamengo tem a ele.

Declaração de Cuca na nota oficial do Flamengo

- Eu jamais teria esse tipo de atitude. Primeiro porque não é da minha índole, do meu caráter. E também lembrando: estou no maior clube do Brasil, feliz por trabalhar aqui e certo de que a torcida vai nos apoiar na luta para retomarmos o caminho das vitórias. Trata-se de um absurdo na véspera de um jogo tão importante para o Flamengo.

Esta informação, repassada pela assessora de imprensa da Gávea, Marilene Dabus, ao Correio da Lapa, também foi abordada no site oficial do São Paulo, mas, a exemplo do desmentido na nota de Cuca, não esclarece o escândalo.

Antes de comentar a complexa personalidade de Cuca, vejamos o que o clube do Morumbi informou literalmente e prestemos a atenção nas palavras, porque elas dão bandeira nesses momentos de crise, crise nos dois clubes que mais têm conquistas de Campeonato Brasileiro:

Eis a nota do site oficial do São Paulo:

"Segundo o presidente Juvenal Juvêncio, Muricy Ramalho interpretou mal o contato do técnico Cuca com o dirigente tricolor. Não houve nenhuma consulta em relação ao trabalho do treinador no Flamengo.

O presidente Juvenal Juvêncio esclarece que o contato com os ex-treinadores do clube é comum por manter uma boa relação com todos eles, inclusive assim será também com Muricy. Não houve, portanto, a referida consulta".

Em entrevistà à Rádio Globo, Cuca disse que não pretende processar Muricy, apenas se encontrar com ele para esclarecer que a versão dele da conversa não é verídica. Muricy disse por sua vez que pretende se "esconder um pouco do futebol".

Caso Cuca versus Muricy é daquele que se resolve na bordoada

Com a imagem tão arranhada, Cuca tinha de processar Muricy e até perder a cabeça que não tem e falar: "Vamo lá fora resolver no braço, na mão", mas, não, sempre doce... A declaração do Cuca, nome aliás que na raíz nórdica, na etimologia bárbara, significa exatamente "docinho", ou "bolinho", e, na raiz latina, "cuca", “càca”, "côco", 'coca", "caco" "cocô", variações para "titica", titica de treindor. Não é a palavra que faz o deboche, mas a personalidade. O jogador Kaká, por exemplo, reina no mesmo universo etimológico, mas passa ao largo dessas gozações de torcedor... Mas eis a doçura de explicação do treinador Cuca na Rádio Globo:

"Não guardo mágoas, mas quero apenas falar com ele e sentir dele o que pensa a respeito. Mas, sem dúvida, o prejuízo maior é para mim, e com uma situação que não é verídica. Não tenho inimigo nenhum e nem quero ter, não sou homem de apelar para advogados e tentar tirar dinheiro. Eu quero é conversar com Muricy, e não criar polêmica nem inimizade. Tenho relacionamento muito bom com o Botafogo e converso com muitos diretores de lá. Também tenho contato bom no São Paulo, no Goiás, no Santos e em todas as equipes em que trabalhei. Isso é normal, mas jamais esse diálogo serviu para eu tentar tirar partida da situação. O Kléber Leite também tem relacionamento com outros treinadores. Fui pego de surpresa".

Com aqueles olhos claros que o presidente Lula condena, Cuca já deu exemplos de tibieza. Ele é errático. tem um ranço no estilo dos dirigentes botafoguenses, intempestivos. Apenas fala manso, mas o estilo é amargo. Já foi escorraçado de General Severiano para aceitar voltar dois ou três dias depois, depois de muita roupa suja lavada publicamente pela televisão. Cuca já foi na hora errada para o Santos e de lá voltou rapidinho, com o rabo entre as pernas.

Contradições nas explicações do diálogo de Cuca na hora errada

Na nota do Flamengo, Cuca não declarou que não telefonou ao São Paulo. Talvez tenha dito que não fez o telefonema a outros jornalistas sem diploma. E pior, se tivesse ligado qual seria o motivo a horas de enfrentar o Internacional? Se ligou, por que não o fez diretamente a Muricy, hipotecando-lhe solidariedade no momento de afastamento com a eliminação traumática na Libertadores? Outra: o presidente Juvenal Juvêncio não negou que Cuca telefonou. O mais grave não é quem ligou para quem. Mesmo que o autor, a origem do telefonema, seja o presidente JJ, ainda assim o caso é grave. Os dois desmentidos não apagam a fogueira. Juvenal apenas negou que, no telefonema, Cuca lhe tivesse sugerido se demitir do Flamengo para substituir Muricy. JJ negou a consulta sobre o cargo, não a conversa.

O ex-técnico são-paulino, ex-jogador como Cuca, tem aquele lado caipira, estilo meio anti-Rio de Janeiro, um bronco com a midia, mas ele tem também um jeito sólido e constante de dizer abertamente essas grossuras quase sempre verdadeiras sobre as partidas de futebol e sobre o relacionamento de repórteres e profissionais do futebol. Muricy não parece afetado porque Washington eliminou o clube na Libertadores em 2008, e o mesmo Washington, já no São Paulo, não pôde, neste ano de 2009, botar a bola no gol e levar o Morumbi à semifinal da principal competição continental. Muricy nunca foi de acusar colegas ou jogadores. Este lado matuto dele é até admirado pelas torcidas. Muricy não tem medo de cartolas. Nas vezes em que esteve ameaçado ou fritado no cargo de São Paulo, Muricy sempre se comportou com altivez.

Cuca diz que está feliz no Mengão e que tem apoio da torcida

Cuca declarou na nota oficial que está feliz no Flamengo. Como feliz? Nove gols em dois jogos, algo inédito no lado negativo do histórico centenário do Mengão. Cuca disse estar certo de que conta com o apoio da torcida para retomar o caminho a vitória. Como está certo? Que cascata é essa?

O Correio da Lapa não tem certeza de que Cuca esteja certo ou esteja no lugar certo. Aliás, sempre pairou uma desconfiança com o estilo chororô de Cuca, de que ele talvez não devesse nem ter sido chamado para um lugar tão incerto que é o cargo de treinador do Flamengo. A conquista maior de Cuca, o pentatri, começou na década de 1940 e se encerrou nas mãos lotéricas do goleiro Bruno agarrando pênaltis. Passado de glória nunca foi proteção contra demissão sumária de técnicos. E só ver o histórico maravilhoso de três anos e meio de Muricy no São Paulo.

Desmentidos fajutos da história, caso Herzog

Os dois desmentidos oficiais de Cuca e Juvenal Juvêncio fazem lembrar desmentidos fajutos ao longo da história. Um exemplo clássico: quando o jornalista Wladimir Herzog apareceu morto numa cela da ditadura em São Paulo, na década de 1970, o II Exército emitiu nota dizendo que tomaria todas as providências para "investigar o suicídio".

Ora, com a imprensa sob censura esperneando para denunciar que o colega havia sido torturado e assassinado, os militares informavam que iriam investigar o suicídio, e não a morte. Quantas contradições no uso de palavras? Como investigar o suicídio? Não iam investigar nada porque sabiam que não fora suicídio, mas morte de um ser humano sob custódia do Poder Público, como depois ficaria provado na ação que o advogado Sergio Bermudes moveu contra a União. A vitória do advogado entrou para a história e num certo sentido contribuiu para acelerar o lento processo de redemocratização do Brasil.

Cuca já chegou ao Flamengo se suicidando, não o Flamengo, mas ele, treinador que deu muitas alegrias ao rubro-negro como técnico do Botafogo.

Se Cuca e o presidente JJ estão dizendo a verdade, não o estão fazendo por inteiro. Do jeito que se explicam, eles parecem dizer que Muricy é mentiroso, ou vítima apenas de um "mal-entendido".

Mas, na cabeça média dos torcedores do Flamengo, espaço onde cabem as emoções mais vastas da humanidade, onde cabem todos os grãos de areia do Saara, os nervos estão à flor da pele como mísseis prontos para o disparo. Todos sentem que as chances de Cuca levar o time até o fim do Brasileiro são mínimas. A notícia de que Muricy deu ao Brasil não surpreende pelo conteúdo, mas pelo vazamento.

Cartolas gostam de Cuca porque ele é obediente

Cuca não serve nem mais como blindagem para cartolas dos clubes. Com Muricy, o torcedor são-paulino sentia o pulso forte. Com Cuca, o treinador de um elenco é de fato o Kleber Leite, é o Montenegro ou é outro qualquer. Cuca é o xodó dos cartolas mandões de escalações, compra e venda.... É tão fraco o estilo pau mandado de liderar o grupo de jogadores que, em vez de títulos, Cuca coleciona explicações públicas.

Mesmo se o Flamengo começasse a golear por 9 a 0 os seus próximos adversários neste inverno chegando neste domingo, ainda assim, na chutologia empírica, a torcida do Mais Querido continuaria distante de Cuca. Cuca não conta com o apoio da torcida, ao contrário, perdeu o último vestígio de qualquer fiapo de confiança.

Nomes que faltam? Muricy, Joel Santana, o zagueiro Fábio Luciano e a Petrobras. Todos esses símbolos de sucesso, ou sonhos quase impossíveis, andam longe ou um pouco escondidos do futebol do Flamengo...

Papo de torcedor não costuma ter começo nem fim, apenas batimento cardíaco, que começa no ato sexual e termina no chororô poético de um velório com seus cafezinhos, ou no silêncio da cremação ou do sepultamento. A vida tem um lado patético, enigmático, e Cuca sintetiza tudo isso. Vai com Deus, Cuca. Descansa em paz noutro clube, longe da Gávea.

(*) - By Alfredo Herkenhoff