Qualquer iniciativa destinada a resgatar a qualidade de vida perdida no Rio não terá grande efeito prático se não houver um sério planejamento de ações e investimentos que modernizem o que mais afeta o cotidiano do carioca: o caos do sistema de transporte coletivo.
Não há qualidade de vida para o trabalhador que perde até quatro horas do seu dia para ir e voltar do trabalho e gasta parte considerável do seu salário em passagens.
O governo do estado tem que priorizar a organização do transporte de massas – trens, metrôs, ônibus e, inclusive, as vans. E tem que investir na integração de todos eles e na adoção do bilhete único – implantado com sucesso em São Paulo há cinco anos – para diminuir o custo das passagens e tornar as viagens mais rápidas.
Bilhete único sem a interligação efetiva dos diferentes meios de transporte não resolverá o problema. É preciso racionalizar a quantidade de linhas, os horários e a capacidade de todos eles. E redistribuir pelas linhas de ônibus ociosas os milhares de passageiros absurdamente espremidos nas que circulam superlotadas.
A coexistência de linhas ociosas e superlotadas é fruto da falta de fiscalização pelo estado sobre as empresas privadas que dele receberam a concessão para a exploração do serviço e o fazem de modo ineficaz.
A grande quantidade de vans nas ruas decorreu também do vácuo gerado pela incapacidade do estado e das concessionárias. A tentativa, agora, de moralização do sistema caótico está deixando cidadãos a pé e centenas de motoristas de vans sem a ocupação da qual sobreviveram nos últimos anos. É falta de planejamento e de preocupação social.
Por Marcelo Itagiba