Correio da Lapa com a esquadrilha da fumaça
Editorial contra a lei antifumo
A lei antifumo entrando em vigor nas grandes cidades e logo em todo o Brasil é algo que só tem precedentes no tempo de Hitler, com a Juventude Nazista como falso movimento da falsa pax romana que pregava mente sã em corpo são. Hitler só aceitava que uma única pessoa fumasse em seu gabinete, e era Benito Mussolini. Os generais nazistas fumavam na ante-sala.... Certo ou errado? Os soldados da libertação fumavam, lutavam com cigarro Lucky Strike na boca e na fachada de quartéis improvisados no teatro de guerra europeu. Luta renhida contra um regime enlouquecido de fúria assassina.
Mas os americanos, de forma insidiosa, foram sucumbindo ao moralismo da virtude repressiva e paulatinamente impondo as restrições ao tabagismo. Sucumbiram ao desrespeito à História de tanto respeitar a lei elaborada de forma agressivamente moralista.
Como somos macacos da globalização, imitamos os americanos em dose ainda mais cavalar. Pensava-se até uns dez anos atrás que França, México e Brasil resistiram à judicialite aguda de Tio Sam. Não resistiram. Dois meses atrás, Barack Obama disse que estava tentando, em vão, parar de fumar. Dias atrás, o governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral, exclamou demagogicamente moralista:
“É um absurdo achar normal que o estabelecimento deixe um cidadão fumar em qualquer lugar. Dei o exemplo e parei de fumar há 48 horas”.
No tempo da vovó Maria, não se falava em fumante passivo na cozinha de fogão de lenha e fumaça. É natural que os fumantes, cientes do mal que fazem aos pulmões, aplaudam as restrições ao tabaco. Assim, fumam menos. Antes fumávamos até dentro de aviões e dos ônibus da Itapemirim. Havia até um cinzeirinho de aço no braço de cada poltrona.
Sim, restrições são bem-vindas, mas há direitos constitucionais sendo desrespeitados, e isso parece pouco, mas é o princípio de perigos maiores logo à frente.
No bojo das legislações em evolução contra o fumo, já se tentou fazer do comerciante dono de bar um policial. Se eu fumo num bar, o dono sofre 30 mil reais de multa. Valores exorbitantes enquanto a cidade pega fogo, com a metrópole fumegando ódios, registrando 15 assassinatos por dia, na maioria de gente pobre e negra.
O choque do buraco seria uma pena alternativa na lei antifumo do Rio. O fumante apanhado em flagrante escolheria um trabalho em prol da comunidade, por exemplo: tapar buracos e enfrentar outras mazelas de uma prefeitura arrogante, inoperante e anticarioca da gema.
Beiramos o fascismo. A calçada da Avenida Rio Branco tem vários pontos em que é só buraco, desvãos e riscos. A Rio Branco de noite, não fosse a luz de algumas fachadas de edifício, é tão mal iluminada que dá medo. Qualquer arteriazinha de São Gonçalo ou Nova Iguaçu é melhor iluminada do que a Rio Branco. E uma fedentina em vários pontos do Centro do Rio envergonha os narizes mais tolerantes.
Nos bares e restaurante do Leblon os clientes, não mais podendo fumar, talvez migrem para drogas mais perigosas, como a cocaína barata e inodora e também farta na fumaça das vítimas adolescentes em cada cracolândia de centenas de cidades brasileiras.
Quase 30 milhões de brasileiros pagando impostos e sem direito a pitar um cigarro na varanda de um bar...
A legislação, ao proibir o fumódromo, afronta direitos comezinhos do bom senso. Estamos a um passo de proibir o cigarro como se proíbe a maconha ou a cocaína.
Como na proibição do bingo, que cassou 100 mil postos de trabalho, corrremos o risco de ver o cigarro nas mãos do crime organizado, sem impostos para o governo com tantos desafios a superar.
Por que eu, modesto empresário, não posso abrir um estabelecimento com as seguintes características. Ramo: Restaurante; os garçons só podem se candidatar a um emprego nele se provarem que são fumantes há mais de dez anos. E um aviso bem grande à porta: Casa de fumantes. Quem não gostar de cigarro que procure outra freguesia. Mas não, o que estamos vendo é fascismo galopante.
Sem alternativa, sugerimos, já na chacota e na estapafúrdia, que o charmoso Bar Restaurante Café Bistrô Jobi, na Avenida Ataulfo "do" Paiva, em vez de apenas aqueles velhos lustres no teto, pendure uma espécie de escafandro moderno, um smoking spot suspenso por um fio que na verdade é um tubo exaustor. Assim, o fumante pede ao garçom para descer uma campânula do teto do Jobi. A geringonça, que haverá de ficar bela com um design de algum artista brilhante, desce até a altura da cabeça do cliente. Ele fuma ali dentro daquele globo salvador, enquanto prossegue na discussão da rodada do futebol. E a fumaça sobe direto para o quinto dos infernos da purificação.
Viva o SindRio que insiste em lutar na Justiça contra os exageros da legislação chinfrim dos moralistas de plantão.
O governo gasta recursos para atacar alvos não prioritários, pessoas que trabalham, pagam impostos e querem fumar com outros fumantes. Mas cerca de 30 milhões de pessoas se vêem proibidas por terem seguido a propaganda de tempos atrás, quando se vendia charme como fumaça. Ou fumaça como saúde. Tudo ilusão, evanesce o bom senso, desaparece a alegria.
Por Alfredo Herkenhoff