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O vergonhoso edital
de licitação
do prefeito Eduardo Paes
de licitação
do prefeito Eduardo Paes
Por C.A. - Terca-Feira, 25 de agosto de 2009, às 18:02
Jorge Castanheira, presidente da Liesa, aponta o caminho para Eduardo Paes e Antonio Pedro Figueira, secretário municipal de Turismo; ao fundo, Helinho, presidente da Grande Rio
Depois de uma série de adiamentos, a prefeitura do Rio apresentou hoje o edital para a licitação do carnaval carioca; e o fez de maneira covarde [como nem eu poderia imaginar…], concebendo uma peça marketing [um factóide!?] que, ao vender uma transparência que não existe sequer em intenção, apenas legitimará a obscura Liesa como “notável” organizadora dos desfiles das escolas de samba - e pior: a única capaz.
Apresento abaixo - comentando-o em itálico - a íntegra do texto do edital, mas não sem antes escrever: estou certo de que a Liga das Escolas de Samba vencerá a licitação; e duvido mesmo que alguma empresa se candidate a esta concorrência… (O leitor me cobre depois).
Por que licitar?
- Mais transparência ao processo de contratação de serviços; [o que resultará inócuo enquanto à Liesa, comandada por contraventores ligados a algumas poucas escolas, couber a escolha, o treinamento e a coordenação dos jurados, o que é vergonhoso; transparência é coisa para gente série, não para homens públicos frouxos].
- Dar oportunidade a outras empresas do ramo de entretenimento que tenham interesse em participar do carnaval; [este edital é inteiramente dirigido aos gostos, costumes e interesses da Liesa, parece mesmo que foi redigido pelo Jorge Castanheira, com o intuito de melindrar a participação de empresas sérias; e reafirmo: a Liga será a escolhida ao final deste processo de licitação].
- Aperfeiçoar cada vez mais a organização dos desfiles na Marquês de Sapucaí. [a Liesa é tratada, inclusive pela imprensa, como grande organizadora do carnaval, o que é mentira deslavada, e basta ter vontade de ir ao banheiro para experimentar, na imundice, a incompetência da Liga; mentira, contudo, que continuará a ser vendida por verdade inquestionável enquanto políticos, bicheiros, jornalistas puxa-sacos e putas mil tiverem livre acesso à pista de desfiles]…
Quais são os requisitos para participar?
- Pessoas jurídicas de direito público ou privado que comprovem de forma expressa ter prestado serviços de planejamento, preparação, produção e organização das atividades necessárias à realização de grandes espetáculos. [Fico com a impressão de que só três grandes empresas do mundo podem organizar o insuperável carnaval das escolas de samba no Rio de Janeiro: a Fifa, o COI e… a Liesa!]
O que o interessado precisa fazer?
- É preciso retirar o edital com a comissão de licitação, no Sambódromo. A licitação será no dia 9 de outubro, às 10 horas, no prédio do Ginásio, segundo piso, em frente ao setor 3. [Adiou-se ao máximo a data de apresentação deste edital - mais de um mês -, mas a data da licitação, quase amanhã, foi mantida, ai-ai…]
Como será o julgamento das propostas de licitação?
- Serão levados em contra os quesitos preços e técnica, sendo que o primeiro terá peso 3 e o outro peso 7.
Quesito Técnica [este item, dito técnico, na verdade faz desfilar uma série de tópicos burocráticos e irrelevantes; e de repente, bem ao final, quase ao acaso, cita o sistema de som da passarela, este que, de fato importante, é, entre vários outros, grave defeito da organização “exemplar” da Liesa.]
- Projeto de montagem de camarotes, distribuição de frisas e cadeiras de pista, montagem de pavilhão de imprensa, áreas destinadas a órgãos públicos, além de outras construções temporárias, que se façam necessárias para a realização do evento a cargo da licitação.
- Comprovar experiência em grandes espetáculos com venda de ingressos.
- Comprovação de experiência dos subcontratados da licitante em grandes espetáculos. [quero ver a Liesa, que organiza a cousa há décadas, apresentar uma nota-fiscal - uma só! - referente aos “contratos” de terceirização que firma].
- Projeto de sinalização interna e externa.
- Projeto de sonorização da passarela. [quem desfila ou simplesmente vê o espetáculo na televisão sabe que a Liesa, que odeia samba, trata o sistema de som como trata as bancas de bicho menos rentáveis, qual seja, com desprezo; e faz pelo menos 15 anos, desde que desfilo, que o som é o mesmo e a mesma bosta.]
Como será o julgamento das propostas de licitação?
Quesito Preço
- O edital já estabelece percentuais para a distribuição da receita da venda de ingressos.
- 53% para as escolas de samba.
- 10% de direitos autorais.
- Mínimo 7% para Riotur.
- O ganho da Riotur poderá aumentar conforme as propostas das empresas que disputam a licitação. [a Riotur e a Liesa, chamada eufemisticamente de “escolas de samba”, arrecadam muito dinheiro e querem mais; as agremiações, porém, recebem repasses pífios, sobretudo se considerado o montante aferido na bilheteria; e nem falo dos grupos de acesso…]
Estão inclusos todos os serviços inerentes ao planejamento, preparação, produção e organização do Carnaval 2010, no Sambódromo, em todos os dias de desfiles: [todos os que não resolvem coisa alguma…]
- som
- iluminação
- limpeza
- segurança
- comércio e distribuição de comidas e bebidas
- montagem de frisas, cadeiras e camarotes
- venda de ingressos [um cidadão brasileiro que quiser comprar uma frisa, segundo o critério obscuro da Liesa, tem de mandar - isso há 20 anos - um fax!!!; que, como sempre, nunca será recebido e nunca lhe permitirá comprar os lugares desejados senão por meio das agências de turismo amigas da Liga que, sabe-se lá como!?, têm know-how único na arte de enviar um fax, assim chegando sempre na frente…]
Validade do contrato
- O contrato entre a Riotur e a vencedora da licitação refere-se ao carnaval de 2010, podendo ser renovado por mais quatro anos, caso haja interesse da prefeitura. [a Liesa vai ganhar e terá o contrato renovado por quatro anos; e ponto-final: o prefeitinho não se terá mais de incomodar com cultura popular.]
- O desfile permanece a cargo das escolas de samba. Um contrato será assinado nos próximos dias entre os representantes legais das escolas e a Riotur. [o desfile permanece a cargo das escolas de samba, eufemismo grosseiro para dizer que, no que importa, segue tudo como está, qual seja, aos cuidados da Liesa, a liga das sombras, inclusive e sobretudo o julgamento das agremiação, que ninguém sabe como funciona, sob quais critérios, mas que premia sempre as mesmas escolas, em revezamento, e rebaixa sempre as mesmas escolas, em revezamento; e que se dane!] [outra coisa: por que a prefeitura, em vez desta covardia de escrever “escolas de samba”, não escreve aí: Liesa, Liga Independente das Escolas de Samba!?; entidade à qual, aliás, entregou - na gestão de Czar Maia, que esta parece reproduzir - a administração da Cidade do Samba, patrimônio público municipal “dado” sem licitação.]
Como será feita a fiscalização dos serviços prestados?
- Ficará a cargo da Riotur através de uma comissão de fiscalização que será nomeada. [quero ser nomeado e desde já lanço o meu nome e dos meus amiguinhos, os duendes.]
Credenciamento
- Ficará a cargo da Riotur e a licitante vencedora, que terão a responsabilidade de autorizar todas as pessoas que terão acesso à Passarela do Samba, inclusive da imprensa e das escolas de samba. [quero saber se afinal os sites, noves fora os da Globo, terão vez em 2010 e poderão trabalhar em paz na Sapucaí; ou se as credenciais dos jornalistas serão novamente destinadas ao pescoço dos bicheiros e de bandidos menos charmosos…]
- Processo de credenciamento vai ser regulamentado mediante portaria a ser publicada pela Riotur.
Como era o processo de 2009?
- A Riotur mantinha um contrato direto com a Liga das Escolas de Samba, englobando desfile e a prestação de serviços de organização do evento. [ou seja: nada mudará.]
- Até o Carnaval 2009 a Riotur recebia 6% da venda dos ingressos.
Publicidade e transmissão do desfile
- Os direitos de publicidade e propaganda ficam a cargo da licitante vencedora. [sei, sei…]
- Os direitos de transmissão do desfile ficam a cargo das escolas de samba. [e o leitor quer saber por quê: porque, ignorando e ridicularizando a prefeitura - que já manifestara a intenção de lançar esta licitação -, a Liesa assinou faz tempo um contrato com a Globo, e não há homem público nesta cidade com colhões de desafiar esta “parceria”.]
A prefeitura do Rio de Janeiro, em matéria de carnaval [e de fantasia…], poderia licitar o inferno e deixar tudo com o diabo - mas tinha de assumir para si, antes de qualquer coisa e por motivo estratégico [em nome da credibilidade desta fabulosa festa popular], o comando do julgamento do concurso das escolas de samba.
Oportunidade histórica desperdiçada por incompetência e frouxidão.