quinta-feira, 14 de maio de 2009

Moraes, o deputado que se lixa para o povo, vai a Gilmar Mendes no Supremo

Quem pode... Pode...

O deputado Sérgio Moraes (PTB), dias depois de declarar a jornalistas que estes inventam denúncias contra os políticos, mas que ele se lixava para a opinião pública e que os políticos mesmo assim sempre se reelegem, sentiu o peso. Não de nenhuma punição exemplar, mas o peso da própria desprezada opinião pública. Seus colegas no Congresso o destituíram do processo de investigação do deputado que tem um castelo mal assombrado, um imóvel nunca declarado no Imposto de Renda. Agora, Moraes vai ao Supremo lutar pela recondução ao cargo de relator, ou seja, vai tentar com o ministro Gilmar Mendes uma espécie de "absolvição", embora não seja o parlamentar nem condenado e nem mesmo réu. Mais uma vez, a Justiça Suprema, cega como toda justiça honesta deve ser, vai encarar de frente a Opinião Pública.

Segue reportagem do excelente jornal Zero Hora, de Porto Alegre, publicada nesta quinta-feira, 14 de maio:

GUARDIÃO DO CASTELO

Moraes perde relatoria, mas segue “se lixando”

Mesmo admitindo que frase foi infeliz, gaúcho não a retirou

Depois de uma semana de críticas pesadas e pressões no Congresso por ter dito que “se lixava” para a opinião pública, o deputado Sérgio Moraes (PTB) foi destituído ontem da relatoria do processo contra Edmar Moreira (sem partido-MG) no Conselho de Ética da Câmara.

Edmar, que se notabilizou por omitir à Justiça Eleitoral a propriedade de um castelo na Zona da Mata mineira avaliado em R$ 25 milhões, está sendo processado pelos colegas por suspeitas de ter utilizado recursos da verba indernizatória para pagar serviços de uma empresa de segurança da qual é proprietário. A partir de agora, o relator será Nazareno Fonteles (PT-PI).

Além de transtornar colegas ao desdenhar a opinião pública, Moraes se manifestou na semana passada em defesa de Edmar, dando a entender que o absolveria. A antecipação de sua posição fundamentou sua destituição. Ontem, Moraes pediu desculpas ao Conselho de Ética, mas não retirou a afirmação de que “se lixava” para a opinião pública e se disse vítima da imprensa.

– Ninguém chegaria por aí dizendo que está se lixando para a opinião pública. Eu fui provocado. Evidente que teve frases e palavras antes e depois. E lógico que foi tudo para o lixo. Foi uma frase acalorada, infeliz, mas não retiro – disse Moraes.

Conforme havia adiantado, Moraes reafirmou que ingressará no Supremo Tribunal Federal (STF) para tentar a recondução ao posto de relator no caso de Edmar. Revoltado, ele protestou:

– Meu mandado de segurança está pronto desde segunda e vou ao STF. Foi uma decisão no mínimo arbitrária. Ele (o presidente do Conselho de Ética) não poderia ter me substituído. O regimento não permite. Fui arrancado da relatoria.

Além de críticas, Moraes recebeu também manifestações de apoio. Ao defender a permanência dele na relatoria, o deputado Pedro Fernandes (PTB-MA) atacou o comando da Câmara. Ele responsabilizou os deputados que passaram nos últimos anos pela Mesa Diretora pelos escândalos envolvendo abuso no uso da cota de passagens aéreas e mau uso da verba indenizatória.

– Esses escândalos são culpa dos membros da Mesa que, quando querem se eleger, oferecem cargo para votarmos neles – disse.