Brasil da inveja, daquele que insultou, da raiva porque muito ganhou e nada distribuiu além do orgulho agressivo. Brasil dos poucos milionários, medíocres por não serem visionários. Brasil do salário mínimo, mas ainda assim salário num quarteirão pequeno, cheio das maiores culpas, culinária de circo, pipoca ou banana no jardim sociológico. Brasil de carta de vinhos em que uma botiglia melhor vale vários salários anuais. Brasil do patrão amante do polvo à minhota, do polvo greludo em vez de grelhado na mesa do trabalhador desempregado. Brasil dos mil e um arrependimentos, dos 500 mil homicídios na aula de dez anos de aritmética na zona do nenhum amor. Brasil que não se permite organizar a festa, que proíbe criticar gente do mesmo grupo empresarial. Brasil do Teatro, TV, rádio, jornal e monopólio dos gonopódios num quadro de hermofroditismo dinástico, sexo como entropia, reserva de bunda-mole no mercado de talentos, os nossos pimpolhos. Brasil de governantes que anunciam e nada mudam. Sangue e caos nas calçadas, gentileza e eficiência na polícia, hospitais públicos abarrotados de médicos maravilhosos, maravilhosamente remunerados e ainda dispondo de equipamentos sofisticados de última geração, salvando vidas, não planos de saúde, salvando gente, não cargos, salvando seres humanos, não cheques-caução, salvando porque havia risco, não perguntando se você não estaria melhor servido noutro hospital municipal ao qual o prefeito não recorre na hora da cirurgia, se não estaria melhor servido noutro hospital estadual ao qual o governador não recorre na hora da sua própria cirurgia, noutro hospital federal ao qual não recorrem Lula, Sarney, Itamar e FH. Brasil do lasque-se, aqui não tem nem gaze. Brasil do crítico de meia pataca, do estoque de estrume pulverizado e oferecido na internet.