sábado, 20 de junho de 2009

Separados ao nascer? Pega Geral, gotinha Pólio e só Esso dá ao seu carro o poluente


Para lembrar que este sábado (20.06) é dia de levar a criançada para vacinar contra a poliomielite, o Separados de hoje tem sabor de saudade: à esquerda, o Zé Gotinha, do Ministério da Saúde, garoto-propaganda da campanha do governo. À direita, as gotinhas da Esso, que marcaram época com o slogan “Só Esso dá a seu carro o máximo”. Fica a piada, mas vale o lembrete: já levou seu filho hoje:


Pega Geral - J. C. Silva Especial para o Correio da Lapa



Notícias comentadas: Grato, João Carlos, mas levei os filhos há muito tempo. Hoje quem vai tomar vacina sou eu. Vou tomar logo um coquetel, todas. Vacina contra atos secretos do Senado Fuderal. Um passarinho me contou que tem maioral com altas propriedades em Portugal, outros preferem fazenda para plantar gado e alimentar capim, verdinho que nem moeda-verdade, dólar que nem quiabo. Quantos segredos mais vamos descobrir agora sem diploma? E olha que o Correio da Lapa sempre foi contra a exigência do canudo acadêmico.

Mas, João, vou tomar vacina contra surpresas desagradáveis: ver Lula defendendo o indefensável.

Tomar vacina contra Max Mosley dizendo que está despreocupado com a crise na Fórmula 1. Pois afirmou ele à BBC que tudo isso que rola não é rebelião, mas mero "show off", a vaidade de diretores de equipes sustentadas por montadoras milionárias. Disse ele que esses metidos querem aparecer protestando contra o limite de gastos, mas que em breve não vão poder mesmo gastar mais tanto dinheiro porque seus patrões às voltas com a crise mundial vão chiar. A janela da adesão ou cura da crise está aberta, foi adiada a solução. Disse o cartola da FIA que que em janeiro de 2010 vai estar todo mundo perfiladinho no grid tradicional, obedecendo as regras como se deve obedecer.

Vou tomar vacina, João Carlos, contra a vaidade, incluindo a minha, antiga como essas letras, atingindo os mais pobres, os novos ricos e também os novos famosos, y compris os pretendentes, mal sabendo todos nós quão efêmera é a importância dos ibopes, quão fútil é o diamente na mão de um solitário mendigo faminto, sob a ponte, ninguém a procurá-lo, ninguém pensando em roubá-lo ou alimentá-lo.

Vou tomar vacina contra as filas nos bancos, ao raiar da era digital, com demissões e humilhações diárias nesta mania de embolar brasileiros ainda vivos como se cada pessoa fosse gado na linha de abate dos matadouros.

Vou tomar vacina contra a preguiça de sair para tomar o último banho de mar, performance de um suicídio salgado como mera manifestação verbal contra Sarney e sua tribo no Maranhão que mesmo somado ao Amapá é dos lugares mais pobres do Brasil.

Vou tomar vacina contra atos secretos destinados a juntar a grana dos impostos como quem amplia uma reputação granjeadora de ridículos.

Matei-me, mas graças a Deus eu tomara a vacina contra riscos de não-ressurreição. Daqui para frente, meu suicídio se trasnforma em dedicação full time: jamais esquecer a lambança dos políticos do Senadinho Secreto, lapa exposta como pedaços de nossas incompetências apesar dos diplomas dos juízes, doutores das dores alheias, anestesiados com a vacina do tédio.


Vou tomar vacina contra as horas perdidas ao léu da navegação errática neste oceano de opções de toda ordem que é a rede. Mas ainda não comecei a youtubar as minhas canções, estou me vacinando também contra as composições mais medíocres, como esta a seguir, ainda no silêncio de alguma curiosidade:

Que pessoa generosa, a sua presença incensa a vida na beira do cais
Você tem mais e tem tudo o que houver um dia nesse mundo: extrema sabedoria, o mar para navegar, coragem, alegria

Viagem de esperança
Viagem que não cansa
Viagem de luta e amor

Temos tudo, temos todos aqui, vamos partir, vamos zarpar, agora...

By Alfredo Herkenhoff