sexta-feira, 18 de setembro de 2009

Diálogo sobre edição de livro, autoria e editora


Felicidade é editar um livro *

De todos os sonhos, o mais intrincado é a edição de um livro. A preparação é mais longa que uma gestação humana e mais complexa que a chegada do homem à lua. Todos os fatores colaboram a favor e contra o seu objetivo.
Mozart disse que toda história vale a pena ser publicada em livro - por isso temos tantos livros quanto pessoas na face da Terra. Já visualizaram quantos bilhões de livros foram publicados em toda a história da humanidade, desde os primórdios até o século XXI?
Nada supera a alegria de um autor ao ver editado seu livro. É uma sensação ímpar, porque um livro NÃO é um filho: é muito diferente desses. Um livro é para sempre e os filhos, não.
E nada supera a frustração de não conseguir editá-lo ou de editá-lo mal.
Por isso, todo cuidado é pouco. Livro não é xerox (por mais que as máquinas digitais façam parecer assim). É necessário talento e qualidade para colocar um monte de páginas entre duas capas: ainda bem que há profissionais da área, portanto fujam dos neófitos. Esses transformam livros em desastres e publicações em natimortos. E nada superará a tristeza de ver seu esforço sucumbir. Vivi recentemente um salvamento de um livro: este queria porque queria vir a lume e conseguiu, urdiu seu caminho para nascer o melhor possível e ainda está para provar a que veio, mas se pensarmos em sua história até ser publicado, acharemos ser inacreditável a sua trajetória. Voltarei a esse tópico mais tarde.

Thereza Christina Motta
Rio de Janeiro, 16 de setembro de 2009 - 10h19


Thereza Christina,


São comoventes esses seus textos sobre sua experiência com o livro: como escritora, como leitora, como editora! Esse tom confessional, de quem está conversando com intimidade.
Creio que darão um bom livro metapoético.
Beijos,

Raquel Naveira


Ao editor, o livro


Raquel,


esta troca está se mostrando muito fértil, tanto para mim quanto para quem está lendo.
há algum tempo me pediram textos sobre leitura que guardei e Sidnei Ferreira passou a publicá-los no blog Tabacaria, na série Ler faz crescer, creio que você tenha recebido também. ele está postando uma série de dez textos que também publicarei assim que ele terminar de divulgá-los.
Optei por criar o blog para não ter de escrever em off e depois vir com um livro pronto, preferi ir dialogando sobre o assunto que tanto comove as pessoas: realmente publicar muda a vida delas (nem sempre para melhor).
Mas o mais importante é saber que é um divisor de águas, tanto para o autor quanto para o editor - que assume dar uma cara ao livro.
Já descobri há algum tempo que quando o livro é bom, o autor é ótimo e quando o livro é ruim, o editor que não presta. Nem sempre a culpa é só do editor, mas cabe a ele a decisão final. Ceder aos caprichos do autor muita vez corrompe o livro (às vezes, ocorre o contrário, o editor acaba com a edição).
Por isso, é preciso muita calma no momento de publicar um livro: há livros que nos pregam peças, quando pensamos que está tudo em ordem, algo sai fora do lugar.
Conhecemos o lado dos autores - é preciso falar sobre os editores, pessoas tão singulares, pois enquanto o autor faz sucesso, o editor fica com pinta de bandido da história, quando, em geral, não é. Ao autor pertence o texto, ao editor, o livro.
bjs.

Thereza Christina

*- Texto enviado ao Correio da Lapa pela editora Thereza Christina, que mantém o seguinte endereço sobre o tema:

http://ibislibrisbooklog.blogspot.com