segunda-feira, 19 de julho de 2010

Eliza e Mércia, dois crimes semelhantes, coincidências



O advogado de Bruno suspeita que o vídeo exibido no "Fantástico" com acusações a Macarrão foi gravado sorrateiramente pela polícia. Não tenho dúvida nenhuma. A polícia deu de mão beijada o vídeo - com exclusividade - à Globo. Na mesma noite de domingo, a polícia deu, de mão beijada também, com exclusividade também, para a Rede Record, um vídeo gravado sorrateiramente com o primo do goleiro, o tal Sérgio, com suas declarações e respostas aos policiais que o tiraram do presídio para uma segunda vistoria na mansão no sitio na grande BH. Ali durante a vistoria Sérgio acusa também o Macarrão.

Já o primo adolescente, o primeiro a abrir o bico, depois que seu tio abriu o carnaval do terror denunciando a desossada de Eliza Samudio m entrevsita à Rádio Tupi, também chamou a culpa a si e a Macarrão, botando de lambuja o ex-PM Paulista como autor da execução da Eliza Samúdio. Até aí as peças de, Sergio, o m,enor e Bruno convergem para tentar de alguma forma aliviar a pena que caberá ao goleiro, o único na trama que ganhava uma boa grana, embora gastasse tudo com parentes favelados e com o luxo libidinoso regado a festins entre tapas e beijos, mais porradas do que tapas...

O caso Bruno tem extrema semelhança com o caso do assassinato da advogada Mércia Nakashima em Sampa. Não está claro se o primeiro homicídio, ocorrido em maio, duas semanas antes do sequestro de Eliza, suscitou o segundo, no sentido de trama para fazer desaparecer cadáver. Talvez a Copa do Mundo na África tenha funcionado também como estímulo, excelente pano de fundo, tempo ideal para crimes tão sórdidos... Sim, toda a mídia estaria à meia-bomba, ou concentrada nas curvas da jabulani.

O crime de São Paulo foi mais sofisticado no sentido de envolver um ex-PM apaixonado e que, segundo a polícia, estudou e planejou a operação: afogar mágoas e o o carro da jovem nissei num rampão que dá para a parte mais funda e perigosa dé uma represa... Mas o autor só não contava que um pescador, no outro lado da margem, estivesse ali insistindo em pegar os últimos peixinhos... E o pescador verdadeiro viu, na escuridão das 8h da noite, a luz do carro de Mércia desaparecer nas águas turvas... E antes ouviu o estampido... Depois, o GPS se encarregaria de mostrar os passos das rodas de um desatino... O carro de Mizael o fez retornar à estrada da suspeição absoluta, Mizael Bispo, o advogado apontado pela polícia paulistana como assassino de Mércia...

O caso Bruno é absurdamente brega, no sentido de tragédia tosca anunciada, já que a vítima gravou entrevista ao jornal Extra e à Sônia Abraão do programa de TV A Tarde é Sua, em outubro de 2009, dizendo que se um fio de cabelo dela fosse quebrado, seria Bruno o responsável... Que se ela tropeçasse, Bruno a teria empurrado.... 
Estará Eliza Viva numa fazenda qualquer ou no interior da Paris dos nossos sonhos, quem sabe se refazendo da cicatriz no couro cabeludo? Ou estará rindo da embrulhada em que meteu o ex-ficante Bruno?

Ou aquele sangue de mulher dentro do carro foi só o aperitivo para os peritos nesse desafio que também é um show que acompanho, acompanhamos, na mídia em rede nacional?

Não causa pasmo a frieza de Bruno e de Mizael Bispo que os dois suspeitos não tenham exalado praticamente nenhuma emoção quando os dois crimes foram expostos pela grande mídia. A literatura policial, a crônica jornalística, no Brasil e no exterior, é pródiga em mostrar que nos crimes envolvendo desaparecimento do corpo de uma vitima, os suspeitos quase sempre demonstram uma tranquilidade inicial, quase uma frieza, quase um deboche, talvez tudo como um contraponto para um certo medo residual de que o crime não tenha sido perfeito. Enquanto mais e mais pessoas vão ficando estarrecidas com detalhes de monstruosidades, os suspeitos procuram manter a calma, mal notando que a calma os condena... Falta-lhes espanto, indignação, emoção!

Como arrimo, não apena de família, mas muito mais um verdadeiro muro a sustentar uma tribo de deserdados, Bruno prenuncia uma tragédia ainda maior: as 30 pessoas que dele dependem não verão mais quase nada dos seus 30 dinheiros que somem no vendaval de cada minuto... Até Patrícia Amorim fala em exigir para o nosso Flamengo um troco...

Frutos sobreviventes a abandonos na infância, parentes de Bruno agora sofrem antevendo a volta aos velhos tempos que nem tão velhos assim são: voltar à pobreza mais absoluta, agora acrescida do desprezo da sociedade do Arroio ao Rio Chuí... 

(Correio da Lapa, por Alfredo Herkenhoff)