sexta-feira, 18 de setembro de 2009

Boxeur Popó entre o crime de morte e a inocência

COMPLEXOS DA MARÉ


CSI Bahia

Na dúvida, a favor do réu. Até prova em contrário, Popó é inocente e merece reparo e desculpas por ter tido o nome jogado na lama da violência mais idiota

O polidor de carro Jonatas Almeida, que escapou da morte na hora H da execução a tiros, fugindo algemado rolando uma ribanceira, acusou Popó (foto) de ser mandante dos crimes de homicídio e tentativa de homicidio e disse ainda que viu e ouviu os pistoleiros ligarem para a PM baiana, que teria levado as armas para a execução.

A policia ouviu Popó e entendeu que não há elementos para concluir que o boxeur campeão tenha tido participação.



Nas ruas do Rio de Janeiro, em dois botequins, sobressaíram dois comentários: Popó diz a verdade, Jonatas mente. Popó diz mentira, Jonatas, a verdade.


Detalhes dessas especulações das ruas estão no fim deste "post"



Deu nos jornais


O pugilista Acelino Popó negou que tenha participação no assassinato do ex-detento Moisés Magalhães, de 28 anos. Popó prestou depoimento na Delegacia de Homicídios em Salvador e, antes de falar com a delegada Francineide Moura, disse à imprensa que não tem relação com a morte.

Jonatas Almeida, que enfrenta acusações por envolvimento com receptação de carro roubado, era namorado de uma sobrinha de Popó, que não concordava com o relacionamento. A sobrinha estava na casa de Jonatas havia seis dias. Mesmo quando Popó, seu tio e padrinho, apareceu por lá, ela não quis voltar para casa. Antes, segundo Jonatas, num telefonema para essa casa, Popó teria feito ameaças de morte, o que ele nega. A sobrinha endossa a inocência de Popó, diz não crer no envolvimento dele.


Popó chorou ao negar envolvimento com o assassinato do ex-presidiário Moisés Magalhães.
Popó alega que cumpriu apenas o papel de tio ao buscar a sobrinha na noite do dia 9 deste mês na casa do polidor Jonatas.


Segundo Jonatas, duas horas depois de Popó levar a sobrinha para casa, ele e Moisés foram levados à força por supostos policiais num Corsa dourado até a Estrada do Derba, em Valéria. Depois, foram levados para um ponto de desova no Centro Industrial de Aratu (CIA).


No local, os policiais tentaram executá-los a tiros, mas Jonatas conseguiu escapar pulando numa ribanceira, mesmo algemado. O corpo de Moisés foi encontrado no dia seguinte.

Popó x Jonatas

Na declaração à imprensa, Popó disse que em nenhum momento chamou a polícia pelo sumiço da sobrinha. Porém, segundo Jonatas, ele e Moisés foram sequestrados por policiais.

Jonatas afirma ainda que ao chegar na Estrada do Derba, em Valéria, os sequestradores ligaram para PMs da 31ª Companhia Independente da Polícia Militar (Valéria). Os policiais chegaram ao local pouco depois numa viatura e forneceram armas aos policiais-sequestradores, segundo o rapaz.

Na madrugada do dia 10 deste mês, após conseguir fugir dos sequestradores, Jonatas chegou à casa de parentes e procurou a 12ª Delegacia (Itapuã) ainda algemado.
Fonte: Correio da Bahia

Reflexões & Especulações sobre o Caso Popó

A voz das ruas no Correio da Lapa:


Qual o interesse de Jonatas em acusar Popó de ser o mandante?

Aproveitar a mídia e escapar de um eventual interesse de pistoleiros de "terminar o serviço"?

Jonatas esconderia outros problemas, descarregando seu eventual envolvimento com uma parada de gente perigosa mediante inclusão de uma celebridade na história?

Jonatas, num clima de imaginação delirante, forjou o sequestro, matou ele próprio o colega, forjou a fuga se algemando e indo dar numa DP para acusar Popó? Pouco plausível!


Noutra ponta dos comentários irresponsáveis nas calçadas da vida:


Todo pugilista costuma vir de uma situação de risco e extrema violência. Pugilistas saem das áreas periféricas, entre as mais excluídas de uma sociedade. Popó não é exceção.

Popó poderia ser um modesto polidor de automóveis e Jonatas, um grande campeão?

Popó reconhece que foi lá na casa tirar a sobrinha na marra, pois não fazia gosto do envolvimento dela como aquela turma.

A execução foi num lugar de profissionais, mas a fuga de um dos dois denota que os assassinos não eram assim tão profissionais.

O corpo de um dos dois condenados à morte sumária só foi encontrado em 24 horas porque um escapou. Talvez, do contrário, tivessem morrido os dois, até hoje ambos seriam simples sumiço.


Um cruzado mortal


Claro, in dubio pro reo, mas Popó, tão querido, foi atingido por um cruzado mortal. Sua imagem foi para o espaço com a acusação de mandar matar, sua inocência corre os perigos do mundo como nunca antes em lugar nenhum, nenhum ringue. Popó está na lona. No primeiro round diante do delegado, conseguiu se levantar antes que a contagem atingisse dez. Mas terá ainda de mostrar poder de recuperação para se aprumar, não se deixar abater.

Popó terá de mostrar que não se deixa abater nem pela emoção ou choro de criança, nem pela raiva de um namoro perfeitamente imperfeito, nem pelo cruzado que ameaça devolvê-lo aos grandes nichos das injustiças sociais. Do contrário, sumirá ele mesmo, o campeão, nessas comunidades que sofrem violência 24 horas por dia na vida, independentemente de culpas e inocências.

Popá está numa encruzilhada: vencer e permanecer ainda mais forte como a figura admirável que é nos corações do Brasil e na mídia, da Rede Globo à Rede Record, ou sumir na dor, ou na cadeia, em qualquer lugar, notadamente Alagados, Afogados e outros Complexos da Maré.

Correio da Lapa
Por Alfredo
Herkenhoff