terça-feira, 10 de maio de 2011

Sucesso do Rio no mundo, filme e cidade, e disparada dos imóveis

Vapt Vupt!

Rio, o filme, já faturou 292 milhões de dólares. E corretores, ontem papeando no Bar da Feira, discutiam três cenários: os preços dos imóveis  que quase dobraram em dois anos na Zona Sul da Cidade Maravilhosa vão estabilizar? Retroceder ou continuar subindo nos próximos dois anos? Polêmica. De enxerido, joguei meu palpite no time que crê em mais alta.
 
Rio está na moda, a demanda não é domestica, não é falta de apê pra carioca, é desejo excessivo vindo de fora, fazendeiro de Mato Grosso quer, coronel da Paraíba, industrial da Califórnia Paulista quer. Banqueiro argentino quer. E a TV Globo mostrando só maravilhas, até a Lapa está ficando preço proibitivo. E é a  UPP, o fim do Morro do Alemão, a Copa de 14, o aniversário de 450 anos em 2015 e Olimpíadas 16. O Metrô avançando... 

 Europeus que antes compravam choupana no litoral sul da Bahia agora querem apê na orla carioca. "Fudeu!". Quem não comprar agora achando que tá caro aí é que não vai comprar no futuro. E com o sucesso do desenho animado mundo afora, logo os ricos mafiosos do petróleo russo, os amigos de Berlusconi, os milionários ingleses, os sócios de Eike Batista, principes árabes, tá todo mundo de olho no Rio. Até uma amiga minha de Milão, classe média - ela que já comprou um pequeno apê no Leme três anos atrás, quer comprar mais um imovel já. Mas no Jardim Pernambuco ninguém quer vender nada.  Então a velha orla vai capitalizando.

Em 2003 escrevi artigo no JB intitulado "Leblon, o último bairro", no qual eu mostrava dez prédios subindo e dez terrenos/imóveis cobiçados. Hoje são vinte confirmações. O dono do jornal ficou puto com a denúncia da copacabanização do charmoso bairro ao pé do Morro Dois Irmãos, da ipanemização do lugar mais global hoje no Rio de Janeiro. O artigo espantava anunciantes, construtores, alegou. O Leblon ficou mais caro, e eu fiquei mais no barato de recordar é viver. 

 No ex-boteco hoje bistrô de luxo, Jobi, por exemplo, à noite, várias vezes tem mais estrangeiro do que brasileiro. Onde foram parar os meu colegas cariocas da boemia do Jobi? Parece tudo maravilhoso, mas há riscos no ar. Há propaganda em demasia. As mazelas e as disparidades seguem no asfalto. Também há os crescentes engarrafamentos. O Rio ainda é uma cidade perigosa. Mas se fosse ruim, não haveria tanta gente querendo. Então vamos curtir o deslumbramento, e seja o que Deus quiser.

 Por Alfredo Herkenhoff, Correio da Lapa, 10 de maio de 2011