Coluneta Temporã do CdL Voando nas Honduras do Caos
Considerações refletindo Lula, Paulo Duque, Hugo Chávez, Obama, Suína, Beth Carvalho, Michael Jackson, Dilma Rousseff, José Serra, Bolsa-Família, Gilmar Mendes, Carmen Miranda, Joaquim Barbosa, Ivete Sangalo, Gabriel Buchmann, Claudia Leitte, Caetano Veloso, Arthur Virgílio, Pelé, João Gilberto, Teresa Cristina, Santo Antônio, Clementina de Jesus, Evo Morales, Manoel Zelaya, Sérgio Cabral, Obina, Alfredo Herkenhoff e Mahatma Gandhi
Três tristes notícias, três tristes tigres: o doping na natação, a morte do último romântico do Brasil numa montanha na África e a absolvição in totum e sumária de José Sarney.
Cesar Cielo, o Chorão de Santa Bárbara d'Oeste. César é Caesare, é Kaiser, o chefe, o maior, é o cara. Cielo é o cielito mio, cachito mio, é o divino atleta, louros para o semideus! Mas Santa Bárbara! São Jerônimo! Depois da bonança nas águas de Roma, a tempestade: o doping em massa de brasileiros. Cinco atletas contaminados! Vexame olímpico. Foi uma decisão vergonhosa do Senado diante do aluvião de denúncias sobre roubalheira e mamação nas tetas dos impostos pagos pela massa consumidora de dieta diet: farinha com ovo, o povo trabalhador.
Se o ódio está no ar, também está no Correio da Lapa
Triste o pronunciamento do senador José Sarney, exalando orgulho, humildade zero. Feitos, façanhas, o inferno são os outros, não tenho interferência nenhuma na administração da fundação que leva meu nome, que me incensa, fica no meu Maranhão governado pela filha eleita de fato pelo Supremo, e demito o meu cumpadi, e elogio o ex da minha netinha, um jovem que trabalhava bem e é assíduo. Quanta honestidade. Nunca faltou decoro na conduta do presidente do Senado. Falta o tempo todo, a ser verdade 1% do que diz o jornal o Estado de S. Paulo.
Muito triste o Senado, a TV Senado transmitindo os discursos sem graça enquanto o Conselho de Ética se reunia numa sala ao lado do plenário. Todo mundo que discursava ali no plenário, com poucas exceções, estava fazendo cena, o teatro da normalidade. Se a sessão tivesse sido suspensa, a TV Senado passaria a transmitir a sessão da comissão que julgaria as representações contra Sarney. Julgaria? Conta outra, que minha jugular não tem paciência. Melhor usar a mandibula do palavrório.
Paulo Duque é duca, uma dica que não educa.
Também não gosto de Arthur Virgílio.
Não gosto de Lula nem de Serra.
Não gosto de Gilmar Mendes, que se mete em tudo. O Judiciário Top interfere na administração do Legislativo Top e do Executivo Top. O Executivo Top interfere e subjuga o Legislativo Top. E o Legislativo Top é subjugado internamente pelos Coronéis Top, comendo migalhas entre nomeações e ajuda em grana tipo 1 milhão e 300 da Petrobras.
Gilmar é o primeiro presidente do Supremo na história a ganhar a unanimidade burra das ruas de que falou seu colega Joaquim Barbosa. Mas de Joaquim gosto, não porque não tenha os olhos azuis condenados racialmente por Lula. Gosto porque o Negão fez a diferença. Gosto da negrada que faz: Obama, as irmãs Williams, o jogador de golfe, Teresa Cristina, Pelé e Obina. Gosto de Michael Jackson. claro, gosto da maravilhosa gentalha clara, a italianada azeda, gosto da baianada branca, Ivete Sangalo e Claudia Leitte, grandes cantoras, alegres, vivendo o auge dos instintos maternais com a carnavalização pop e um pouco de pedagogia da amamentação. Gosto do mulato Caetano Veloso e do ermitão engravatado do João Gilberto.
Gosto de Carmen Miranda, a branquinha lusa que neste 5 de agosto aniversariaria... Gostei de outras mulheres deste e neste 5 de agosto de tantos passados imemoriais
Se não gosto de ninguém, gosto de todo mundo? Puxa, não estou gostando nem de mim, gosto apenas de vocês depois da refletir prós e contras. Caraca: morder e soprar. Criticar e elogiar. No fim, chega o dia da eleição e a gente vota em segredo. O ódio está no ar, nas auras, nas almas encantadoras das ruas. Quem não está comigo está contra mim.
Por ora chorar cada escândalo. Um dia elogiar o governador Sérgio Cabral, noutro, acusar, insinuar que fez muita bobagem, enriqueceu, sei lá, mandou Paulo Duque para Brasília. É tudo PMDB. O mesmo com Lula, é dólar na cueca, é mala do presbitero evangélico abarrotada, é censura ao Estadão.
E ainda vem a gripe suína pegando 2 bilhões de terrestres, segundo estimativas deste 5 de agosto da OMS na Suíça, ou, noutras palavras, um em cada três habitantes do Mundo vai pegar a tal sigla H1N1.
Caraca: ficar em cima de um muro invisível. E as notícias parecem balas de um paredón cubano, e quem grita, pelotão, preparar, fogo é o ditador Hugo Chávez. Isso não é mais pesadelo, é política de má vizinhança.
O Correio da Lapa está parecido com Hugo Chávez, não gosta de ninguém. Só poupa Lula rodeado de barbárie, dentro e fora do Brasil. Aqui o escândalo é meramente blogariano, o de Hugo é bolivariano. Fecha jornais e emissoras de rádio e TV, extingue a oposição no Congresso, compra 100 mil fuzis tipo AR15 de Putin, velhos mosquetões que não servem para enfrentar a Casa Branca, mas se prestam bem para ampliar o delirio kalashnikov da perpetuação do poder na marra. Enquanto não se vê ameaçado em casa, Chávez brinca de ameaçar entrar em guerra com a Colômbia.
Barack Obama está enviando 2 mil homens para sete bases na Colômbia. A metade desse contingente é civil. Trata-se de uma força para espionar com alta tecnologia dois problemas aos olhos da Casa Branca: Chávez e as Farc e Narcotrafico Associados (CFNA) e Chávez e suas maluquices. O resto é bobagem. Obama parece querer enfraquecer Chávez via guerra de inteligência. Já que Chávez é midiático, vai entrar numa mídia pesada: a americana. A força brancaleone de Obama vai alimentar a mídia mundialmente, incluindo o Youtube.
Estará bem preservado o jardim que Roberto Burle Marx projetou numa residência particular em Caracas? Ou as milícias de Chávez já resolveram pular o muro visível?
Contra todos os princípios, ou a favor de todos, já que não tem nenhum fixo, é apartidário, o Correio da Lapa talvez comece a fazer campanha para ajudar a ministra Dilma Rousseff. Não nutre nenhuma simpatia especial por ela, mas coitada, anda tão desamparada, não é carismática, é até meio antipática, meio imperial, e só tem um cabo eleitoral: o tal do Lula.
A questão é simples: toda vez que uma pessoa, ou instituição, passa a apoiar alguém numa disputa democrática, você pode multiplicar este apoio por 1 milhão de votos. Por isso as pesquisas, ouvindo apenas mil pessoas, antecipam os resultados de mais de 100 milhões de votos antes do fechamento das urnas.
O que sonho é o que sonhamos. Viramos números, joguetes, commodities humanas. Mas não há alternativa. Refletir o estado de coisas do poder, seus controles e adversários.
Morreu o economista carioca numa montanha africana. Gabriel, o romântico mochileiro, queria conhecer a miséria no Mundo inteiro. Encontrou a morte, ainda ou sempre um mistério, mesmo que tenha sido pelas mãos de um salteador a mil metros de solidão nas alturas do Malauí, ou pela garras ou mandíbulas de um predador qualquer, talvez um dos últimos pumas do planeta, mas pouco importa. Kant dizia: se você quiser conhecer os homens, precisa viajar. Mas se quiser conhecer o homem, você deve se concentrar entre quatro paredes, ou nunca sair do lugar. Kant nunca saiu de sua pequena Koenisberg, na Alemanha. Lá morreu, e como toda morte, foi mais uma solitária.
Beth Carvalho plagiou Imanuel Kant ao inventar o bloco de carnaval Concentra mas não sai. A cantora carioca nunca quis conhecer os sambas, são tantos, e muitos bem ruizinhos. Ela fez o certo, prefere o samba, o singular. Excursionar pelo sucesso foi mera consequência do que Beth aprendeu na raiz quadrada da sua vida negra de samba em Ipanema, com o seu carisma só comparável ao da saudosa Clementina de Jesus.
O Correio da Lapa já ganhou alguns bilhões de euros e dólares nesses prêmios estocásticos que chegam via emails.... Por baixo, o Correio da Lapa já ganhou mais dinheiro lotérico virtual do que o montante da verba do Bolsa-Família, 111 milhões de cheque nos próximos 12 meses, em plena campanha eleitoral. Eu sou imbecil, Lula tem certeza. Curral eleitoral eletrônico.
Mas o governador da Paraíba, Cassio Cunha Lima, foi cassado pelo Supremo porque distribuiu 35 mil cheques para 35 mil imbecis. R$ 4 milhões de reais imbecis. Lula distribui cartão com grana para quase 12 milhões de famílias. Cada cheque vai para um imbecil, imbecil não porque aceita o cheque, mas porque é tratado como tal por quem lhe nega hospital público de qualidade, escola de qualidade para as crianças pobres.
Neste dia 5, João Pessoa faz aniversário. O senador Cavalcanti ficou uns 20 minutos falando sobre a história da capital paraibana. Bacana, mas no lugar e na hora errados. Também no plenário, na hora da absolvição de Sarney ao lado, outro senador, provavelmente pró-Sarney e pró-Lula, estarreceu ao informar que, numa cidade no interior do Piauí, 95% do pequeno PIB local provem do bolsa-família. Município imbecil porque aceita a esmola que não vai mudar nada lá no ano que vem. Os votos irão para Dilma.
Imbecil não é quem aceita o cheque, nem quem diz que o bolsa-família é um erro de política econômica, apesar de ser uma política social de assistência emergencial. Imbecil é quem acha que essa forma de distribuir renda rende mais frutos sociais do que outras políticas mais inteligentes. Claro que a verba pulverizada de R$ Doze Bilhões ao ano aumenta a demanda agregada, mais feijão, arroz e mais chiclete e bala. Caro é oferecer condições e oportunidades para melhorar de vida. A sorte de Lula é que muitos de seus adversários são ainda mais imbecis do que os correligionários. Está aí a única chance de nosso presidente emplacar a nossa sucessora.
Se José Serra vencer a eleição que já começou, em poucos meses no Poder ele seria capaz de demitir uns 20 mil petistas hoje instalados na máquina pública. Seria uma catástrofe. Não que os petistas sejam eficientes ou essenciais administrando a Petrobras ou o o Bolsa-Família, mas é que, desempregados, voltarão às ruas, e, com dinheiro de Hugo Chávez, com o gás de Evo Morales, e com o chapéu errante de Manoel Zelaya, estaremos, o Correio da Lapa também na praça, todos voando nas Honduras do Caos.
Melhor deixar o PT onde está: no Poder, mas, para isso, Lula precisa fazer a diferença. Ele já fez antes. Esta de ir com Sarney por causa da base aliada está se transformando numa furada, numa viagem perigosa. Até gente adolescente já está se interessando pela política e dando ouvidos à oposição. Bancar protesto a favor como faz a UNE com dinheiro público é furada. Estudante bom é estudante protestando sim, mas contra, não fazendo milicia, claque ongueira. Até a China da Gangue dos Quatro tentou isso e se arrependeu.
Aliás, ong no Brasil virou um caso de polícia que nunca termina em condenação. Ong é o Supremo artifício de empregar parentes e lavar parte das doações para o jogo sujo e dispendioso das campanhas eleitorais. Sim, há ongs honestas, laboriosas, dedicadas como Santo Antonio, que não enrica ninguém, mas também não deixa passar fome. Mas aquelas ongs amigas das grandes empresas, ongs comandadas por parentes e amigos dos poderosos... Essas recebem o silêncio de Gilmar Mendes. Aliás, ele falou pouco sobre Sarney, censura e mamação de tetas públicas... Deu uma de diplomado arrependido. Melhor que não interfira mesmo na política administrativa dos outros Dois Poderes Federais.
Essa brigolândia que enxovalhou a imagem do Senado ainda vai render frutos positivos para futuras reformas políticas do Brasil e futuros candidatos.
Gosto de odiar o poder que se finge de cordeiro. Nenhum poder é manso, nem o de pacifista Mahatma o foi. Todo poder é uma forma de linguagem que controla outras e se controla. O político é apenas o sistema mais pegajoso, não adianta não gostar de política ou de político, tem que se informar e fazer opções nas eleições, cada uma é uma aula de história.
Por Alfredo Herkenhoff