terça-feira, 11 de agosto de 2009

No Brasil, mata-se por ciúme, cobiça e inveja. O juiz, o executivo e o legislador, os sócios do crime

MORTE E FRACASSO

Para Sarney e Arthur Virgílio, dois ex-udenistas, para Lula e FH, dois burocratas, para Serra, estudante profissional, para Dilma, eterna guerrilheira mental, e para Sérgio Cabral e Paulo Duque, este porque não tem voto no Senado e vota a própria humilhação de ser pau-mandado votador-arquivador, e aquele, que o enviou a Brasília, por anunciar que vai fazer mais uma Cidade da Música, um Museu, como Cesar Maia, Cidade Pan e Olímpica, ninguém enganando ninguém. O Museu Help, em Copacabana,é um tintim, não de champanhe Cristal ou Perignon para a arte como exercício de sanidade, mas espumante de cicuta (Viva a contabilidade das obras!), um veneno a quem já estava morrendo de raiva e matando...

O
Correio da Lapa lança um repto. Antes do término do Museu Help no Casarão das Putas, haverá, apenas na Avenida Atlântica, endereço dos empreiteiros, uns 10 ou 15 homicídios, e nenhum desses crimes futuros será prioridade... Por que repto? Porque o governador nem conhece esta palavra...
O governador é o patrono de Paulo Duque, estudaram na mesma escolinha.

No Brasil, o funcionário público, governador como Cabral ou faxineiro como Duque, ao contrário do empregado do patrão privado mais vil, raramente é demitido. Enquanto no setor particular, mesmo o empregado doente, mesmo com o dedo amputado, não falta ao expediente porque poderia descobrir que não faz falta e dançar, o empregado do Estado, statuo quo de covardia, o servidor, que pelo nome deveria servir, serve apenas para pensar o que seria melhor enquanto o pior progride.

O mundo brasileiro é dividido entre funcionários públicos - e entre estes há os que ganham pouco - a maioria, os que ganham bem, ganham muito e os que roubam - e funcionários do setor capitalista.

A diferença entre os dois lados, público e privado, é algo nebuloso, uma espécie de onda social que democratiza ou socializa o fracasso social, é a taxa de violência brasileira pegando geral, não adianta mais carro blindado.

Mas outras taxas de inteligência do mundo passam pelo Brasil. Aqui há 200 milhões de habitantes de todos os quadrantes enquanto origem, e aqui há 45 mil homicídios a tiro e faca por ano, e aqui mais 45 mil mortes via barbaridade no trânsito.

Já, mero exemplo do país mais rico e organizado, os EUA, onde não existe empresa pública, onde o Estado é apenas coletor, licitador e regulador, com até pena de morte para quem burlar isso, onde a Nasa é uma agência que pensa e chama os agentes privados a participar de projetos, não fabricando nem mesmo um parafuso sequer, governo poderoso, são apenas 300 milhões de habitantes, também procedentes de toda etnia dos quatro cantos do planeta, mas lá, a sociedade democrática registra apenas 8 mil, 9 mil homicídios por ano, e quem fizer merda na rua ou na estrada vai em cana, apodrece na solidão da cela sem estupro, ou pouco estupro.

O sistema moral norte-americano é, ao contrário da tradição ibérica (que se perpetua num Brasil manuelino de carimbos e mentiras), um espírito democrático e pragmático. Lá, 5, 7, 8 ou 12 anos de cadeia, como na Inglaterra, são 5, 7, 8 ou 12 anos de cadeia. Aqui, pena máxima de 30 anos para cada assassinato, matou 30 pessoas, são 900 anos de mentira, 900 anos de burocracia e jeitinhos, aqui a pena máxima é de 30 anos para o conjunto da patologia, e cumpriu um sexto da pena com "bom comportamento", tá na rua.

Ou seja, no Brasil, quem matar 30 pessoas, divide 30 anos, pena máxima, por um sexto, cinco anos, e está solto em 60 meses, como cidadão ilibado, cumpridor das exigências da lei, pronto para enfrentar novas regras do jogo, pronto, livre para obedecer a juízes e matar mais.

No Brasil, mata-se. E quem, a minoria dos criminosos, é pego, fica pouco tempo na cadeia porque o Estado também é assassino, é o patrocinador da tortura, é formulador de dores, é cínico, sócio da violência e não aceita se afastar dos amigos, quer todo mundo bandido no convívio e na liberdade de matar mais. O Estado assassino, no Brasil, é o patrono da violência das ruas, da bandidagem que se espelha no Estado mantenedor.

Cada funcionário público brasileiro, ao não fiscalizar a si próprio, ou os colegas, a própria repartição, se perpetua como criminoso; cada servidor, ao cobrar da escola privada o que a pública não oferece às crianças pobres, é sócio dos assassinatos que se repetem maciçamente entre adolescentes e policiais despreparados e mal remunerados.

Funcionário público no Brasil, tirando as coitadas das professoras e dos médicos em início de carreira da impotência clínica, merece o desprezo da maioria do setor privado. São servidores infelizes... A maioria deles sobrevivendo a duras penas, ganhando pouco entre servidores ladrões, uma esquizofrenia social em que, qual ritornello, canta-se todo dia a mesma canção que rima morte com fracasso.

Por Alfredo Herkenhoff