sexta-feira, 1 de maio de 2009

Fla diante de seu principal jogo em um século


Jogo Mais Importante dos Últimos 97 Anos (1 de 1)

Por Arthur Muhlenberg

Dessa vez não é exagero e nem mistificação. Esse é, indubitavelmente, o jogo mais importante da história do Mengão. Mesmo quem acha que o Carioca não vale absolutamente nada vai concordar. Prestem atenção na escalação do Club de Regatas do Flamengo para o jogo do dia 3 de Maio de… 1912: Baena, Píndaro, Nery, Curiol, Gilberto, Galo, Baiano, Arnaldo, Amarante, Gustavo e Borgerth.

É preciso estar de pé para escrever esses nomes. Foram os 11 guerreiros ancestrais que pisaram no gramado do Estádio Campos Sales envergando a mítica Papagaio de Vintém e iniciaram a era de ouro do futebol mundial, a luminosa Era Flamengo sob a qual vivemos. Quem ali presente ousaria então vaticinar que a impiedosa goleada de 16 x 2 imposta ao também rubro-negro Mangueira mudaria o mundo tão radicalmente?

Nos tempos A.F. (antes do Flamengo) o football era um sport elitista, praticado e assistido apenas pela burguesia. Racista e inacessível aos pés-rapados, o jogo dos moços de boa família estava condenado à virtual clandestinidade. Era preciso mesmo uma força da magnitude de um Flamengo para popularizar aquele jogo e de quebra dar um sentido de vida a todo um povo, que pelas mãos e pelos pés do Mengão começou a descobrir que viera ao mundo para jogar bola.

Desde aquela memorável tarde tijucana o Flamengo vem perseguindo a hegemonia na cidade. Ralamos anos e anos comendo poeira e aumentando a nossa inexplicável popularidade. Conquistando títulos (todos os que existem), corações e mentes. Enquanto isso, povoávamos a terra. Coincidentemente, depois de 97 anos de incessante perseguição, a cobiçada hegemonia estará ao nosso alcance em mais um seminal 3 de Maio.

Imaginem a responsabilidade daqueles 11 rapazes em Campos Sales. Eles só tinham uma singela missão a cumprir: parir o Flamengo! Tremendos heróis. Tais como os 11 que pisarão o gramado do Maracanã com uma missão igualmente vital. A única diferença é que os desse domingo terão o Foguinho no caminho. Não há por que desmerecer o nosso oponente, que pelo terceiro ano consecutivo chega à final apontado como o melhor time do campeonato. Mas com todo o respeito ao simpático time médio da camisa sem graça, dessa vez eles não estão autorizados pelos deuses do futebol a serem um obstáculo.

No fundo, no fundo, até os sem-ônibus de Soldado Severiano, que a sorte escalou como coadjuvantes de um mega sucesso de bilheteria como a anunciada festa vermelha e preta na cidade, sabem que não adianta lutar contra forças muito além dos seus poderes. Com a clarividência dos touros na porta da arena eles estão cientes que só depende da entidade Flamengo (time + torcida) pra que faturemos no domingo o mais valioso de todos os nossos TRIs. Digo isso sem qualquer demérito ao adversário e sem deslustre aos titãs que formaram com Valido, Dida, Zico, Petcovik e que desde 1944 vêm bordando no Manto as estrelas que orgulhosamente trazemos junto ao peito.

(continua no proximo post. Material enviado ao Correio da Lapa pela assessoria de imprensa do Flamengo. Texto foi publicado nesta sexta-feira também no site G1 das Organizações Globo)