Economia informal se lixa para a crise e dispara

Deu no jornal Monitor Mercantil

Informalidade no Brasil cresce 27%

O Índice da Economia Subterrânea (IES), que mede o desenvolvimento de empresas e atividades envolvidas com o mercado informal ou em práticas de sonegação de impostos, cresceu 27,1% de dezembro de 2007 a dezembro de 2008, segundo a Fundação Getúlio Vargas (FGV). Foi o mais forte avanço em um período de dezembro a dezembro da série histórica iniciada em 2003.

Para a FGV, o desempenho revela fuga das empresas do mercado formal: "Essas empresas passaram incólumes pelo agravamento da crise", afirma a fundação.

Da elevação no IES, 55,7% refletem aumento da carga tributária, que subiu entre 10% a 11% ano passado. O pesquisador Samuel Pessoa explicou que o recuo na oferta de crédito foi uma das consequências mais prejudiciais da crise para a economia formal, no último trimestre de 2008.

"Mas quase não afetou a economia subterrânea, porque esta não usa crédito. Podemos dizer que a crise pegou em cheio a economia formal, mas não afetou a economia subterrânea", concluiu.

Por sua vez, o economista Paulo Jager, do Dieese, argumenta que, em geral, a produção e a maioria das ocupações informais estão concentradas no setor terciário:

"O setor terciário e a economia como um todo funcionavam a partir de estímulos que estavam em curso e não houve contração forte da massa de salários. Ao contrário, o salário mínimo aumentou. Também os gastos de transferência do governo federal continuaram", comenta.

Jager defende que sejam ampliadas as possibilidades dos trabalhadores informais. O economista cita a chance de os trabalhadores por conta própria contribuírem para a Previdência:

"Essa iniciativa reconhece as pessoas que trabalham por contra própria (pipoqueiros, engraxates) e não se propõe a tratá-los como empresa, mas a criar uma maneira de formalização. Ao se inscreverem, terão, além da proteção social, acesso a crédito, licença médica etc.", ponderou.