Jornalistas compõem diretoria de associação de homens traídos
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Pode não ser a maior conquista que a classe de jornalistas obteve até hoje, mas é seguramente uma das mais extravagantes: a maior parte da diretoria da Associação dos Cornos de Rondônia (Ascron) é formada por coleguinhas. A categoria participou efetivamente de sua fundação, há quase 25 anos, e há jornalistas com cargos vitalícios entre os diretores.
A Ascron dá suporte a maridos traídos. O que mais intriga é a ligação histórica entre redações e a associação. Desde a fundação, jornalistas ocupam cargos relevantes na entidade.
A pergunta é indigesta e inevitável: jornalista tem maior chance de ser traído?
Afinal, existem pescoções, plantões, viagens. "O jornalista acaba esquecendo a mulher em casa. Alguém tem que dar carinho a ela”. A provocação parte de Pedro Soares, presidente da entidade, que hoje conta com mais de 8 mil associados.
Brincadeiras à parte, o fato é que jornalismo não tem relação com o popular chifre. O que deu origem à Ascron foi, sim, o senso de humor dos jornalistas. A entidade surgiu na mesa de um bar. "Apesar de ter começado como uma brincadeira, a associação ganhou proporção muito grande", conta o jornalista Marcelo Reis, diretor da Ascron e hoje vereador em Porto Velho.
Soares tinha um bar próximo às redações do Estadão do Norte e da Rádio Eldorado do Brasil. Era o ponto de encontro após o expediente e foi ali que tudo começou. Em dezembro de 1982, ele andava cabisbaixo e um dia resolveu desabafar: havia sido traído. Surgiu, então, a ideia de criar uma associação para que homens como ele pudessem desabafar e admitir a derrota no relacionamento. Os frequentadores do antigo bar de Pedro Soares, quase todos jornalistas, foram se associando pouco a pouco. "Quem chegava para trabalhar em Porto Velho acabava sendo introduzido à cultura do corno também", acrescenta Silvio Macedo dos Santos, cronista que assina como Zé Katraca.
Vantagens: os benefícios para o associados são muitos. O mais peculiar é o serviço de cabeleireiro especializado em polimento no chifre. Porém, para ser sócio, não é preciso ser corneado. O presidente do Sindicato dos Jornalistas de Rondônia, por exemplo, não escapou da brincadeira. Casado há 23 anos com a mesma mulher, não há nenhum indício de adultério no casamento de Marcos Grutzmacher. Pos isso, nunca procurou a Ascron. "Mas eles colocam muita gente como sócio simpatizante", diverte-se Grutzmacher.
João Carlos, radialista conhecido como JC, aproveitou a onda e criou o programa "Hora do Boi", que vai ao ar todos os dias na Rádio Transamazônica. Entre uma música brega e outra, ouvintes traídos recebem ao vivo conselhos de JC e Pedro Soares. São ouvintes de todas as classes sociais e opções sexuais. Afinal, a entidade acompanhou as mudanças na sociedade. Hoje, homossexuais são aceitos e representam fatia cada vez maior entre os associados. Mulheres também podem se associar.
Caso você queira conhecer a Ascron, visite o site da entidade - com os votos de que seja por curiosidade e não por necessidade.