sábado, 27 de junho de 2009
Brasil, amor e inveja, ódio na flor - 13/15
Brasil em que até a China é azul. Brasil que dá um jeitinho, é show de bola, é nota dez, é Pedra 90. Brasil que se queixa e que se sustenta porque mesmo indo está sempre voltando, preso a uma roda de ódio e amor. Brasil também daqueles milionários humildes. Brasil que engloba dúzias de nações. Brasil de algumas ipanemas quase desnudas, não fosse a bijuteria da Via Condotti. Brasil da saudade que antes matava e agora mata mais. Brasil de rotas, roteiros e sinais, de charmosos escritórios da Varig, aquela empresa saudosa em que no cardápio a bordo até omelete era iguaria mais do que prato fácil. Brasil em que o JB já foi exemplar. A garrafa de scotch já foi notícia de contrabando. Brasil de tempos idos, templos carcomidos. Brasil do que não passa do que sou. Saudade de quem nem ainda chegou. Saudade de quem ainda nem deu o primeiro beijo. Saudade de quem nem ainda ficou como nasceu pela primeira vez. A minha vaidade não tem responsabilidade. Minha vaidade tem cheiro de instumescência. Trabalho nas Organizações. O salário não é ruim. Até o nominal é interessante. As cláusulas protegem a Rede. E me projetam nesse mercado de propaganda. Qual menina do amor, minha vaidade se traveste de xampu, perfume, matrículas, automóvel, sucesso e prazer sem filas de banco. Minha vaidade é um Brasil com cheiro de hortelâ, mistura de comenda e artista jurando que você também é. Brasil, terra de nuvens iguais a outras terras.