segunda-feira, 29 de junho de 2009

Honduras: Deposto Zelaya promete voltar. Seu substituto Micheletti disse que não houve golpe e que não teme ameaças de Hugo Chávez

Golpe de Estado

Honduras em chamas, segunda-feira, segundo dia... Golpe militar na América Latina agora com muita internet, muito YouTube, entrevistas dos dois lados beligerantes. Será que existe justiça e verdade nessa crise? Existe TV Justiça em Honduras? O Congresso tem sua TV a cabo na capital Tegucigalpa? Greves, mobilizações, toque de recolher, condenações do presidente Lula, bate-boca geral com Hugo Chávez no centro da confusão.

Correio da Lapa - A crise comentada (*)


O deposto presidente hondurenho Manuel Zelaya, livre na Nicarágua, disse nesta segunda-feira, em Manágua, que vai voltar nos braços do povo, como o venezuelano Hugo Chávez voltou horas depois do golpe de estado de sete anos atrás. Zelaya explicou que foi preso pelos militares e expulso para Costa Rica, de onde, livre, viajou para uma reunião de cúpula regional em Manágua, palco pelas próximas horas de performance bolivariana de Chávez.

Em Honduras, sob toque de recolher, greves contra a quebra institucional e condenações internacionais criam o clima para o retorno do novo líder revolucionário bolivariano. São as primeiras movimentações sindicais e milicianas preparando uma rápida e grande mobilização popular, com protestos contra os novos nomes no poder provisório de fato.

O novo presidente de Honduras, Roberto Micheletti, disse nesta segunda-feira que o que houve no seu país não foi nenhum golpe militar, mas uma "sucessão constitucional" - Zelaya foi afastado pelo poder Judiciário e não por decisão dos militares. E ele, Micheletti, foi nomeado pelo Congresso, e não pelo Exército. Micheletti disse que o Exército de Honduras não tem medo das ameaças de Hugo Chávez de que vai levar Zelaya de volta ao poder. O tom dos dois é belicista.

Contou Zelaya sobre como perdeu o poder: "Houve um momento em que as rajadas das metralhadoras que estavam sendo disparadas em nossa frente eram tão fortes, e era tanta a violência e brutalidade com que mais de 200 elementos (militares) invadiram minha casa em começo da manhã deste domingo". Segundo Zelaya, militares encapuzados, armados e protegidos com coletes o ameaçaram: "Diziam-me: se não soltar o celular, atiramos. Solte o celular senhor, e todos apontando para minha cara e meu peito". Continua Zelaya explicando: "Em forma muito audaz lhes disse: se vocês vêm com ordem de disparar, disparem, não tenho problema de receber, de parte dos soldados da minha pátria, uma ofensa a mais para meu povo, porque o que estão fazendo é ofendendo o povo".

Zelaya explicou que os militares lhe tiraram o celular da mão para impedir que reagisse. Depois o levaram para o avião rumo à Costa Rica. "Vieram me deixar no aeroporto da Costa Rica sem avisar absolutamente nada. Reportaram quando estavam chegando que vinha o presidente de Honduras e queriam que alguém os recebesse".

(*) - Muito mais sobre a crise nos "posts" a seguir neste Correio da Lapa