Dos estados d'alma, de bolso, carteiros e carteiras
no Brasil entre o Rio de Janeiro, Curitiba e Lisboa
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O Correio da Lapa recebeu missiva eletrônica e aberta do cineasta Piu Gomes e desde já endossa a campanha de mobilização dos alquebrados, all broken, al verde, duros e durango kids, dentre os quais, pessoas físicas e jurídicas se acham e se perdem, nunca sendo excessivo lembrar que, de Portugal, de onde vêm a lígua e o mainstream, vem também a prosaica advertência de que primeiro se perde, e só depois se encontra, pelo que melhor seria a cunhagem Perdidos & Achados. Eis o que se dispõe neste blogue-jornal o intrépido e fagueiro Piu Gomes, por ter descoberto o fato dentro de si próprio, e o nosso CdL, por ter feito descoberta semelhante dentro de um PDF assinado por um notório desembargador, e vamos à mensagem e ao arrazoado jurídico:
DA HIPOSSUFICIÊNCIA NUMA AGÊNCIA DOS CORREIOS
Por Piu Gomes
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Estive numa agência dos Correios com o Yanko del Pino e, enquanto ele encaminhava a correspondência, li um aviso pregado na parede. Descobri que a ECT não cobra taxa de "Achados e Perdidos" para o cidadão que tenha "HIPOSSUFICIÊNCIA ECONÔMICA". Caraca!!!! Eu sempre tive isso mas nunca tive diagnóstico!!!! Pelo menos, se isso mata, parece que demora.Sugiro que aqueles que padecem deste mal e nunca souberam, como eu, que nos mobilizemos, vamos fundar uma associação de hipossuficientes econômicos e exigir da sociedade uma aposentadoria digna!!!!! Evoé!!!
DA HIPOSSUFICIÊNCIA NOS TEXTOS E NAS LEIS
Por Rogério de Oliveira Souza
Desembargador/RJ
1. A hipossuficiência no sistema jurídico.
O Sistema Jurídico Positivo Brasileiro recebeu o reforço de novo conceito jurídico-legal, trazido à baila pela Lei 8.078, de 11.09.1990, ao dispor no inciso VIII do art. 6 º, que “são direitos básicos do consumidor, a facilitação da defesa de seus direitos, inclusive com a inversão do ônus da prova, a seu favor, no processo civil, quando, a critério do juiz, for verossímil a alegação ou quando for ele hipossuficiente, segundo as regras ordinárias de experiência”. O dispositivo legal onde o novo conceito foi inserido, é cheio de indagações, tendo merecido diversos estudos e interpretações jurisprudenciais. A Ciência do Direito, cujo instrumento maior é a palavra escrita, deve procurar definir, em detalhes e com limites estreitos, os conceitos de que faz uso, de molde a evitar interpretações e aplicações distorcidas; na medida do possível e do desejável, cada conceito jurídico deve servir a uma utilidade prática, perfeitamente identificável e definida pelo operador do Direito e útil ao destinatário final da norma.
Segundo o Novo Dicionário Aurélio da Língua Portuguesa, a palavra hipossuficiente é composta pelos prefixos “hipo” e pelo substantivo “suficiente”, indicando seu significado: “diz-se de, ou pessoa que é economicamente fraca, que não é auto-suficiente”. O prefixo “hipo”, por si, significa “posição inferior”. Segundo o sentido lingüistico da palavra, portanto, a hipossuficiência relaciona-se às próprias condições econômicas da pessoa, situando-a em posição inferior dentro da sociedade.
2. O assento constitucional.
A Constituição Federal, em seu art. 5 o , inciso LXXIV, estabelece como direito do cidadão a assistência jurídica, no seguinte termo: “o Estado prestará assistência jurídica integral e gratuita aos que comprovarem insuficiência de recursos”. A seu turno, a Lei 1.060, de 05.02.1950, definiu quem seja é “necessitado” para os fins de receber assistência jurídica prestada pelo Estado: “considera-se necessitado, para os fins legais, todo aquele cuja situação econômica não lhe permita pagar as custas do processo e os honorários e advogado, sem prejuízo do sustento próprio ou da família”. A lei federal veio regulamentar o parágrafo 35 do art. 141 da Constituição Federal de 1945, que estabelecia que “o poder público, na forma que a lei estabelecer, concederá assistência judiciária aos necessitados” (1) Posteriormente, com a Constituição de 1967 com a Emenda Constitucional no. 1, o art. 153 dispôs no parágrafo 32 que “será concedida (...)
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DA HIPOSSUFICIÊNCIA MOMENTÂNEA
Por Alfredo Herkenhoff
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