Do Paraíso Perdido às Câmeras de Gás
Arte contemporânea em Londres
Arte contemporânea em Londres
A famosa galeria Tate Modern, de Londres, está abrigando a exposição do artista polonês Mirosław Balka intitulada "Como isso é” (How it is). A mostra, uma instalação (foto mais acima), consiste, na sua parte principal, numa enorme estrutura de aço; foi inaugurada no famoso Turbine Hall da galeria no último dia 13 e vai até 5 abril de 2010, integrando as séries Unilever (Alavanca) em sua décima edição anual. A instalação de aço é o ponto principal da mostra que engloba uma área escura aberta à visitação.
Nesta terça-feira, 20 de outubro, o escultor e pintor polonês estará pessoalmente na Tate com o curador, historiador e crítico brasileiro Paulo Herkenhoff para uma conversa aberta ao público sobre a exposição e a trajetória de Balka.
Nascido em 1958, Mirosław Balka é conhecido por um trabalho em que opera a sua própria história pessoal (a educação católica que recebeu) fundindo-a com a trágica história política e geográfica do seu país, agredido por potências vizinhas ao tempo do nazismo alemão e do comunismo expansionista de Moscou.
Mirosław Balka (fotos) andou visitando o campo de concentração de Treblinka, onde os nazistas exterminaram milhares de judeus, que eram a maioria da população naquela região polonesa. O escultor afirma que a sua arte não é sobre o holocausto, mas sobre “o ser”, girando muito em torno da ideia de queda, queda desde o fruto proibido do Paraíso, queda moral, queda da urina no fundo do poço da degradação política, queda também como ascensão, intolerância e atmosfera pesada, repleta de males, o que exige do público um silêncio diante de um ambiente de tamanha loucura feita de ferro, fogo e fundições da morte. Não à toa a arte de Balka incorpora a ideia e o uso concreto de temperaturas diversas como parte integrante da estrutura da linguagem das esculturas.
Por Alfredo Herkenhoff, especulando distâncias e entrecortando incompreensões...