sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

Paraense é assim...

Rita Ferradaes Beleza, com toda a sua morenice, enviou o texto que agora vai com foto que cliquei para o Correio da Lapa que veio malhado antes de nascer:

"Tem coisas que só paraense, seja ele de nascimento ou por adoção, sabe o que é: passar numa esquina, e salivar só de sentir o cheiro do tucupi, ou da maniçoba, empinar papagaio do cobra; ou fazer pacientemente, com talinhas de palmeira e papel de seda uma curica pra os filhos brincarem. Paraense joga peteca, não bolinha de gude, tem seguro contra as mangas que quebram os pára-brisas dos carros, pena que não tem seguro pra cabeça, eu mesma já fui alvo delas... Paraense conhece mato, marés, conta estória do boto, moço bonito, mas com um pitiú de peixe, mas que mesmo assim, encanta as moçoilas mais desavisadas nas noites de lua cheia, não sabe o que é pitiú? O paraense sabe! Paraense é carinhoso, chama todo mundo de mano, mana, maninho, fica logo amigo faz almoço, jantar, põe logo dentro de casa, eita povo hospitaleiro! Fala se não é ?. Por aqui tomamos açaí pra dormir a sesta, com farinha d'água ou de tapioca, com açúcar ou sem, com charque, pirarucu ou sem nada só ele purinho, bom que só! Tomamos banho de rio, barrento como o Guamá ou a baía de Guajará, de rio azul transparente como o Tapajós, de Igarapé Gelado de bater o queixo de frio. Paraense tem alto verão em julho quando a maioria do Brasil morre de frio e nós por aqui bronzeadérrimos, acentuando a beleza de nossa morenice! Festa é com a gente mesmo! Em todo o canto tem um violão, uma música legal, um carimbó, uma guitarra, um treme terra, botando todo o mundo pra dançar. Paraense quando não tem nada pra fazer vai pra beira do rio ver o pôr do sol vermelho e os pôpôpos passarem, quando está estressado vai pra Salinas, Marapanim, Algodoal, Mosqueiro, Marajó, Ajuruteua ou ata uma rede na sacada de casa e fica lá de pezinho pra fora esfriando a cabeça. Somos índios, místicos, curandeiros, mas também com toda essa energia de águas e mata não poderia ser de outro jeito! Paraense vai ao Ver-o-Peso, compra ervas, faz chá, garrafadas, banho de cheiro uma delícia! Curas de corpo e de alma. Ao mesmo tempo temos o privilégio de ter as bênçãos da Nazica, com toda a intimidade que eu, como paraense, tenho pra chamá-la assim. Minha Santinha, que em outubro sai toda linda fazendo todo o mundo, paraense, turista, brasileiro e gringo engasgar de emoção. Somos orgulhosos por sermos assim essa mistura morena, brejeira e gostosa, por sermos autênticos, pela cultura que temos, por nosso sangue índio que a tantos outros se misturou e que a nós nos faz muito, mas muito especiais"!