Essa solidão de olhares (...)*. Por mais que revisitemos a dor, ela sempre nos parece nova. Pois só o novo inaugura, só o novo ensina o que não sabemos e por isso as velhas formas se renovam. Tudo retorna para nos dizer o que jamais devemos esquecer.
Em cada Indivíduo, seu plantio, a face (re)nova(da) de um outro dia, pois os dias são essa sucessão de lembranças e esquecimentos a que nos submetemos. Fazer, refazer, criar, recriar, dizer, desdizer, a jornada nunca acaba. Os indivíduos que somos semeiam o caos. Relíquia suprema de ser antes, durante e depois. O agora que vivemos é breve demais para conter todo o conhecimento, toda a sabedoria, todo o pranto, toda a dor e alegria. A alegria que é o reverso da dor aprendida. Esse o caos de agora.
Cada indivíduo carrega sementes, todas elas possíveis. Dependerá do homem solitário, a permanência, para que no encontro, ele se perpetue.
Por Thereza Christina Rocque da Motta, poetisa, para o livro Indivíduos, juntamente sós, de Valdir Rocha
* Correio da Lapa: supressão de meia dúzia de palavras feita no começo do texto de Thereza Motta à guisa de um estranhamento, uma forma de mínima intervenção como envolvimento numa densidade dramática misteriosa.
* Correio da Lapa: supressão de meia dúzia de palavras feita no começo do texto de Thereza Motta à guisa de um estranhamento, uma forma de mínima intervenção como envolvimento numa densidade dramática misteriosa.