No Dia Nacional da Poesia, o chulo abunda a Lapa
Murilo Mendes . Caetano Veloso . Millôr . Adalgiza Nery . Carlos Drummond .
Vinícius de Morais
Porque hoje é sábado!
KATE WINSLET JUROU
QUE NÃO FICA MAIS PELADA
NO CINEMA (fotos)
Murilo Mendes . Caetano Veloso . Millôr . Adalgiza Nery . Carlos Drummond .
Vinícius de Morais
Porque hoje é sábado!
KATE WINSLET JUROU
QUE NÃO FICA MAIS PELADA
NO CINEMA (fotos)
Celebrações . Celebridades . Tribuneiros . Porque hoje é sábado!
Porque hoje é sábado, os bardos urbanos Ricardo Ruiz e Tavinho Paes talvez não possam usufruir do trenzinho do Corcovado, de graça para poetas, no tradicional passeio de 14 de março, aquela tertúlia a céu aberto, numa elegia à Cidade Maravilhosa aos pés do Redentor. Porque hoje é sábado, o trenzinho é só para turistas, e os preços não são nada módicos. Porque hoje é sábado, a internet também amanhece e quase adormece, vive um torpor, ligeiramente, uma redução das postagens. Porque hoje é sábado, o pessoal da semana inglesa, pessoal que trabalha nine to five, não tem aquele tempo livre no escritório para navegar ao léu atrás de curiosidades neste oceano das manifestações virtuais.
Mas o Correio da Lapa acorda cedo aos sábados e domingos. Acorda de bom humor. O site-bogue tribuneiros, especializado em fazer graça, também é uma piada. O Tribuneiros, reconheça-se, é hoje um dos endereços mais topetudos da carioquice, mas tem um veio aurífero estranho: os editores, jovens comunicadores, parecem meio barra-tijucanos achando que o Rio Antigo deve ser o que eles desejam. Não à toa em recente evento estavam com os tribuneiros num palco nada menos do que Eduardo Paes, então a caminho de se apossar do Palácio da Cidade. Sintomático.
O editor tribuneiro Pim escreveu um artigo sério contra a Lapa, desancando o bairro. Saindo do seu estilo de humor escrachado, Pim escracha com certa mágoa afirmando que a Lapa não revelou ninguém, nenhum artista, que tudo o que se diz dela é marolinha, que só tem ondinha e samba da chatice.
É tão ridícula a tese jornalística deste comunicador tribuneiro que talvez nem merecesse uma reflexão. Suspeita-se de que "revelar" na linguagem desses jovens é aparecer na grande mídia. A TV revela os big brothers. Mas a arte não depende nada desse endeusamento artificial de nomes levados ao altar da fama, este culto mesquinho das celebridades que nem 15 minutos conservam em suas trajetórias medianas.
O editor tribuneiro Pim escreveu um artigo sério contra a Lapa, desancando o bairro. Saindo do seu estilo de humor escrachado, Pim escracha com certa mágoa afirmando que a Lapa não revelou ninguém, nenhum artista, que tudo o que se diz dela é marolinha, que só tem ondinha e samba da chatice.
É tão ridícula a tese jornalística deste comunicador tribuneiro que talvez nem merecesse uma reflexão. Suspeita-se de que "revelar" na linguagem desses jovens é aparecer na grande mídia. A TV revela os big brothers. Mas a arte não depende nada desse endeusamento artificial de nomes levados ao altar da fama, este culto mesquinho das celebridades que nem 15 minutos conservam em suas trajetórias medianas.
Lapa, 100 anos reunindo os nomes mais importantes das artes
A Lapa é para sempre, a gente, não. Em 100 anos, a Lapa viu passar praticamente todo mundo da cultura brasileira. João da Baiana morava onde hoje é a casa Sacrilégio. Por ali passavam ainda sem sucesso Carmen Miranda e Pixinguinha, anos 10 e 20. Nos anos 80, o Circo Voador de Perfeito Fortuna ajudou a explodir a carreira de bambas do rock como Lobão, Paula Toller, Cazuza e tantos mais.
Márcia X, a falecida e polêmica artista plástica, ciscou e produziu na Lapa. Aliás, artes visuais e Lapa são quase sinônimos históricos. Deixa para outro dia ou para um livro especial essa história.
Mas a Lapa é excelência nas ciências também. Por exemplo, a Petrobras, antes do centro de pesquisas no Fundão e de acertar o lado interno do Edise (o prédio-sede vizinho aos Arcos), promovia nas ruas da Lapa os seus principais cursos, que produziram especialistas em hidráulica, fluídos e exploração em águas profundas.
Você não precisa gostar da cantora Teresa Cristina, do Semente, mas saiba que o melhor show de fim de ano exibido pela TV em 2008 foi dela, e não foi pela grade da TV aberta das celebridades, mas no Canal Futura.
Nos últimos 24 meses, passaram pelo restaurante Capela - o editor do Correio da Lapa testemunhou -, entre outros, Caetano Veloso, Aldir Blanc, Maria Rita, Preta Gil, a japonesinha Sato, Thaís Araújo, Zeca, Beth Carvalho, Moraes Moreira, Luiz Melodia, Haroldo Costa, Supla, Zé Celso Martinez, Debora Colker, Ivens Machado, Paulo Herkenhoff com delegações estrangeiras, Paulo Cesar Araújo (autor da biografia do rei Roberto Carlos, que aliás morou dois anos na Av. Gomes Freire nos anos 60, com a mãe Lady Laura), o ministro dos Esportes Orlando Silva, três presidentes da Petrobras e por aí vai... E haja cabrito com arroz e brócolis para tanto peso e talento...
Ivete Sangalo e Claudia Leitte não cabem nos Arcos
Intrépida Trupe, Fundição, Maria Juçá, o hip hop, o baile de Gafieira, a Lapa revigorada virando cenário de duas novelas globais em espaço de quatro anos. A série de cinema na esteira literária de Rubem Fonseca, tudo germinando a partir da Lapa. Os blocos de carnaval, fortalecidos por sua associação Sebastiana, a dos blocos do Centro, Adjacências e Zona Sul, tudo nascendo na Lapa ou tendo o velho bairro como parâmetro.
Não, a Lapa não tem show do projeto Aquarius, não tem trio elétrico de luxo para Claudinha Leitte e Ivete Sangalo porque não comportaria a multidão que essas estrelas atrairiam para a esplanada da Carioca. Mas a Lapa, fundamentalmente, não tem preconceito, e por isso, invocando todas as casas de música e dança do pedaço, hoje cerca de 50, quase todas com música ao vivo nos fins de semana, o Correio da Lapa condena de público esse texto infeliz do jovem tribuneiro Pim.
Leblon - Pedro Bial . New York. E sempre Lapa
Talvez a leitura devesse ser outra. Era apenas uma piada fraca a tese de que a Lapa não revela ninguém. Quem revela é o Leblon, quem revela é o Pedro Bial, quem revela é o Raul Gil, quem revela é a trilha sonora das novelas. Quem revela é a taxa da fama... Esses nomes todos, Pial, Raul e tal, tem alto valor cultural, apenas estão aqui para estabelecer um parâmetro: a Lapa não revela mesmo ninguém, é verdade, nunca revelou. A Lapa é como Nova Iorque. Quem chegou lá, quem chegou a NY ou à Lapa, já estava revelado desde a infância, desde os primeiros estudos, primeiras descobertas de vocação e dedicação.
Não, chega! Os tribuneiros são maravilhosos fazendo piada, são sucessores do melhor legado dos Cassetas, tipo Pânico na Net, Kibeloco, mas falar mal da Lapa sem fundamentar... Que graça tem?
Espetadinha na casa Carioca da Gema
Falar mal sim do Carioca da Gema, lotado, caro, com garçons sem culpa, mas obrigados a abrir caminho com as bandejinhas, dando pequenas cotoveladas nas pessoas sem espaço para dançar. E na hora de ir embora, todo mundo se descobre em cativeiro na fila do caixa escadaria acima. Excesso de turistas, e ainda começa a aparecer menina de programa achando erradamente que a casa é um novo filão pra pegar gringo. Outro dia, uma Kombi cheia dessas mariposas... Excesso de segurança, como se aquilo fosse tão sério, meleca da gema, não.
A casa é ótima, mas precisa melhorar. Chame o produtor cultural, sambista e inventor Lefê Almeida de volta para dar um trato, reciclar. Claro que o Carioca da Gema é casa maravilhosa, pioneira e tal. Mas se alguém tinha que dar uma espetadinha, melhor que seja o Correio da Lapa, que adora o Carioca, mas põe a mão na ferida. E falta também pagar melhor aos músicos, este um problema aliás de toda a velha Lapa.
A Lapa é questão de saúde pública sim, precisa de uma faxina em regra na sua infra-estrutura, no saneamento das ruas, esgoto, enchentes, iluminação, higiene, mas precisa mais ainda de compreensão. A Lapa não é terra de alguns artistas mais importantes do Rio e do Brasil, é o reduto de praticamente todos os principais nomes da cultura brasileira.
Vinicius de Morais e Millôr: beleza é fundamental
Mas porque hoje é sabado, Vinícus de Moraes, sempre ele, o mentor da beleza como estrutura do desejo, vem à tona: As feias que me desculpem, mas beleza é fundamental. Ao que Millôr Fernandes, glosando a boutade, exclamou: Vinicius que me perdôe, mas errou ao dizer que as feias que me perdôem, mas beleza é fundamental. O certo, prosseguiu Millôr, lançando uma seta de besta arfante e feroz: é o seguinte: "As feias que me perdôem, mas vão pra puta que pariu".
Se Millôr escreveu... Está por aí. Quem ouviu, ouviu pela boca do chargista humorista Chico Caruso. Se non é vero, é ben trovato. Se vero é, questo vero non é bello , mas é mais divertido do que os tribuneiros.
Chulo . Bunda . Barra da Tijuca . Murilo Mendes
Já que se anda falando muito em beleza, falemos do horror da Barra da Tijuca. A comparação mais chula jamais imaginada foi dita e esquecida, menos pelo Correio da Lapa, que aqui pede desculpa pela grosseria que está mandando, mas o bairro da Zona Oeste foi comparado por um sujeito famoso e louco a uma bunda: difícil de entrar, ruim de sair.
O chulo depende da hora. Num trânsito engarrafado, até a escrotidão fica leve como a pluma do poeta para fazer o tempo ruim passar e produzir momentos de felicidade e graça.
Aliás, o poeta Murilo Mendes, juiz-forano, catolicão, meio carioca, meio italiano, meio lisboeta, antes de tomar rumo na vida, tornando-se amigo de grandes escritores e artistas plásticos de seu tempo, andou se engraçando com a poetisa Adalgiza Nery, um furacão, uma das mulheres mais chiques naquela virada dos anos 20 pros 30, uma jovem e já viúva do grande pintor mineiro Ismael Nery. E eis que o jovem poeta Murilo, em carta ao jovem Carlos Drummond, em 1931, escreveu de Juiz de Fora, falando de Adalgiza:
"Resta o amor, vivo fazendo experiências, inda não acertei. O amor indeterminado talvez seja meio literário. Graça, bondade, simpatia: são três máquinas que convencem; bundas, seios, ancas - isto é outra conversa, mas convencem também. Vim aqui pra 15 dias, já estou há dois meses, fiz três experiências, zero, agora estou às voltas com a quarta, é extremamente simpática, me parece que tem bondade humana, muito simples, e não sabe geografia. Se eu adquirir a certeza de que ela coloca mal os pronomes, casarei na certa. Não sei quando volto, por causa dessa criatura".
(Este texto consta de opúsculo da Casa Rui Babosa, série Papéis Avulsos - Título: Distribuição de Papéis - Murilo Mendes escreve a Carlos Drummond de Andrade e a Lúcio Cardoso". Textos organizados pelo pesquisador Julio Castañon Guimarães, da casa Rui, edição de 1966.
Caetano Veloso e Kate Winslet, nudez e poesia
A inglesa Kate Winslet, Oscar 2009 de Melhor Atriz pelo filme O leitor, e sucesso também de 2008 por Foi Apenas Um Sonho, decidiu que não fica mais pelada nas telas de cinema. Kate vinha falando isso há semanas, até por meio da revista Time, mas só agora a mídia generalizadamente acordou para a decisão que a atriz tomou 11 anos depois de Titanic, sucesso com aquela nudez romântica momentos antes do naufrágio com Leonardo DiCaprio.
Hugh Hefner, dono da Playboy, insinuou dias atrás que queria Kate pelada na sua revista. O cineasta britânico Sam Mendes, marido de Kate, jura que nunca teve ciúmes dela por cenas de nudez. O que terá acontecido? Será que Kate enjoou da fama de ser lembrada sempre como campeã de nudez no cinema americano recente?
ELEGIA - NUDEZ TOTAL
Viajando na nudez total, lembramos do pequeno clássico Elegia, pequena obra-prima de Caetano Veloso. Ouve-se este bolero no youtube (sem imagem de Caetano, só o som) no endereço>
http://www.youtube.com/watch?v=qAuNRlAxBQY
Mas vamos lembrar a letra maravilhosa de Elegia?
Deixa que minha mão errante adentre / Em cima, em baixo, entre / Minha América, minha terra à vista / Reino de paz se um homem só a conquista / Minha mina preciosa, meu império / Feliz de quem penetre o teu mistério / Liberto-me ficando teu escravo / Onde cai minha mão, meu selo gravo / Nudez total: todo prazer provém do corpo / (Como a alma sem corpo) sem vestes / Como encadernação vistosa / Feita para iletrados, a mulher se enfeita / Mas ela é um livro místico e somente / a alguns a que tal graça se consente / É dado lê-la / Eu sou um, quem sabe...
Márcia X, a falecida e polêmica artista plástica, ciscou e produziu na Lapa. Aliás, artes visuais e Lapa são quase sinônimos históricos. Deixa para outro dia ou para um livro especial essa história.
Mas a Lapa é excelência nas ciências também. Por exemplo, a Petrobras, antes do centro de pesquisas no Fundão e de acertar o lado interno do Edise (o prédio-sede vizinho aos Arcos), promovia nas ruas da Lapa os seus principais cursos, que produziram especialistas em hidráulica, fluídos e exploração em águas profundas.
Você não precisa gostar da cantora Teresa Cristina, do Semente, mas saiba que o melhor show de fim de ano exibido pela TV em 2008 foi dela, e não foi pela grade da TV aberta das celebridades, mas no Canal Futura.
Nos últimos 24 meses, passaram pelo restaurante Capela - o editor do Correio da Lapa testemunhou -, entre outros, Caetano Veloso, Aldir Blanc, Maria Rita, Preta Gil, a japonesinha Sato, Thaís Araújo, Zeca, Beth Carvalho, Moraes Moreira, Luiz Melodia, Haroldo Costa, Supla, Zé Celso Martinez, Debora Colker, Ivens Machado, Paulo Herkenhoff com delegações estrangeiras, Paulo Cesar Araújo (autor da biografia do rei Roberto Carlos, que aliás morou dois anos na Av. Gomes Freire nos anos 60, com a mãe Lady Laura), o ministro dos Esportes Orlando Silva, três presidentes da Petrobras e por aí vai... E haja cabrito com arroz e brócolis para tanto peso e talento...
Ivete Sangalo e Claudia Leitte não cabem nos Arcos
Intrépida Trupe, Fundição, Maria Juçá, o hip hop, o baile de Gafieira, a Lapa revigorada virando cenário de duas novelas globais em espaço de quatro anos. A série de cinema na esteira literária de Rubem Fonseca, tudo germinando a partir da Lapa. Os blocos de carnaval, fortalecidos por sua associação Sebastiana, a dos blocos do Centro, Adjacências e Zona Sul, tudo nascendo na Lapa ou tendo o velho bairro como parâmetro.
Não, a Lapa não tem show do projeto Aquarius, não tem trio elétrico de luxo para Claudinha Leitte e Ivete Sangalo porque não comportaria a multidão que essas estrelas atrairiam para a esplanada da Carioca. Mas a Lapa, fundamentalmente, não tem preconceito, e por isso, invocando todas as casas de música e dança do pedaço, hoje cerca de 50, quase todas com música ao vivo nos fins de semana, o Correio da Lapa condena de público esse texto infeliz do jovem tribuneiro Pim.
Leblon - Pedro Bial . New York. E sempre Lapa
Talvez a leitura devesse ser outra. Era apenas uma piada fraca a tese de que a Lapa não revela ninguém. Quem revela é o Leblon, quem revela é o Pedro Bial, quem revela é o Raul Gil, quem revela é a trilha sonora das novelas. Quem revela é a taxa da fama... Esses nomes todos, Pial, Raul e tal, tem alto valor cultural, apenas estão aqui para estabelecer um parâmetro: a Lapa não revela mesmo ninguém, é verdade, nunca revelou. A Lapa é como Nova Iorque. Quem chegou lá, quem chegou a NY ou à Lapa, já estava revelado desde a infância, desde os primeiros estudos, primeiras descobertas de vocação e dedicação.
Não, chega! Os tribuneiros são maravilhosos fazendo piada, são sucessores do melhor legado dos Cassetas, tipo Pânico na Net, Kibeloco, mas falar mal da Lapa sem fundamentar... Que graça tem?
Espetadinha na casa Carioca da Gema
Falar mal sim do Carioca da Gema, lotado, caro, com garçons sem culpa, mas obrigados a abrir caminho com as bandejinhas, dando pequenas cotoveladas nas pessoas sem espaço para dançar. E na hora de ir embora, todo mundo se descobre em cativeiro na fila do caixa escadaria acima. Excesso de turistas, e ainda começa a aparecer menina de programa achando erradamente que a casa é um novo filão pra pegar gringo. Outro dia, uma Kombi cheia dessas mariposas... Excesso de segurança, como se aquilo fosse tão sério, meleca da gema, não.
A casa é ótima, mas precisa melhorar. Chame o produtor cultural, sambista e inventor Lefê Almeida de volta para dar um trato, reciclar. Claro que o Carioca da Gema é casa maravilhosa, pioneira e tal. Mas se alguém tinha que dar uma espetadinha, melhor que seja o Correio da Lapa, que adora o Carioca, mas põe a mão na ferida. E falta também pagar melhor aos músicos, este um problema aliás de toda a velha Lapa.
A Lapa é questão de saúde pública sim, precisa de uma faxina em regra na sua infra-estrutura, no saneamento das ruas, esgoto, enchentes, iluminação, higiene, mas precisa mais ainda de compreensão. A Lapa não é terra de alguns artistas mais importantes do Rio e do Brasil, é o reduto de praticamente todos os principais nomes da cultura brasileira.
Vinicius de Morais e Millôr: beleza é fundamental
Mas porque hoje é sabado, Vinícus de Moraes, sempre ele, o mentor da beleza como estrutura do desejo, vem à tona: As feias que me desculpem, mas beleza é fundamental. Ao que Millôr Fernandes, glosando a boutade, exclamou: Vinicius que me perdôe, mas errou ao dizer que as feias que me perdôem, mas beleza é fundamental. O certo, prosseguiu Millôr, lançando uma seta de besta arfante e feroz: é o seguinte: "As feias que me perdôem, mas vão pra puta que pariu".
Se Millôr escreveu... Está por aí. Quem ouviu, ouviu pela boca do chargista humorista Chico Caruso. Se non é vero, é ben trovato. Se vero é, questo vero non é bello , mas é mais divertido do que os tribuneiros.
Chulo . Bunda . Barra da Tijuca . Murilo Mendes
Já que se anda falando muito em beleza, falemos do horror da Barra da Tijuca. A comparação mais chula jamais imaginada foi dita e esquecida, menos pelo Correio da Lapa, que aqui pede desculpa pela grosseria que está mandando, mas o bairro da Zona Oeste foi comparado por um sujeito famoso e louco a uma bunda: difícil de entrar, ruim de sair.
O chulo depende da hora. Num trânsito engarrafado, até a escrotidão fica leve como a pluma do poeta para fazer o tempo ruim passar e produzir momentos de felicidade e graça.
Aliás, o poeta Murilo Mendes, juiz-forano, catolicão, meio carioca, meio italiano, meio lisboeta, antes de tomar rumo na vida, tornando-se amigo de grandes escritores e artistas plásticos de seu tempo, andou se engraçando com a poetisa Adalgiza Nery, um furacão, uma das mulheres mais chiques naquela virada dos anos 20 pros 30, uma jovem e já viúva do grande pintor mineiro Ismael Nery. E eis que o jovem poeta Murilo, em carta ao jovem Carlos Drummond, em 1931, escreveu de Juiz de Fora, falando de Adalgiza:
"Resta o amor, vivo fazendo experiências, inda não acertei. O amor indeterminado talvez seja meio literário. Graça, bondade, simpatia: são três máquinas que convencem; bundas, seios, ancas - isto é outra conversa, mas convencem também. Vim aqui pra 15 dias, já estou há dois meses, fiz três experiências, zero, agora estou às voltas com a quarta, é extremamente simpática, me parece que tem bondade humana, muito simples, e não sabe geografia. Se eu adquirir a certeza de que ela coloca mal os pronomes, casarei na certa. Não sei quando volto, por causa dessa criatura".
(Este texto consta de opúsculo da Casa Rui Babosa, série Papéis Avulsos - Título: Distribuição de Papéis - Murilo Mendes escreve a Carlos Drummond de Andrade e a Lúcio Cardoso". Textos organizados pelo pesquisador Julio Castañon Guimarães, da casa Rui, edição de 1966.
Caetano Veloso e Kate Winslet, nudez e poesia
A inglesa Kate Winslet, Oscar 2009 de Melhor Atriz pelo filme O leitor, e sucesso também de 2008 por Foi Apenas Um Sonho, decidiu que não fica mais pelada nas telas de cinema. Kate vinha falando isso há semanas, até por meio da revista Time, mas só agora a mídia generalizadamente acordou para a decisão que a atriz tomou 11 anos depois de Titanic, sucesso com aquela nudez romântica momentos antes do naufrágio com Leonardo DiCaprio.
Hugh Hefner, dono da Playboy, insinuou dias atrás que queria Kate pelada na sua revista. O cineasta britânico Sam Mendes, marido de Kate, jura que nunca teve ciúmes dela por cenas de nudez. O que terá acontecido? Será que Kate enjoou da fama de ser lembrada sempre como campeã de nudez no cinema americano recente?
ELEGIA - NUDEZ TOTAL
Viajando na nudez total, lembramos do pequeno clássico Elegia, pequena obra-prima de Caetano Veloso. Ouve-se este bolero no youtube (sem imagem de Caetano, só o som) no endereço>
http://www.youtube.com/watch?
Mas vamos lembrar a letra maravilhosa de Elegia?
Deixa que minha mão errante adentre / Em cima, em baixo, entre / Minha América, minha terra à vista / Reino de paz se um homem só a conquista / Minha mina preciosa, meu império / Feliz de quem penetre o teu mistério / Liberto-me ficando teu escravo / Onde cai minha mão, meu selo gravo / Nudez total: todo prazer provém do corpo / (Como a alma sem corpo) sem vestes / Como encadernação vistosa / Feita para iletrados, a mulher se enfeita / Mas ela é um livro místico e somente / a alguns a que tal graça se consente / É dado lê-la / Eu sou um, quem sabe...
MBA na PUC
A Associação dos Antigos Alunos da PUC-Rio está oferecendo com descontos cursos de MBA do IAG - A Escola de Negócios da PUC-Rio. As inscrições estão abertas até 27 de março. Associados têm descontos de 10% em qualquer MBA do IAG. A PUC, que fica na Marquês de São Vicente 225, Gávea, abriu filial na Barra.O novo campus fica na Av. das Américas. Maiores informações: 22453-900 - Rio/RJ. E-mail: aaa@aaa.puc-rio.br >>>>> Site da AaA PUC-Rio: www.aaa.puc-rio.br
Contato com a Coluna
alfredoherkenhoff@gmail.com
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