quarta-feira, 29 de julho de 2009

Tucanos que se preparem: vem chumbo grosso do PMDB aí

É a Política!
Por Alfredo Herkenhoff

Os tucanos formalizaram três acusações contra o presidente do Senado, José Sarney, do PMDB pelo Estado do Amapá. Mas o Conselho de Ética é controlado por amigos de Lula e Sarney. A bancada do PT no Senado, 11 caras, está dividida, mas um pouco mais da metade defende posição intermediária: nem cassação de Sarney nem se lixar para a opinião pública escandalizada, mas apenas sugerir ao presidente que peça licença de 30 dias em nome da lisura das investigações.

O chefe por rodízio do Conselho de Ética, Paulo Duque, PMDB do Rio de Janeiro, é o senador
que se lixa para o tititi da mídia. Duque é o sem-nobreza, é o sem-voto por ser o terceiro suplente do Sérgio Cabral-governador-ex-senador.

Sarney, o faltoso das 17 sessões, e que anda quietinho, deixa vazar uns torpedinhos. Nomeei parentes sim, mas ao tempo em que o Supremo não proibia. E quem, do outro lado, não nomeou parentes e amigos?

Essa onda de moralismo não é boa para tucanos nem petistas. Estão os peessedebistas buscando facilidades sob a capa de moralidade regimental?

O ventilador já foi ligado

Reportagem desta quarta-feira da Folha de S. Paulo informa que o PMDB arma um contra-ataque...
O poderosíssimo PMDB, no qual estão muitos amigos calminhos de Sarney, começa a dar sinais de que guerra é guerra: vai fazer chover acusação contra senadores do PSDB.

O PMDB não depende de escândalo, prolifera neles. O PMDB abandona um peemedebista como um tabagista apaga um cigarro. Mas antes dessa alternativa derradeira, o PMDB tem muitos cigarros, e todos queimam a favor dos fumantes. Lula, sapo escaldado, sabe bem botar as barbas de molho.

O escândalo é enorme. Sarney não é nada agradável. Seus métodos, sua vaidade, seus feitos, tudo pífio, frágil, mas os tucanos não estão com essa bola toda que boa parte da grande mídia parece lhes conferir. Há uma distância grande nas tecnicalidades do universo jurídico entre o que é escândalo nojento e o que é crime previsto em lei.

O que pode ferrar Sarney, mesmo entre seus pares, é se, em vez de uma miríade de acusações, houvesse um esforço concentrado em torno de um só aspecto de quebra de decoro: Sarney teria mentido na Casa ao dizer que não tem ingerência nenhuma na administração daquela fundação que puxa saco de sua memória num convento em São Luís, num projeto que pega dinheiro do povo, dos impostos, via Lei Rouanet, e joga ao vento, contribuindo para aumentar os grãozinos das dunas do Maranhão.

Só aí Sarney pode ser pego de calças curtas: mentir para seus pares. Aí sim, vira guimba de cigarro do próprio PMDB. Do contrário, essas acusações envolvendo práticas comuns a todos no Senado só faz aumentar a suspeita de muita gente nas ruas de que Lula pode até ter razão, de que essa chiadeira é eleitoreira. É começo de campanha de 2010, campanha aliás que já começou contrapondo a ministra do PAC câmara lenta, Dilma Rousseff, ao governador careca de falar paulistanês José Serra.

Moral do Editorial

E o Correio da Lapa, nunca é demais repetir, não está com ninguém e está com todos, está em cima do muro, atirando para os dois lados em disputa, atirando e recebendo tiros, porque é apenas espelho dessas divisões, reflexo das reflexões, acusação das acusações, defesa das defesas. Cristo dizia: quem não está comigo está contra mim. O Correio da Lapa glosa até Nosso Senhor: quem está com o CdL está com ninguém: está livre para decidir em quem votar na hora H.

Discutir sempre com as pessoas amigas dos dois lados da disputa eleitoral, acusar sempre que houver elementos concretos para tal, defender sempre, defender até os piores criminosos, mas condenar o crime ao mesmo tempo,
reagir sempre ante quem nega direitos garantidos na Constituição, avançar sempre, viver e deixar que vivam... É a política! Estamos nela até o pescoço!