Rubem Braga adolescente com Sérgio Buarque, pai de Chico Buarque
(...) Em 1928, com 15 anos, ele veio morar em Icaraí. Rubem teve um problema com um professor de matemática. O professor achava que ele era burro por não saber matemática. O pai, ex-prefeito de Cachoeiro, aceitou a decisão no mesmo dia: está bom, meu filho. E Rubem foi embora de Cachoeiro. Mesmo hoje isso é um gesto muito liberal para um pai. Rubem foi estudar no Colégio Salesiano, em Niterói, onde ficou durante um ano. Olhava para o Rio A partir daí começa a convivência com o Rio.. Era já boêmio.
Ainda adolescente, uns 16 anos... Nessa época, o pai de Chico Buarque de Holanda, Sérgio Buarque de Holanda, passou quase um ano em Cachoeiro. Meados da década de 1920. Sérgio Buarque andava com uma turma em torno dos 25 anos de idade, reunindo empresários, capitalistas. E no meio deles, havia um menino. Rubem Braga acompanhava Sérgio Buarque de Holanda e aquelas pessoas conhecidas em Cachoeiro”.
Rubem manteve relação idílica com tudo o que era infância, com o passado, com Cachoeiro, com Marataízes, onde pretendia morar pensando em tudo o que fez e o que não fez. Ele chamava isso de sonhos senis. Rubem começou a se chamar a si mesmo de velho, de velho Braga, com apenas 18 anos. Ele tinha a coisa do velho ainda muito jovem. Parece que sempre há um travo de melancolia, escreve todo dia sobre a passagem do tempo. Acho que é inevitável se tornar melancólico, só não se torna derrotista porque tem uma auto-ironia muito grande para não se levar muito a sério. Desde os 15 ou 16 anos, escrevendo no jornal Correio do Sul (propriedade dos Braga em Cachoeiro), por mais que sentisse uma dor imensa, não levava a dor muito a sério. Não caía num jargão triste, olha que pena, que pena que eu mereço, como Antonio Maria chegou a cair.
* - Depoimento de Marco Antonio de Carvalho
Por Alfredo Herkenhoff