quinta-feira, 31 de dezembro de 2009

Flamengo, Retrospectiva 2009, Hexa e Pentatri


Da assessoria de imprensa do Flamengo em pleno réveillon de 2010:



O torcedor rubro-negro mais novo, que tem entre 15 e 20 anos, por exemplo, não se lembra de ter visto um ano tão perfeito para o futebol do Flamengo quanto 2009. Talvez porque, nesta temporada, após 17 anos, enfim, o Rubro-Negro voltou a conquistar o título do Campeonato Brasileiro. Além disso, pela primeira vez na história, o Mais Querido conquistou o título nacional e o Campeonato Carioca na mesma temporada.



O título estadual, de quebra, deu o pentatricampeonato estadual ao clube rubro-negro e foi a 31ª conquista do Flamengo na competição, o que lhe rendeu o título de "Rei do Rio", ou seja, o maior vencedor da história do futebol carioca. Já o Brasileirão, emocionante, provou que um clube carioca pode sim vencer um título por pontos corridos e que o Clube de Regatas do Flamengo está no caminho certo para voltar ao topo do futebol nacional, sul-americano e mundial.

Mas, até comer o filé com fritas no dia 6 de dezembro, o time, que começou o ano sob o comando de Cuca e encerrou treinado por Andrade, teve que comer muita carne dura, e, até se engasgou em algumas oportunidades durante o ano. Tudo começou no dia 7 de janeiro, na apresentação do elenco para a pré-temporada, que foi feita na Granja Comary, e só foi terminar quase que exatos onze meses depois. E o ano de 2009 começou com a torcida pressionando o Flamengo por estar fora da Taça Libertadores da América.

No primeiro jogo do ano, vitória sofrida por 1 a 0 sobre o Friburguense, no Maracanã, com gol de Juan. No segundo, outro triunfo na raça, por 2 a 1, sobre o Bangu, em Volta Redonda. Marcelinho Paraíba e Angelim marcaram. Apesar das dificuldades, o Fla começava o ano com pé direito e 100% de aproveitamento no mês de janeiro. Mas, em março, um tropeço estremeceria ainda mais a relação entre time e torcida. Nas semis da Taça Guanabara, um resultado que deixou atônito um Maracanã lotado. Em pleno sábado de Carnaval, quem festejou foi o modesto Resende, que bateu o Flamengo por 3 a 1 e garantiu vaga na decisão da Taça GB, vencida pelo Botafogo.

O revés, no entanto, parece ter motivado o time. Apesar das notícias na imprensa do mau relacionamento do grupo com o treinador Cuca, o Flamengo foi vencendo e reconquistando sua torcida. Na base da raça, do empenho, e também jogando pelo capitão Fabio Luciano, que já havia comunicado que se aposentaria ao final do Carioca, os rubro-negros ganharam força. Chegou então a hora de decidir a Taça Rio. Uma vitória e o Botafogo garantiria o título estadual. Mas, como de costume nos dois últimos anos, quando os dois times se enfrentaram em decisões, o vermelho e o preto falaram mais alto. Dessa vez, até um botafoguense ajudou o Fla. O zagueiro Emerson marcou, contra, o gol da vitória que levou o Flamengo à finalíssima do Estadual, que começou já na semana seguinte.

No dia 3, Flamengo e Botafogo se enfrentaram novamente para decidir o título do Campeonato Carioca. Em um jogo emocionante, outro empate por 2 a 2, outra decisão por pênaltis e outra vitória do Flamengo. Era o quinto tricampeonato estadual da história do clube, que conquistava seu 31º título estadual e assumia o posto de maior vencedor da história da competição. Uma conquista muito comemorada, mas que, em dezembro, viria a ser ofuscada por um prêmio maior.


A eliminação, até injusta, para o Internacional, na Copa do Brasil, não fez com que houvesse abatimento no Flamengo. No entanto, os rumores de racha entre grupo e técnico eram cada vez maiores, os resultados negativos começaram a aparecer no Campeonato Brasileiro, e o clube acabou passando por uma reformulação geral no futebol. Troca de comando na beira do campo e também na diretoria. Andrade assumiu o posto de treinador, Marcos Braz o de vice-de-futebol e, curiosamente, quando todos esperavam um crise, o time se reergueu.

Agosto foi um mês de reformulação. O Flamengo sofreu para encontrar um substituto para Ibson e outro para Fabio Luciano, teve muitos jogadores com problemas de lesão e precisou se esforçar para contratar. Chegaram David, Álvaro e Maldonado para arrumar o setor defensivo. Denis Marques e Gil foram os contratados para o ataque. Aos poucos, a equipe foi se acertando e começando a embalar e, a partir de setembro, não parou mais. Entre setembro e outubro, emplacou dez jogos de invencibilidade, chegou até a cair diante do Barueri, mas se recuperou e seguiu vencendo.

Palmeiras, São Paulo, Atlético Mineiro, Grêmio, Cruzeiro... Todos os postulantes ao título e a uma vaga na Libertadores foram tropeçando e caindo, um por um, contra o Flamengo, que só subia na tabela. De um time desacreditado quase na zona do rebaixamento, para um grupo unido, que parecia imbatível, buscando uma vaga no G4. Ela veio. Então, o objetivo foi manter-se lá. Estava cumprido. Chegaram então as três últimas rodadas e a chance real de título.


Eis a fatídica partida contra o Goiás. Maracanã lotado, torcida em festa com o maior mosaico do mundo, São Paulo derrotado pelo Botafogo e a necessidade de apenas uma vitória para assumir a liderança. Mas, ela não veio. O time ficou no zero a zero e os paulistas agradeceram. Só que por pouco tempo. Na semana seguinte, o mesmo Goiás venceu o Tricolor por 4 a 2, em Goiânia, e o Mengão bateu o Corinthians por 2 a 0, em São Paulo, e tomou o primeiro lugar do Campeonato Brasileiro a uma rodada do final da competição.

Para fechar o ano com chave de ouro, o Flamengo precisou de apenas uma partida para fazer de dezembro o mês mais importante da temporada. No domingo, dia 6, recebeu o Grêmio no Maracanã para sacramentar o hexacampeoanto nacional. O time bateu os gaúchos por 2 a 1, com gols dos zagueiros David e Ronaldo Angelim, e venceu o Campeonato Brasileiro, após longos 17 anos de espera.

O herói e o Imperador: Maio foi o mês do pentatri, mas também foi o mês de dois retornos fundamentais para o final de ano feliz que a torcida do Flamengo teve, com o hexacampeonato brasileiro. O Herói e o Imperador voltavam a vestir o Manto Sagrado. Petkovic, autor do gol do quarto tri, e Adriano, um dos melhores centroavantes do mundo, estavam de volta, por motivos diferentes, à casa.

Sete anos depois de deixar a Gávea, Adriano rescindiu contrato com a Inter de Milão e voltou ao Brasil em busca da felicidade, que ele só poderia encontrar no clube de seu coração. Por isso, assinou com o Rubro-Negro e viria a ser fundamental na campanha da equipe dali para frente. Marcou 19 gols, foi o artilheiro do Campeonato Brasileiro ao lado de Diego Tardelli e tornou-se, de vez, parte da história do Flamengo.

Já Petkovic, voltou ao Flamengo, a princípio, para acertar dívidas com o clube. Mas, aos poucos, foi ganhando oportunidade e tornou-se o grande regente do meio-de-campo rubro-negro na campanha do hexa. Fez gol olímpico, deu assistência, fez gol de falta, passes perfeitos... Vestindo a camisa 43 às costas, em alusão ao gol marcado aos 43 minutos do segundo tempo na final do Estadual de 2001, Pet lembrou os velhos tempos e foi peça-chave na conquista do hexa.

O Tromba: Um bom time só dá resultados quando tem um bom técnico. Não há como negar: se o Flamengo foi hexacampeão brasileiro, deve muito a Andrade. De assistente técnico de onze treinadores ao cargo de comandante do elenco, o ex-jogador e eterno ídolo do clube rubro-negro teve o grupo na mão, soube explorar o melhor de cada atleta, mexeu no esquema tático e colheu os frutos.

Eleito o melhor técnico do ano pela CBF, Andrade fez história. Foi o primeiro negro campeão brasileiro como técnico, foi o quarto jogador no Brasil a conquistar o torneio como jogador e treinador, o primeiro a conseguir tal feito pelo Flamengo... Enfim, tornou-se um dos grandes nomes da conquista e também do futebol mundial. Afinal, Andrade também é hexa: conquistou cinco títulos como jogador e um como treinador.

Outros esportes: O ano de 2009 foi um dos melhores da história do basquete rubro-negro. O time se reforça para a nova temporada e contrata jogadores importantes como Jefferson William e o pivô Baby que deixaria a Gávea no meio do ano. O clube começa o ano disputando a Liga das Américas, em um grupo muito forte o Flamengo acaba em segundo do seu grupo na primeira fase e não se classifica pro Final Four.

Mas, depois, o ano é só de alegrias. Na Liga Sul-Americana o time atropela os adversários e garante o título inédito vencendo o Quimsa na Argentina. No Campeonato Nacional mais forte dos últimos anos, o Flamengo é arrasador e garante o bicampeonato da competição vencendo o Universo na melhor de cinco. Em dezembro, já reformulado, o time ainda fatura o Estadual. Na água, o Fla ainda conquistou novamente o título de Campeão Estadual de Remo e o Campeonato Brasileiro Absoluto de Nado Sincronizado.