
Dizem que os estadistas merecem uma estátua. Berlusconi, dias depois do Non B-Day, recebeu uma estatueta de bronze no rosto. O agressor, um desajustado mental, chama-se Massimo, um parente distante de César Tartaglia. Seu golpe, premeditado ou não, atingiu mais a oposição do que os conservadores do Cavaliere de tantos escândalos. A direita fala em terrorismo, quando só se sabe que o clima de ódio atingiu o ápice no frontal do símbolo midiático de uma política de preconceitos raciais.




Se não há palavras lúcidas num gesto de um maluco psicótico, sobram possibilidades de compreensão do seu terrorismo individual. Qual manifestante árabe arremassando sapato, o protesto violento do italiano de 42 anos de idade entra para a História como mais um sinal de que onde tem fumança tem fogo. O chefe do governo de Roma mostrou que não está blindado. O Homem de Ferro sangrou no choque com um metal mais macio. A tentativa de homicídio irrigou a ideia de que não adianta bater o tempo todo. Mas, como vítima, Berlusconi nocauteou a oposição e agora caminha rapidinho para a beatificação, qual mártir do Século XXI, o Século das Luzes da Corrupção.
Por Alfredo Herkenhoff