Cadê a caixa-preta do Senado? A Marinha da França já captou sinais da caixa-preta do Airbus da Air France no fundo do Atlântico, segundo o jornal Le Monde. Já os seiscentos e tantos atos secretos do Senado, não publicados, não trazidos à luz dos eleitores, onde estão? Emitem sinais? Não, apenas surgem num ritmo de conta-gotas, alguns por dia, revestidos de vergonha e bate-boca, desmentidos e pruridos, como se os parlamentares não pudessem fazer nada mais urgente do que manter o rito das exclamações indignadas, à espera de um possivelmente morosíssimo processo administrativo com vistas a eventuais punições e demissões. Depois, o Supremo dá um jeitinho, vota as falhas processuais, enaltece o direito de defesa enquanto os eleitores morrem nas águas rasas da estupidez política. A quem reclamar? Foi o eleitor que escolheu!
Lenine dizia que eleição em democracias capitalistas era o direito de o trabalhador escolher, pelo voto, quem iria ferrar com o próprio trabalhador. Na falta de esperança, ou falta de opção do eleitor, constata-se que prolifera nas televisões os falsos pastores, telecaptadores prometendo, qual político religioso, o paraíso em nome de Cristo. E pedindo, qual templário ou fiscal da Receita do Inferno, com base não na Secretaria do Leão, mas na livre exegese da Bíblia, aquelas migalhas da gente mais pobre, migalhas que escaparam da pesada carga de impostos do Brasil. Santo Cristo, onde isso vai parar? Se você não sabe, tome mais cuidado com o sequestro-relâmpago. A violência no Brasil emite sinais, não por 30 dias como a caixa-preta do Airbus, mas por 30 anos, uma geração, e de geração em geração, aumentamos o risco de escolher pelo voto um Hugo Chávez estilo tupiniquim.
Por Alfredo Herkenhoff