quinta-feira, 27 de agosto de 2009

Carnaval no Rio de Janeiro - Eduardo Paes 3 de 3


Carnaval 3 de 3 - Sites Pentimento e Tribuneiro


E a palavra, prefeito?

(Ou: quando acreditei em Eduardo Paes)
por C.A. - Segunda-Feira, 13 de Julho de 2009, às 17:37 - Site Tribuneiro)

Tão-logo encerrado o carnaval [de 2009], roubado descaradamente o Império Serrano [pelos bandidos-bicheiros da Liesa], recebemos o prefeito Eduardo Paes na quadra da escola, em Madureira [foto ao lado], e lhe fizemos uma longa - e séria - exposição sobre a situação das escolas de samba que não integram o star system da contravenção. (A situação - em uma linha: o limbo e, quando na dúvida o bandido, sem dúvida: bode-expiatório).

Na ocasião, informamos ao prefeito Paes [aliás, muito à vontade ao lado de um tipo como Chiquinho da Mangueira, seu secretário] que, rebaixado ao grupo de acesso - resultado que não nos conformava, e contra o qual botávamos já a boca no mundo -, o Império Serrano seria alvo de poderosa retaliação [ora já em violento curso] dos bicheiros vingativos [os canalhas!], e que assim, não fosse protegido [de forma transparente, nada além] pelo poder público, amargaria, apresentasse o melhor desfile de sua rica história, dez anos de segunda divisão. (No barato)…

Em nome das escolas de samba que não são conduzidas pelo poder absoluto dos banqueiros do bicho, em nome sobretudo da lisura do processo, em nome da clareza que deve sempre importar aos homens públicos de verdade, fizemos uma solicitação simples e honesta - em respeito à transparência de uma festa popular de resto organizada com dinheiro do município [quase R$ 40 milhões]: que a prefeitura assumisse o controle do julgamento, apenas isso, tirando da Liesa a escolha dos julgadores e o “treinamento” deles, com o quê, eu me lembro, nos seguintes termos concordou [imediata e energicamente] o prefeito: “Estou seguro de que o grande problema está mesmo no julgamento, no que vamos atuar”, e assim falou, olhando com firmeza para a secretária de Cultura Jandira Feghali.

E para quê? - eu me pergunto. Tudo falso… Tudo mentira.

O prefeito, como declarou hoje, considera as escolas de samba, patrimônio cultural do Rio de Janeiro, algo irrelevante, eis a verdade, algo menor; e se saiu, a propósito, com a seguinte grosseria cínica, típica do mestre Lula em dia de deboche à inteligência alheia: se a prefeitura se envolve agora com a escolha de jurado de carnaval [como se a municipalidade não investisse um real na coisa], daqui a pouco estará decidindo a escalação de árbitro de futebol nos jogos da cidade… Isto, que ele concebeu como piada [hahahahahaha!], é uma vergonha. (Omissão torpe; desprezo profundo à incontornável matriz cultural desta cidade - que é o carnaval das escolas de samba, que é, particular e destacadamente, o Império Serrano).

Eduardo Paes, anunciando hoje que vai licitar o vendedor de cachorro-quente no Sambódromo […], não só manterá sob o obscuro da Liesa toda a organização [artística…] do carnaval, como, negando a palavra que nos deu, deixará com ela - com esta liga da marginalidade - a seleção escusa, o preparo “doutrinário” e toda a coordenação [de sombras] do julgamento, isto que, lhes garanto, aos poucos matará as escolas de samba.

E teremos então dois responsáveis, dois notáveis gestores do caminho mais fácil - ambos no mesmo patamar [baixo…]: Czar Maia e Eduardo Paes, este a quem, até o carnaval, não nos cansaremos de lembrar a barbárie anti-carioca que [claro está] vai chancelar.

A Liesa é inimiga das mais bonitas tradições cariocas, que quer destruir; e quem fecha com ela cospe no Rio de Janeiro.

Não passarão!



Pós-escrito [21h41] - ainda a respeito, um adendo, porque é preciso separar bem as coisas:

Não quero que a prefeitura se meta com a Beija-Flor e com o bandido que lhe dá dinheiro. Isto, bem entendido, é problema da polícia - questão de segurança pública. (O mesmo serve para qualquer escola, querida ou não, que seja controlada por um grupo contraventor; pontualmente, não me interessa, em que pese o meu desprezo pela ilegalidade).

O meu ponto-desejo é simples - e creio que a ampla transparência do processo, no que concerne à autoridade pública, começaria a existir aí, impondo-se, sem acomodação, como responsável que é: que o julgamento das escolas, de todas as escolas, não seja controlado por um colegiado de bandidos de resto ligados a algumas agremiações [em detrimento de outras]; porque desse jeito, já de partida, o resultado é duvidoso e permite que um louco como eu grite, ainda que errado [acredite, não é o caso], que o obscuro concurso organizado pela Liesa é uma farsa em que já se conhece a ordem de classificação, estabelecida por motivos políticos e [digamos] financeiros, um ano antes dos desfiles; e que a colocação das escolas no carnaval, umas melhores que as outras, nada tem a ver com samba e com aquela penca de quesitos, e que também faz parte da distribuição de bônus [de lucros, como numa empresa] aos bicheiros pelos excelentes, bons, razoáveis ou ruins resultados aferidos, nas bancas do estado, ao longo do ano anterior, cabendo àquelas agremiações que não formam fileiras ao crime, que não jogam no time, sempre os últimos lugares.

E é então que pergunto…

Diante da maneira subterrânea como se organiza o carnaval hoje, diante do que indicam os resultados [os campeões recorrentes, os rebaixados compulsórios], alguém pode dizer - com segurança - que o que venho de escrever, esta trama da teoria da conspiração, é um absurdo?

Não pode.

Não pode, senhor prefeito.

E é a isto, à transparência de uma festa popular patrocinada pelo município [que por ela é o responsável e dela, o fiscal primeiro], que um grande homem público [será peso demais para o senhor?] deveria atentar.

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Ao leitor que me pergunta - não sei se satisfeito… - pelo incansável de meu trabalho tribuneiro hoje [são 300 posts, segundo o sujeito], respondo honestamente: meu caro, preciso me ocupar, ler todos os jornais [inclusive os da Venezuela], lançar mil notas no twitter [aqui] e escrever dois mil textos [inclusive os impublicáveis]; e só Honduras [a minha pátria querida!] já não dá mais conta. (Eu faço assim: penso - para não pensar). (Entendeu)? (Ou quer que eu desenhe)?