sexta-feira, 15 de maio de 2009

Hubble recauchutado para enxergar luz vinda de muito tempo atrás

Nova câmera no Hubble

Por Chris Baltimore

HOUSTON (Reuters) - Dois astronautas instalaram nesta quinta-feira uma nova câmera no Telescópio Espacial Hubble que permitirá que astrônomos fixem seus olhos de maneira mais próxima para o nascimento do universo. Trajando grandes roupas espaciais pressurizadas, John Grunsfeld, de 50 anos, que já viajou cinco vezes no ônibus espacial, e seu parceiro novato Andrew Feustel, de 43, saíram do Atlantis para uma caminhada espacial que durou sete horas.

A missão de 11 dias é a última chance para a Nasa - que ampliou a compreensão que os cientistas têm do universo-- antes de a agência americana encerrar o programa com ônibus espaciais em 2010. É o quinto e último reparo no Hubble, lançado em 1990.

A Nasa espera que as melhorias deixem o Hubble com o máximo possível de equipamentos de reserva, na esperança de mantê-lo operacional pelo menos até 2014, quando está previsto que o telescópio que o irá substituir já esteja pronto para operar.

A instalação da nova câmera estava entre as prioridades da Nasa e permitirá que o Hubble capture imagens de objetos formados em tempos tão distantes quanto 500 milhões de anos após o nascimento do universo.

Grunsfeld e Feustel também substituíram um computador chave que processa e formata informação coletada pelos instrumentos de ciência do Hubble mas que parou de funcionar no último setembro.

A nova câmera substitui a câmera digital dos anos 1990 do telescópio por um aparelho mais moderno que é sensível à luz infravermelha e ultravioleta, além dos comprimentos de onda que o olho humano é capaz de detectar.

Os detectores de infravermelho são especialmente importantes para a obtenção de imagens muito distantes, cuja luz chega à Terra em comprimentos de onda mais longos, mais vermelhos, de modo semelhante à maneira como o som de um trem se distancia quando o trem vai se distanciando.

"Esta nova câmera promete enxergar mais para trás no tempo, mais perto do Big Bang, do que jamais pudemos enxergar até hoje", disse Grunsfeld em entrevista antes da decolagem do ônibus espacial.

Olhar longamente para os objetos mais distantes detectáveis é a primeira prioridade entre as tarefas do Hubble, assim que o observatório voltar a funcionar. Os alvos mais antigos que o Hubble já viu datam de 700 milhões de anos depois do Big Bang, a explosão que criou o universo há cerca de 13,7 bilhões de anos.

Grunsfeld, que é astrônomo, tem um projeto de pesquisa pendente com a nova câmera. Ele quer utilizar seus sensores ultravioletas para estudar uma cratera na lua, na esperança de encontrar minerais que possam ser úteis para expedições lunares futuras.