quinta-feira, 6 de agosto de 2009

Jim Jones, o general, não o pastor, é Obama monitorando Chávez no Chifre da América do Sul


Na América do Sul, Jim Jones, o general, não o pastor suicida, também chamado Jim Hones, que envenenou e matou, com uma cajuada do capeta, 900 fiéis norte-americanos de sua seita evangélica-amazônica-maluca na Guiana, dando em seguida cabo de si próprio com um tiro na cabeça uns 20 anos atrás. O novo Jim Jones é enviado de Barack Obama e tenta explicar a Lula e Marco Aurélio Garcia, o diplomata sem Rio Branco, que as bases antigas na Colômbia, contra o narcotráfico, agora vão monitorar também eventuais maluquices do ditador Hugo Chávez, O Belicoso.

Eis o que deu no Estadão:
BRASÍLIA - O assessor de Segurança Nacional da Casa Branca, general Jim Jones, disse em Brasília que os Estados Unidos não recuarão da negociação com o governo da Colômbia para a utilização de sete bases militares colombianas. Em entrevista ao Estado, o enviado do presidente americano, Barack Obama, ainda criticou a tolerância de Chávez com ação da guerrilha em seu território

Jones insistiu que se trata de "um negócio como outro qualquer", em um esforço para evitar que o governo brasileiro se deixe levar pelos argumentos presentes nos discursos de líderes da América do Sul que têm diferenças com os Estados Unidos. "O acordo não traz uma revisão de política, não (é) uma mudança dramática de posição. É o mesmo que nós já fizemos no passado. Talvez, apenas necessite de uma melhor explicação", afirmou Jones.

O governo Lula deixou claro que não quer tropas americanas na América do Sul e reiterou que pretende convencer o presidente da Colômbia, Álvaro Uribe, a não assinar o acordo com os EUA. Como o senhor avalia essa situação?

O presidente Uribe apresentou a Obama suas preocupações sobre segurança, e nós concordamos com elas. Vamos ajudar a Colômbia a se recuperar dos dias difíceis que passou. A ideia de que esse acordo significa uma mudança radical no apoio dos EUA à Colômbia é completamente falsa. Nós temos um acordo na área de Defesa, que envolve a presença de 800 militares e 600 civis. Agora, temos menos da metade desse contingente no país - cerca de 250 civis e 300 militares. Nossa missão é ajudar a Colômbia no treinamento de suas forças de fronteira. Vamos prover toda a ajuda que pudermos para o combate às Farc e para que a Colômbia se torne o mais livre possível do narcotráfico.

Mas a presença americana é vista pelos governos do Brasil, da Venezuela e de outros países como uma ameaça à soberania nacional. Mantemos tropas na Colômbia nos últimos 20 anos. Não sei por que as bases são vistas de maneira diferente agora. Respondemos a solicitações por explicações vindas de nações soberanas. Talvez possamos socializar um pouco melhor as informações com os nossos amigos na região, especialmente com o Brasil. Vamos enviar uma equipe de civis e de militares para percorrer a região na próxima semana e explicar, de forma transparente, o acordo. Na minha opinião, o pacto EUA-Colômbia é um acordo como qualquer outro.

O fato de o Brasil rejeitar o acordo EUA-Colômbia torna mais difícil a relação bilateral entre Washington e Brasília?

Não ouvi isso. Nas conversas que tive, nenhuma autoridade disse que o objetivo do governo brasileiro era impedir que o acordo fosse assinado. Eu ouvi perguntas muito respeitosas sobre como o acordo vai funcionar. Pude acalmá-los, ao refutar alegações falsas e ao dizer-lhes a verdade. Disse que não há nada incomum na relação entre a Colômbia e os EUA, que é de longa data.

Ao referir-se à presença americana nas bases da Colômbia, o assessor da Presidência para Assuntos Internacionais, Marco Aurélio Garcia, relatou (terça-feira) que havia dito ao senhor que o Brasil não quer ver os EUA desperdiçarem a oportunidade de ter uma melhor relação com a América Latina.

Ele não disse isto a mim diretamente. Ele pode ter falado dessa forma a vocês. Eu não acho que a relação entre o Brasil e os EUA será essencialmente alterada por causa dessa questão, que pode ser facilmente explicada. Acredito que o presidente Uribe explicará aos demais líderes da região porque esse acordo é importante. O acordo não traz uma revisão de política, não é uma mudança dramática de posição. É o mesmo que nós já fizemos no passado e, talvez, apenas necessite de uma melhor explicação. Isto não afetará o potencial do relacionamento Brasil-EUA.

O senhor vê uma clara influência da Venezuela e de seus aliados na reação de países sul-americanos ao acordo?

Obviamente, alguns líderes da região têm um ponto de vista diferente do nosso. Sabemos, com alguma certeza, que elementos significativos das Farc estão atuando dentro da fronteira da Venezuela e o governo venezuelano não fez muito para combater isto. Essa situação contribui para um mal-estar na Colômbia. A Venezuela e outros países da região têm diferenças em relação aos EUA, mas contam com os meios, em suas políticas nacionais, para alterar essa relação no momento que quiserem. No entanto, não é aceitável que esses países deixem que suas fronteiras sejam usadas como bases para o ataque a outro país soberano da região. O que ocorre é que os EUA estão ajudando um país amigo, onde a democracia tenta sobreviver.

Podemos ver os EUA recuarem e não assinarem o acordo, em nome da suposta estabilidade da região?

A Colômbia é uma nação soberana, uma democracia que fez tremendos progressos. Eu acho que a região deveria comemorar o aprofundamento da democracia na Colômbia. Trata-se de um exemplo e também do resultado de um trabalho pesado. O governo colombiano não está tentando mudar o governo da Venezuela. Está apenas tentando defender o seu território. Não há porque desistir.


Uma das alegações dos críticos ao acordo está na falta de transparência, de informação prévia aos países vizinhos.

Sei que há muitas críticas e eu as anotei. Eu prometi a todos os meus interlocutores que nós vamos fazer o possível para ser mais sensíveis a elas. Eu também disse a eles que o meu telefone, em Washington, está aberto para eles tirarem dúvidas e disse que eu também tenho os seus números. Se há uma preocupação, me liguem ou telefonem para a secretária de Estado (Hillary Clinton). O presidente Lula pode falar com o presidente Obama. Eles se falam frequentemente.

Em relação a Honduras, o Brasil e a OEA defendem que chegou a hora de adotar novos passos para que o governo de facto aceite o retorno do presidente deposto Manuel Zelaya. O que pode ser feito sobre esse tema?

Esse é um bom exemplo do relacionamento corrente entre o Brasil e os EUA. Temos de continuar a discutir as alternativas. Entre as coisas que podemos fazer estão as sanções econômicas, as restrições a viagens e os meios pelos quais o governo de facto possa sentir dificuldades. Faremos isso em consenso com os nossos amigos da região. Os EUA não o farão de forma unilateral, mas de acordo com o novo espírito de cooperação sobre o qual o presidente Obama falou.

Começou o segundo mandato do presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad, e ainda não houve nenhum sinal de Teerã sobre uma maior transparência em relação a seu programa nuclear. Os EUA deverão apresentar aos líderes do G-20, em setembro, uma proposta com novas sanções econômicas?

O comunicado da cúpula do G-8, que ocorreu em L’Aquila, em julho passado, menciona a expectativa de que, até a cúpula do G-20, em Pittsburgh, em 24 de setembro, o Irã dê um sinal claro sobre os objetivos efetivos de seu programa nuclear. Assim, se o Irã não der esse sinal até 24 de setembro, os líderes do G-20 farão uma avaliação sobre o significado desse gesto. Decidirão se vão ignorar o fato e analisarão o que a comunidade internacional pode fazer, incluindo novas sanções econômicas.

Mas por que falar em sanções no G-20 e não no Conselho de Segurança da ONU?

Provavelmente, faremos o mesmo no Conselho de Segurança. Mas esse foi um dos resultados de L’Aquila. Trata-se de um comunicado forte do G-8. Isto significa que o Irã tem uma decisão a tomar. Eles sabem disso e nós estamos à espera dessa