Diálogo: Hélio Oiticica e Antônio Dias, gravado em 1978. Uma simples conversa, envolvendo artes visuais, happening, jornalismo, poesia, Haroldo de Campos, Neville de Almeida, Frederico Morais, Roberto Pontual, Rubens Gerchman e ainda questões sociais, além de bate-papo em torno de artistas em cidades como Rio de Janeiro, São Paulo, Belo Horizonte, Milão e Nova Iorque.
Rio, 1978: acabou o verão. Só dali a meses o MAM carioca se incendiaria, calcinando quase todo o legado do pintor uruguaio Joaquin Torres-Garcia, sua retrospectiva mal abrigada na instituição idealizada por Raymundo Castro Maia e concretizada de fato por Dona Niomar Moniz Sodré Bittencourt. A Aids ainda não existia. A internet era só um projeto secreto do Pentágono. No Brasil, o mandato do general presidente Ernesto Geisel estava próximo do terminar. O general João Figueiredo, no vai-e-vem entre os bastidores do poder, recém-saído da chefia do SNI, o serviço secreto da Presidência da República, e já cotado para a sucessão no Palácio do Planalto, avistaria as chamas no MAM, em 8 de julho, porque, casualmente, passava pelo Aterro do Flamengo, simples rota urbana na ponte-aérea Rio-Brasília. Figueiredo, a partir de 1979, seguiria a passos de cágado na abertura lenta e gradual prometida pelo antecessor.
Era o auge do fervilhar no Baixo Leblon. Pontificavam restaurantes como Guanabara, Diagonal, Luna Bar, RA, Bar Jobi e Gatão, onde, em certa ocasião, à tardinha (...)