sábado, 12 de setembro de 2009

Caminho das Índias: The end. Vilã Yvone vai voltar

Letícia Sabatella (foto), a vilâ Yvone: um fim medíocre reservado pela trama de Caminho das Índias. Fernanda Montenegro, como outra vilã, beija o bofe Cauã Raymond, no fim da novela Belíssima. Ela sorve Dom Pérignon em Paris; e a audiência tomando guaraná no sofá da sala.

Are Baba, Acabou!

Vitória da Vilania e outras de Caminho das Índias:

Já há quem pense em fazer voltar Yvone e Bia Falcão, Letícia Sabatella e Fernanda Montenegro, como vilãs de novela em formato cinema.


Especulações, conversa fiada, bom humor e mau humor

Caminho das Índias
terminou sem rumo. Clonou a novela "Marrocos", ou melhor, Caminho das Índias foi um remake de O Clone. Ou foi O Clone de outro remake. Foi uma baboseira, mas minha mãe, de 81 anos de idade, adorou do começo ao fim.

Com duas horas de duração, o capítulo final deixou a psicopata Yvone à solta, pronta para atacar de novo na Telinha. A bela Letícia Sabatela vai voltar, talvez uma Yvone no cinema - a Globo Filmes é a extensão do Projac-. assim como está voltando José Wilker como o bicheiro Giovannni Improta da novela Senhora do Destino.

Assim como pode voltar Fernanda Montenegro (foto) na pele daquela Bia Falcão, velha safada que, no último capítulo da novela Belíssima, em vez de pegar cadeia, pega Mateus, o bofe de programa, o pós-adolescente Cauã Raymond, e foge para foder e beber chapanhe em Paris, debochando da trama e da audiência cativa. Assim como esta novela que voltou na grade do Vale a Pena Ver de Novo, Alma Gêmea, que terminou com o casal protagonista (Eduardo Moscovis e Priscila Fantin) separado, morto num incêndio, um escárnio para gente idosa que queria um happy end, um final feliz.

Nas internas, imagina-se que o cast e a produçao da Globo se divirtam, sabendo que é mera chanchada, pornô-light, num mal disfarçado meloso folhetim.

Antigamente, no cinema da Europa e Hollywood, os bandidos românticos fugiam nos momentos perto do The End para uma vida paradisíaca nas loucuras tropicais do Rio de Janeiro. Hoje a Globo exporta a escória de seus personagens para a França e Espanha. O que significa isso: Nada, acho que nada mesmo. Ficção mijona.

Vida real inspira a tela, mas esta é menos criativa: bandidagem no Brasil, se for da ralé, depois de uma lambança urbana, foge para o interior do país, notadamente Nordeste. Se a bandidagen nacional for classe média altíssima, foge para Miami. Mas se for poderosa com "ph" mesmo, foge para as melhores bancas de advocacia.

Mas agora, no momento derradeiro, a cultura indiana de Mamadi foi para o espaço, a fantasia global predominou: os personagens asiáticos de Caminho das Índias viraram brasileiros no jeitinho da reta final. Bombaim virou um carnaval misturando Shiva com Ogum.

Dira Paes, a cabocla Norminha, depois de trocentas apariçoes em toda a programação das Organizações Globo, para promover o ibope na reta final, finalmente vai poder fazer cinema em paz, com garantia de retorno de borderô, ou seja, tendo isso, terá mais facilidade para arrumar produtor/grana. Neste sentido, Caminho das Índias fez um grande bem ao cinema brasileiro, mas há de se fugir desse estilo Brasil de Sempre, Globo Filmes com as celebridades de ocasião, naquele esquema depois vale a pena exibir as películas nacionais nas sessões de segunda-feira enjoada na aberta Rede Globo Plim Plim Ai Que Sono, ou TV da RGPPAQS!

Com Are Baba, a Globo obteve média 55 pontos no ibope da Grande São Paulo, e cada pontinho eram 56 mil casas da região metropolitana vendo a novela. De cada 100 aparelhos ligados, 77 na Telinha. A Favorita, outra novela de sucesso, terminou com a pequena façanha de 50 pontos.

Com a ampliação do encerramento de Caminho das Índias, a Globo não exibiu o programa Amor e Sexo, da gaúcha Fernanda Lima. Sinal de que o ibope do programa de pedagogia da procriação e putaria não vingou nas duas primeiras edições. Mas a tentativa prossegue: sexta-feira que vem haverá mais vaginogia e caralhogia .

Márcio Garcia, à esquerda, Rodrigo Lombardi e Juliana Paes
interpretaram Bahuan, Maj e Maya


Bahuan, o ator Márcio Garcia, o maior fracasso de ibope de um artista recontratado pela Globo a peso de platina, casou-se com a filha de um Marajá das Alagoas de Lá e sumiu pela última vez no último capítulo depois de desaparecer ao longo de oito meses por uma dramaturgia com a sensibilidade de uma pata de elefante pisando no escaravelho de ouro.

O besouro de ouro da mitologia


A bela Juliana Paes não mofou no viuvário das diferenças culturais. Fechou o folhetim como acontece sempre com novela: baixa taxa de surpresa. Juliana mudou de vestido num corte cinematográfico, um átimo milagroso, como licença poética, do branco monástico sem joias no luto local para o vermelhão da Sapucaí com mil bijuterias e loas ao prazer, último detalhe que todo mundo entendeu como mais uma obsessão global por avacalhar de vez a avacalhação da teledramaturgia do País do Carnaval.

O playboy de merda Zeca, Duda Nagle, o piloto urbano sem juízo, foi beneficiado por um meritíssimo amigo do trânsito sem lei : sentença pedagógica: ser feliz com ajuda comunitária na Sociedade Viva Cazuza.

A encheção de linguiça de toda novela, quando chega ao fim, ganha um ritmo quase cinematográfico, com as tramas evoluindo com relativa rapidez. Mas esta de Gloria Perez não poupou nem os momentos derradeiros. Foi lenta até o último suspiro.

Quem ousar pensar em seriedade nesse folhetim não gosta de cinema.

Um capítulo por mês, e ainda assim, too much.

Mas o sucesso de Gloria Perez não deixa mentir. O povo gostou e recebeu o que mereceu. O povo reagiu à dinâmica da novela. A Globo e autora interagiram com o gosto popular. Querem Norminha? Tomem Norminha, e Abel tomou mais leitinho no fim. Querem o perdão? Tomem perdão. E as castas se perdoaram e se misturaram na Índia de 1 bilhão de pobres e classe média de 100 milhões.

A Novela Caminho dos Cornos foi salva com o excelente ibope graças aos velhos clichês, como por exemplo a traição, tão dramática na Índia, e tão carnavalesca e chanchadeira no Rio de Janeiro.

Por Alfredo Herkenhoff