quinta-feira, 27 de agosto de 2009

Carnaval polêmico nas notas 9,2 e 8,7 da Sapucai

Atriz Paola Oliveira, mera ilustração

A seguir este Ce-dê-éle (CdL, Correio da Lapa) posta três textos produzidos e exibidos pelos sites cariocas Pentimento e Tribuneiro, a cargo respectivamente de Marcelo Moutinho e Carlos Andreazza, com duras críticas aos modos como o Carnaval no Rio de Janeiro é gerenciado, numa parceria entre a Liesa, o braço do jogo do bicho na indústria do turismo, e a prefeitura do Rio de Janeiro. Esta engenharia foi consolidada na administração Cesar Maia.

Em 2009, mal chegado ao Palácio da Cidade, o prefeito Eduardo Paes nada pôde fazer de muito concreto ou novidadeiro com relação à maior festa do Rio de Janeiro. Mas, agora, Carnaval de 2010 batendo à porta, o novo prefeito, no primeiro ano de seu mandato, e em tese tem mais sete pela frente, está com a faca e o queijo na mão, tendo apoio do governador Sérgio Cabral que, por sua vez, tem um aliado no bolso, o presidente Lula. Portanto, nunca antes um Carnaval carioca esteve tão vinculado, numa sintonia fina, com todos os poderes: Presidência da República, Executivos Estadual e Municipal e Jogo-do-Bicho/Liesa.

Qualquer injustiça ou coisa que der errado, no Império do Rei Momo em 2010, não será por culpa do folião. Sem entrar no mérito das duras críticas contidas nos próximos três takes clonados, ressalte-se que quem os produziu não aceitou a degola, na Sapucaí de 2009, da gloriosa escola de samba Império Serrano de tanta beleza e tradição, mas que atravessa uma quadra de dificuldades: falta de grana e desprezo da turma da contravenção que controla tudo, dos ingressos ao esquema vergonhoso de notas com décimos.

Apuração suspeita na Sapucaí com notas de "décimos de décimos"

A propósito, nota com décimos é uma fórmula ridiculamente tosca de iludir gente simples com números. Porque uma escola que leva nota 9,2 num quesito está, na verdade, sendo eliminada, levando de fato uma nota 2, ou seja, o 9,2 equivale a oito pontos de diferença com relação à nota 10 da outra agremiação que foi programada para ser vitoriosa.

O sistema de décimos é uma forma, ou fórmula, de iludir; ninguém tem dúvida disso, mas ninguém consegue mudar. Fosse sistema de notas inteiras, de 1 a 10, um julgador não teria coragem de sair dando nota 1 e nota 2 para a Serrinha, União da Ilha ou Mangueira. Com este sistema, se três ou quatro jurados, mal intencionados ou numa articulação, derem notinhas simpáticas para algumas grandes coirmãs, tipo nota 9,3, ou nota 8,8, pronto, estão eliminando aquela escola.

O sistema de décimos é uma forma enganosa de dar a impessão de que 9,2 é algo perto de nota 10, ou uma notinha fraca mas longe do zero. Pscolgia de ladrãozinho. Nota 9,2 é na verdade nota 2, pertinho do zero, é o massacre. É coisa de Senado Federal, uma aritmética medonha e sem ética. E assim, três ou quatro jurados, num rodízio, num disfarce, podem facilmente ser responsabilizados pelo resultado de sempre: só ganham o primeiro lugar as escolas ricas e abençoadas ou ungidas naquele ano pelos podres poderes da Liesa.

Pelo visto, Eduardo Paes vai repetir Cesar Maia dando uma de Pôncio Pilatos.

Uma última observação: este blogue-jornal CdL posta sem endossar o que posta. Aqui é tudo reflexo de outras reflexões. Vamos ler e refletir os próximos textos logo abaixo (Por Alfredo Herkenhoff):