sexta-feira, 14 de agosto de 2009

Triste São Paulo: CdL e o ato obsceno de fumar: eu fumo

EDITORIAL A FAVOR DO CIGARRO

Deu no Globo que identificaram mais um agaciel pelos novos velhos atos secretos, mas o Correio da Lapa já não comenta qualquer notícia; logo logo ela estará clonada. A paciência não leu e insinua que nem lerá. O CdL “exclameja”: assim como nas nossas fronteiras brinca de caranguejo um Hugo Chávez Bundão (HCB), dentro do Brasil ganha força uma índole fascistóide que igualmente anda de lado ou para trás, qual nojento purismo nazista. Gente escrota falando grosso em nome da saúde, gente cínica sem nenhuma sanidade intelectual.

A maneira como São Paulo proíbe o cigarro, e o Rio de Janeiro parece que vai imitar, parece uma aula de ignorância histórica. Ninguém antes havia tentado algo assim tão rigoroso contra os fumantes. Somente Adolf Hitler fez exatamente esta política. A Alemanha do nacional-socialismo cultuou a máxima do Império Romano, mente sã em corpo são. E a saudável, fisicamente, Juventude Nazista, oh cordeirinhos de olhos azuis, acreditou no Kaiser e implementou políticas radicais de intolerância, seguindo à risca os conselhos de bom pulmão sem coração do Adolfo. Coração zero. Foram todos, homens, jovens e até adolescentes, varridos pelos Exércitos Vermelho e Star and Stripes, nos quais se fumava brava e heroicamente.

No Brasil, 32, 33, ou 34 milhões de fumantes estão sendo humilhados por meia dúzia de laboriosos nazistas de plantão. Não são originais. Esta febre Jim Jones, H1n1, começou nos EUA. Brasil, França e México eram os três países que mais resistiam à “influenza” do moralismo judicial e político. Mas os políticos franceses também se renderam aos estudos médicos e começaram a aceitar ou imitar os fundamentalistas evangélicos dos Estados Unidos.

Porra! João Paulo II fumava três ao dia. Ciro Gomes fuma mais. Obama fuma tipo papa, móvel, mas escondido. Mussolini era o único que podia fumar perto e até no gabinete do Führer.

Mente sã em corpo social falido. Quem proíbe cigarro desta maneira é a mesma gente estúpida, incrustada no serviço público e que, em vez de exigir bons hospitais públicos, boas escolas para as crianças pobres, fiscaliza, ameaça e multa os colégios da rede privada. São aqueles idiotas que não querem ver que toda vez que um casal bota um filho numa escola particular, alivia as finanças do governo. Mas os governantes ricos, que botam seus filhos pequenos nas escolas particulares, estão se lixando para as dores de milhões de famílias pobres.

Fumante passivo é conceito dos incompetentes. São os novos homossexuais que não gostam de procriação dando aula de trocar fralda, aula de pedagogia para os marmanjos tarados com a acesa chupetinha do diabo entre os dedos. Quem não sabe o que é gás carbônico? Quem não sabe que os automóveis e os caminhões das turnpikes americanas também exalam a fumaça cancerígena? Então vamos proibir carros porque na calçada há milhões de passivos diante do fumegar do rabo da descarga?

Viva o passado recente, jovens soldados e oficiais, quase todos fumantes, sacrificando as próprias vidas para garantir a liberdade, a democracia agora tão vilipendiada por esses sanitaristas de merda que, sem força para enfrentar os verdadeiros desafios, brincam de reprimir milhões de viciados em cigarro e bom senso, cigarro e direitos humanos, cigarro e sinceridade, cigarro e paixão.

Covardes, seres de almas franzinas, personalidades pútridas, sem poesia.

O próximo passo será proibir a arte de se matar, proibir o gesto absoluto nos textos dos legislativos, pouco importa a instância, se municipal ou federal. Proibirão o suicídio como fazem os exegetas, os teólogos, os poderosos das religiões monoteísticas mais barulhentas, como o cristianismo, o islamismo e o judaísmo.

Mas adianta alguma coisa proibir que alguém triste ou feliz se mate? Segundo as Nações Unidas, 1 milhão se matam anualmente. Nenhum suicida chega atrasado ao próprio ato sem turning point. Nesses números, vê-se melhor a imagem do fenômeno com uma simples conversão. Sempre segundo a ONU, a cada 40 segundos uma pessoa tira a própria vida no mundo.


Mataram-se Leminski, Stefan Zweig, Pedro Nava, Heminguay, Allan Poe, Ana Cristina Cesar, Santos Dumont, Cesar Pavese, Getúlio Vargas, Virginia Woolf, Romeu, Julieta, Torquato Neto, Cleópatra, o casal etrusco, minha vizinha de Botafogo e o caralho a quatro. Porra, suicidou-se muita gente saudosa e especial. E agora esses bananas covardes que têm medo de viver e enfrentar a realidade querem ditar sobre nós seus cagaços, suas ignomínias, seus ridículos.

Triste São Paulo que não sabe votar, que achincalhou Pelé, que elegeu Maluf N vezes, que dá show todo dia de exploração de tudo, dos pobres de São Paulo, que coloniza o resto do Brasil com a mediocridade dos pequenos criminosos. Nós, que fumamos, agora teremos de mudar de hábitos, vamos fumar cocaína, vamos fumar Sarney, vamos fumar ongs, vamos fumar Inca, fumar débeis mentais.

Eu quero o meu gueto, o meu amor, os meus pequenos e anônimos heróis. Vou abrir um restaurante constitucional, proibir que entre nele qualquer não-fumante. Os garçons só entrarão por concurso honesto. Só garçons que, comprovadamente, forem fumantes pelos últimos dez anos poderão se habilitar a nele trabalhar. Eu quero a minha paz. Detesto essa gente medíocre. Viva os suicidas de plantão, sempre vivos e abertos ao gesto de morrer. Quero a minha liberdade. Vamos abrir o novo gueto de Varsóvia. Viva Israel, viva os perseguidos. E que essa ponciopilatada de bosta vá viver com saúde nos seus cemitérios limpinhos, exalando o frescor de cadáveres com pulmões ainda rosados. Gente chata, fundamentalmente. Não sentem na minha mesa ao ar livre, verdes lírios dos campos.

Viva Rubem Braga que, com câncer na laringe, sem querer químio que lhe garantiria alguns mesezinhos a mais, exclamou ante um merdalhão lhe pedindo peroração antitabaco. Vá encher o saco de outro, quem quiser fumar que se fume.

Nazistóides, gente sem beleza, sem sensibilidade para dar porrada, gente que se agarra nas tetas do setor público, este híbrido, gente que não cria, mistura de jumento com goiaba, me deixe m paz com minha cachacinha e meu fumo de rolo, me deixe pitar agachado na estrada.

Se não puderem criar uma lei justa para 30 milhões, ou 34 milhões de fumantes, pelo menos que ouçam isso. Diga 33, de novo, diga devagar: trinta e três. Xi! Tu pegaste a maldita gripe, não a suína, a antiga H1n1, pegaste a nova e mais grave, a gripe da intolerância, um vento forte, seco, texano, moralista, adolphitlerista.

Vai morrer num hospital sem tabaco, e nós estaremos aqui, num fumódromo chamado arte, sanidade, liberdade e disposição para morrer em paz com a própria consciência, guerreando se preciso for, mas sempre vivendo, na vida e na morte, em nome do bem maior que se chama compreensão.

Agora, só me resta enraivecer. O que farão os fumantes no hospício? É prédio fechado. E os fumantes nas celas fétidas onde a lei da juíza Denisse Frossard não se mete, apenas autoriza na marra os estupros e outras vilanias? Poderão fumar os encarcerados? E o direito dos guardas de presídio de não quererem ser fumantes passivos?

Ora, Deus, perdoai essa gentalha disfarçada de catecismo da saúde. Perdoai esses cagalhões sem arte. Por favor, Senhor, não mandai essa gente para o inferno fumegante onde vicejamos. Eles merecem o paraíso do céu sem fumaça. Mas, se assim tiver que ser, Senhor, condenai-nos pelo vício, nós, fumantes, sim, mesmo que tenhamos levado uma vida digna e honesta, mas Oh Misericordioso! Condenai-nos, mas nunca a conviver, na eternidade, com esse estoque de estertores da mediocridade.

Gente amiga na internet, entre fumantes e não-fumantes, este CdL informa que está iniciando uma campanha preventiva contra a proibição do suicídio mental. Este trabalho de criação, sem um tostão furado, sem apoio da Souza Cruz, incensa a tuberculose de Cruz e Souza. Este blogue-jornal, a partir de agora, passa a ser um espaço oficial para a fumaça da comunicação e pede patrocínio para não continuar todo dia mendigando a própria morte.

Por Alfredo Herkenhoff