quinta-feira, 17 de março de 2011

Tsunami nuclear & Tokio & Rio de Janeiro,


Nos últimos dias, vi umas três vezes matérias e jornalistas da Globo estranhando o comportamento dos japoneses, como se estes não fossem solidários como nós, brasileiros, como se os nipônicos fossem individualistas, indiferentes aos que passam fome, sede e frio. Brasileiros com Globo e Consulado levaram 3 veículos com água, comida e cobertas para o norte devastado. Que lindo, que eficiência!
Mais do que uma indelicadeza com uma sociedade tão ferida pela catástrofe, o tom ufanista desse jornalismo raiou a agressão.
Japoneses, samurais, kamikazis, disciplina milenar... Eles fazem o que a cultura manda. heróis em torno de Fukushima em frangalhos.
Quem somos nós para pretender ser padrão de solidariedade se vivemos num país com as mais terríveis disparidades sociais? Nível de roubalheira de 9.9 graus na escala Richter.
A cada 25 anos o transporte rodoviário mata 1 milhão de brasileiros. Tsunami pneumática.
Somos povo marcado, gado feliz.
Japonês não exibe cédula de dinheiro, não exibe cadáver. A solidariedade é silenciosa, ninguém anda na contramão nem bate a carteira.
Noventa anos atrás, um tremor bem menor matou milhares e milhares de japoneses em Tóquio. Eles estão acostumados com os solavancos das placas.
O que eles não estão acostumados a enfrentar - e ninguém es...tá, é a crise nuclear, e isso com um agravante: a confiança cega nas autoridades ancestrais lado a lado com a informação que vem do exterior sobre os perigos de uma grande explosão radiativa. Eles têm experiência das queimaduras e dos cânceres com as duas bombas atômicas. O novo nessa trinca sismo, maremoto e reatores é a internet, o espaço digital informando e confundindo ao mesmo tempo.