segunda-feira, 29 de março de 2010

Morte de Armando Nogueira! Pauteiros Pioneiros!

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ARMANDO NOGUEIRA, que morreu nesta segunda-feira, 29 de março de 2010, aos 83 anos, de câncer, foi um dos grandes nomes do jornalismo brasileiro. Ele nasceu em 14 de janeiro de 1927, na cidade de Xapuri, no Acre. Viveu no Rio de Janeiro e torcia para o Botafogo. Sobre Armando Nogueira, nome marcante no jornalismo da Rede Globo e tal, o Correio da Lapa lembra uma pequena passagem no Jornal do Brasil do livro inédito Pautas e Fontes - memórias de um secretário de jornal, de Alfredo Herkenhoff:

(...) Lembrava José Gonçalves Fontes que, até meados do Século 20, os grandes jornais do Rio não tinham sequer pauta organizada nem editor de pauta ou pauteiro. Existia, à época das máquinas datilográficas, pequena anotação elaborada pelo chefe de reportagem e que costumava levar o nome de agenda. Era comum ver o chefe recortar a lauda para distribuir as tirinhas de papel com as sugestões de reportagem para diversos subalternos.

Hoje o papel da velha máquina datilográfica está em extinção como peça. Lauda agora é jargão significando o espaço de uma página na tela do computador.

Mas lembrava ainda Fontes que o jornalista Alberto Dines foi um dos pioneiros na valorização do trabalho de pauta, destacando profissionais de talento para elaborar, organizadamente, as possibilidades de cobertura quando a maioria dos repórteres ainda estava dormindo. Entre os primeiros editores de pauta, ou pauteiros especiais, aqui no Rio, nomes consagrados como Evandro Carlos de Andrade, Armando Nogueira, Carlos Lemos, Wilson Figueiredo, Fernando Gabeira, José Augusto Ribeiro, Armando Rosemberg, Leo Schlafmann e Juvenal Portela.

A produção de pauta, um item dos mais sofisticados da produção coletiva de notícia, tornou-se dispendiosa para os jornais que, mesmo sem esvaziar a sua importância, dispersaram a função de elaborar as sugestões de reportagem através de vários profissionais. Mesmo em tempos recentes, nomes jovens e promissores têm passado pela função específica de elaboração de pauta, um trunfo para a consolidação do bom jornalismo.

Um exemplo da importância da elaboração de pauta foi a passagem de Armando Nogueira pela função. Chegava cedo ao jornal e, quando a maioria dos repórteres estava se apresentando ao trabalho, ele já estava de saída para o almoço, para a praia e outras atividades condizentes com o seu prestígio intelectual. À boca miúda se dizia que Armando, já então bem remunerado, era um privilegiado, ao que ele respondia de forma definitiva e bem-humorada: "Não vive na flauta quem vive de fazer a pauta." (...)