Três digressões sobre política externa, conflitos e ameaças
Política Externa 1: John-Paul Rathbone, em artigo no Financial Times diz que a política externa de Lula é suave e feita de inconveniências, com os críticos qualificando-a de narcisista e inocente. O articulista lembrou da omissão de Lula à morte do dissidente cubano e dos paparicos do presidente brasileiro a Chávez e Ahmadinejad. Disse que os críticos veem nisso uma política do mosquito grande, que transforma o Brasil num gigante político que moralmente é um pigmeu. Lula sentiu e rebateu.
Política Externa 2: Brasília festeja 50 anos citando Bonifácio, Hipólito, Dom Bosco e JK. Mas creio que o sonho de interiorização não teve importância estratégica nas origens. Decorreu muito mais de um trauma da Espanha, pais que foi invadido e ocupado por árabes mouros durante sete séculos, país que dominou Portugal por 80 anos. Lisboa, à beira mar, engoliu Tordesilhas, os falsos meridianos do Atlântico então conhecido como Mar Tenebroso. Na Europa central, temos Madri, Berlim e Paris como capitais interioranas, capitais conquistadoras e imperiais, mas que foram todas derrotadas no devido tempo. Pensar sempre que NY, Tokio, London, Los Angeles e Rio de Janeiro vivem à beira d'água e assim sempre será.
Com essa digressão, vejo que quase não se investiga que Brasília foi também, para além dos sonhos, um projeto que envolveu, no nascedouro, e envolve, até hoje, corrupção, enriquecimento ilícito, tijolo a tijolo.
Política Externa 3: Irã anuncia nova usina de urânio. Bomba: meu histórico: EUA, a II Guerra e a Fria. Londres logo logo por ser co-irmã como força vitoriosa. Moscou, a Fria. China, idem. Até aí tudo bem tudo plausível. Mas a França ter um arsenal nuclear? Para que? A Índia e o Paquistão nunca assinaram tratado de não-proliferação. Fronteira sempre tensa. Sobre Israel, no comments. E a Coreia do Norte com 10 bombas é a cereja do bolo da insanidade! A Coreia troglodita só tem três vizinhos: Rússia, China e os irmãos do sul! Ainda assim, o caso mais escandaloso é o da a França, que saiu da OTAN e despreza até hoje os que a libertaram do jugo nazista. Irã e Chávez? Nem pensar...
Por Alfredo Herkenhoff
Correio da Lapa