Coluna de Marcos Oliveira e Sergio Souto (Monitor Mercantil, dezembro de 2010)
Preços altos, mas a culpa não são dos impostos
Enfeite extra
A carga tributária incidente sobre o preço total dos produtos natalinos continua em alta. E, principalmente, nos presentes que os consumidores sentirão o seu peso. É o que mostra pesquisa realizada pela VerbaNet, coordenada pela tributarista Carina D"Angelo. Para decorar a sua casa o contribuinte carrega na árvore de Natal uma carga tributária de 39,23%; no presépio, de 35,93%; e enfeites de Natal, 48,02%. O cartão que envia para os amigos leva de "brinde" 37,48% de tributos.
Recheio
A situação do contribuinte natalino melhora pouco na ceia: peru, chester, pernil, tender e lombo pagam 29,32% de impostos; bacalhau, 43,78%; peixes em geral, 34,48%; frutas, 21,78%; nozes, 36,45%; panetone, 34,63%. Se a ceia for regada a vinhos, são 54,73% de impostos. O champanhe ou o espumante paga 59,49%; cerveja, 54,8%; e refrigerante, 45,8%.
Amigo oculto
O Leão fica com metade do valor dos presentes, em média. Um aparelho MP3 ou iPod recolhe 49,45% em tributos; brinquedos, 39,70%; CD, 37,88%; jogos eletrônicos, 72,18%; roupas, 34,67%; sapatos, 36,17%; telefone celular, 39,80%; tênis importado, 58,59%; e o campeão, perfume importado, tem a carga tributária de 78,43%
A pesquisa computou ICMS, Imposto de Renda da Pessoa Jurídica, CSLL, Cofins, PIS, Pasep e Imposto de Importação.
Margem de lucro
Apesar dos altos tributos, alguns preços cobrados pelo comércio brasileiro são injustificáveis. Ainda que levando em conta frete e outros gastos, não é possível compreender diferenças de preços de 200% ou 300%. Um jogo para videogame, por exemplo, sai por volta de US$ 40 nos Estados Unidos (menos de R$ 70). No Brasil, o valor pula para R$ 180. Um brinquedo da marca Lego pode sair a US$ 75 na terra de Tio Sam (cerca de R$ 130), enquanto aqui alcança inacreditáveis R$ 600.