Parece que Ciro está sentindo cheirinho de Marina Silva no sar. Se ele for eleito, sabemos que Patrícia Pillar será primeira-dama. Se Marina for a escolhida do povo, quem será o primeiro-damo? O Santo Daime?
Correio da Lapa: Ciro Gomes é igual a garçom no Rio de Janeiro
Carlos Minc vai sair da pasta do Meio Ambiente porque problemas da Cidade Maravilhosa são mais confortáveis do que a grandiosidade do Inferno Verde
Editorial do Caos
O CdL não está com José Serra, não está com Dilma Rousseff, nem com Heloísa Helena, nem Ciro Gomes nem Marina Silva.
O CdL, para quem vê assim ao acaso este Correio da Lapa, parece um dia estar a favor de Serra, noutro, contra este governador de São Paulo. Um belo dia parece a favor de Dilma, noutro inimigo figadal da escolhida do presidente Lula. E assim por diante. Para compreender o CdL, é preciso antes de tudo uma pitada de boa vontade, tentar descobrir que o blogue-jornal não existe sem você. Ele é feito com suas reflexões, seus espelhos, contradições, enlevos e engodos. O caldeirão é aqui e agora. O tom personalista meu é apenas uma espécie de imolação da autocrítica.
Oito anos para Lula, Oito Para FHC! Chega!
Oito anos de Fernando Henrique, oito anos de Lula. Está muito bom para os dois. Vamos mudar? Que venham cabeças novas, alternância de poder... Mas, se o povo brasileiro arrancar o PT do governo, serão algumas dezenas de milhares de cabeças militantes voltando a militar pela ética da oposição. E isso nas ruas é um perigo.
Falar mal é fácil. Difícil é falar bem de dois governos tão parecidos, o de FH e do Lula lá. Fundiram-se, amancebaram-se, a bolsa-escola e a bolsa-família, a bolsa da ajuda eleitoral e da eleitoreira, tudo em nome da caridade, esta que produz no Brasil uma sucessão de desesperos, esmola atrasando a revolução social da inclusão social. Esmola, embora preceito cristão, a tal caridade, como também o é a visita a enfermos e encarcerados, é muito bonita na bíblia, Na politica, não passa de jogo sujo.
Porque no meu governo, se eleito for, todo brasileiro terá o que mastigar: vou distribuir chiclete pra todo mundo.
O personagem do cinema ressurgiu apenas pra dizer que Lula e FH distribuíam apenas caridade eleitoral, não precisaram mexer na estabilidade da moeda, nada de caramelos ou carapintadas, mas balas de fuzil todo dia, guerra civil endêmica, 40 mil homicídios a tiros e facadas por ano. E nada disso é prioridade em plataforma de campanha à Presidência.
A causa ecológica da senadora Marina Silva é tão importante que o atual ministro, o laborioso Carlos Minc, vai deixar o governo, a pasta, agora em março, para se desincompatibilizar e sair candidato a deputado estadual. Prefere Minc o Palácio Tiradentes, ali ao lado da Praça 15, à imensidão da Floresta Amazônica. Ou seja, o problema ambiental é nacional, um desconforto. O real é o meu conforto pessoal, devo me proteger de balas perdidas nesta Cidade Maravilhosa.
Marina Silva e suas quatro filhas nunca vão morar na casinha de Chico Mendes no Acre. O sonho, o pesadelo, acabou. Os militantes no Brasil estão no poder há décadas. E políticos no poder em Brasília não se misturam com o povo que os elege.
Todo mundo fala de pobre e contra a pobreza. Mas os tiros continuam disparados a cada minuto de norte a sul, buscando o alvo.
A inclusão social no Brasil não é uma sonhada revolução, é o desprezo, é a violência e a descrença. Ministros do Supremo querendo ganhar não mais 24 mil 500 reais ao mês, mas 27 mil e quebrados, ou 55 vezes mais do que um salário mínimo.
Já na Noruega sem pré-sal, a maior diferença salarial no governo não chega a dez, ou seja, se lá o mínimo fosse de 500 pratas, o Gilmar Mendes de lá se contentaria com 5 mil ao mês.
E na Noruega, ministro não anda de carro blindado nem com seguranças. Tem gente do primeiro escalão naquele pais sem pré-sal que vai até hoje de bicicleta para o trabalho, que vai pescar junto com os eleitores.
Então pensemos em Ciro Gomes. Ele é o lado encrenqueiro verbal que gostaria de fazer do Brasil um imenso Ceará. Mas mora no Leblon, mora na península dos ministros, mora no coração de cabeças coroadas que o vêem como virtual candidato ao governo de São Paulo. Ciro é igual a garçom no Rio de Janeiro: um desterritorializado. Este jovem coronel moderno de Fortaleza é estrangeiro até na Praia do Futuro. Há quem o odeie, há quem o admire. Este CdL, em sua santa dúvida, tem uma certeza: O voto é um mistério mais do que um segredo.
Como angariar simpatia das multidões? Eis a pergunta que só os publicitários sabem responder e apenas para quem precisa acreditar neles.
Por Alfredo Herkenhoff