
Os regimes autoritários e os seus personagens principais inspiram paixão incondicional dos povos e receio dos seus opositores. Como este assunto é muito controverso e complexo (paixão e frisson popular), eu me reporto aqui somente em relação ao medo. Medo é real porque esta gente utiliza, no início, métodos sutis de sedução e cooptação. Quando o sistema está se consolidando métodos menos sutis e geralmente legais (leis aprovadas pelo congresso) são adotados para aniquilar o pensamento, a palavra e a ação da oposição. Depois, quando o sistema está consolidado, o campo fica aberto para silenciar e banir a oposição. Métodos de coerção e violência são adotados para eliminar física ou moralmente a oposição. Alguns dirão que tudo isto é coisa do passado.
Com razão.
Entretanto, em um sistema fundado no culto da personalidade de um líder carismático, seja ele político ou religioso, é uma avenida aberta para a instalação de novos métodos opressivos e coercitivos, frequentemente fundados na manipulação da mídia e em programas e projetos de cunho populista ou salvacionista. Neste caso, as liberdades democráticas e o estado de direito republicano ficam no fio da navalha. (...)
* - Fernando Herkenhoff, médico e dirigente do PPS
Foto de Chávez é uma contribuição do Correio da Lapa ao trecho do artigo, que poderia ser ilustrado também com imagens de Edir Macedo, J.J Soares e outros menos babilônicos...