sexta-feira, 14 de junho de 2013

A Primavera do Ônibus

 A Primavera do Ônibus 1/6
 




A grande imprensa, depois de mais que uma omissão, uma covardia modorrenta, qualificando generalizadamente os manifestantes como vândalos, acordou. Ou melhor, os chefes das redações foram acordados não pelos vidros quebrando num ponto de ônibus na Paulista, mas pelos choros de dor de repórteres atingidos pelo terrorista Geraldo, foram acordados por não-manifestantes levados na pancadaria de roldão, foram acordados não pelos seus últimos velhos leitores, a maioria de gente bem sucedida e conservadora, mas foram sim acordados pelos seus repórteres e principalmente pela sociedade que está vendo o óbvio: os manifestantes apenas imploram por ética, muito mais abaixo os 30 dinheiros do que abaixo os 20 centavos.
 
A Primavera do Ônibus continua aceitando novos passageiros. Ninguém sabe do ponto final.
 
Sérgio Cabral se portou bem ao manter a sua polícia em calma ontem na hora que rolava pancada em Sampa. Lá e cá no Rio os jovens manifestantes não querem nenhuma violência, querem ter voz, é rito de passagem. Embarcaram na vida política. A importância dada pela grande mídia a meia duzia de punk-vândalos que tentaram o quebra-quebra já foi reduzida ao que sempre foi, foi nada, pequeno transtorno politizado pelos desesperados no poder e politizado e anatemizado ou demonizado pelos granfinos da grande mídia.

 

Sérgio Cabral deve se preparar não só para continuar mantendo a paz, mas apoiar as manifestações, claro, surgem sempre frases ofensivas a governantes, fiquemos apenas com as mais criativas, as mais bem humoradas, as mais inteligentes.
 
Não tendo nenhum caráter partidário, a Primavera do Ônibus pode ser aproveitada por políticos mais sensíveis.
 
Os candidatos Pezão e Lindberg sabem que não devem se meter, mas podem sim manifestar solidariedade aos jovens, devem se manifestar pelos manifestantes. Cabral deve aproveitar a frota do transporte de massa para promover mudanças no ano e meio final do seu segundo mandato, deve aproveitar também a tropa e mostrar: vamos agir como se age no mundo civilizado, vamos proteger essa rapaziada. Estamos no mundo das Confederações, estamos no esforço hercúleo de uma parada olímpica. Vamos nos comportar. E o governador poderia aproveitar a anunciar um aumento salarial para os policiais, que estão entre os mais mal pagos do Brasil,
 
Geraldo Alckmin já não tem essa chance, perdeu o bonde da Primavera do Ônibus. Este governador não tem mais chance de conhecer o ponto final. A viagem dele já terminou, Geraldo terrorista vai padecer no inferno ao lado do seu sócio oculto, o próprio capeta.
 
Em um ano e meio, Cabral, você ainda consegue melhorar o seu governo. Abre o olho. Desafie os manifestantes a botar 100 mil na Rio Branco pacificamente pedindo ética na administração pública. Muitos eleitores seus irão. Irei. Mas quero garantias de respeito mútuo.
 (Por Alfredo Herkenhoff)

Seguem mais cinco takes sobre o tema neste Correio da Lapa