quinta-feira, 20 de outubro de 2011

Flamengo perde por 4 a 0 no pior mico de 2001 em pleno Engenhão

MENGÃO PALHAÇADA
A Sul Americana já foi atalho para vaga na Libertadores. Ontem, o Mengão entrou em campo sem notar o seguinte: nas oitavas, estava a oito jogos da Libertadores no regime mata-mata. Mas no Brasileirão, também estava e está a oito jogos da vaga. Agora o Mengão está a um jogo do caos, a realidade cearense da eliminação.

PALHAÇADA
O Engenhão foi invadido por 80 chilenos barulhentos na arquibancada. Nós, rubro-negros, não éramos mais de que uns 150 abnegados distantes da transmissão ao vivo da Globo. Abrimos mão do mando e da torcida. Engenhão deserto, não sei onde fica, como vai nem como volta. Engenhão virou passatempo de quem mora no Recreio, gente da Linha Amarela. Falta-lhe logística. Fosse este jogo de ontem em Uberlândia, Juiz de Fora, Cachoeiro de Itapemirim, Vitória ou Quixeramobim, o Mengão botaria milhares de pessoas pra torcer in loco e dizer : um dia, lá atrás, eu vi Ronaldinho jogar cara a cara, como posso dizer que eu vi Pelé da arquibancada do Maraca 40 anos atrás.

PALHAÇADA
Configurado o desastre com o 2 a 0 no primeiro tempo, Luxemburro e Patrícia deveriam ter tirado Ronaldinho e Thiago Neves da etapa complementar, que teria sido mera preleção, um vexame-treino para um Mengão sem seus dois principais nomes experimentando a nova formação para o jogo decisivo de domingo contra o Santos. Neste encontro no Engenhão, o Santos vem com sede de vingança. Pressinto loucuras: ou o Mengão vai tomar de novo de quatro, ou vai meter quatro. O Flamengo, ao manter Ronaldinho e Thiago Neves no segundo tempo, mostrou que não pensa, mas é dominado pela arrogância do treinador que não treina. Não tem tempo nem cabeça. Já foi a sua vocação.

PALHAÇADA
Com que cabeça o Mengão vai entrar em campo contra o Santos, que já armou até o marketing para o jogo da vingança? Ontem Borges, ao marcar um gol, igualou-se a Chulapa como o maior artilheiro do clube num Campeonato Brasileiro. Domingo, se marcar de novo, Borges vai superar o maior artilheiro santista em Brasileirão. Borges saiu ontem aparentemente alegando problema muscular. Mas acho que foi apenas poupado. Muricy Muriçoca (foto), atual campeão do Brasileirão, disse que o Santos abriu mão do Brasileirão para conquistar a Libertadores e garantir vaga no mesmo torneio ano que vem. Ou seja, não tergiversou. Muricy, ao contrario de Luxa e Felipão, o Mal-Educado, é ganhador presente, não vive de cartel invejável para justificar o fracasso contemporâneo . Murici sabe que o Inter, que ele já treinou, tentou brincar de poupar elenco na reta fina de um Brasileirão e se estrumbicou no Mundial de Clubes num dezembro dois ou três anos atrás. Como um indivíduo, o time também perde ritmo de jogo. O Santos dá sinais de que mesmo diante da superioridade do Barça, não vai brincar em serviço. Neymar ontem fez a diferença. O Santos não disputa nada, mas não quer perder ritmo de jogo. Domingo o Santos fará a último partida à vera. Depois, é só administrar o ritmo e ajudar inimigos do Corinthians, ou seja, vai ajudar Mengão, Fluzão, Fogão e Vascão.

PALHAÇADA
Ronaldinho como comentarista - falando de chances de ser campeão - é um perna de pau. Chegou nos braços da galera, pode sair enxovalhado. Vi o jogo no bar e ouvi rubro-negros falando mal dele como jamais vira antes. Quero queimar a minha língua e ver o Flamengo qual Fênix conquistando o Hepta daqui a seis ou sete semanas. Mas está tão difícil quanto acreditar em Papai Noel. Cala a boca, Ronaldinho, não converse comigo, nem com a Globo nem com o Seu Juiz. Suas expulsões tem me lembrado Filipe, o vascaíno filho de taxista, erráticas, evitando viajar com o elenco. Jogador que for expulso não pode ter dias de folga. Expulsão tem de significar concentração.

PALHAÇADA
Talvez eu esteja completamente errado. Reconheço: quando Damiao sentiu contusão na véspera da apresentação para um joguinho caça-níquel da Seleção, pensei 20 dias atrás que o Inter estivesse aprontando uma fuga, mas não, o destaque colorado estava realmente mal. Não li o noticiário ainda na net, talvez Borges tenha sentido ontem algo, talvez tenha sido poupado como Damião não foi.
Aos colegas da Nação d’O Mais Querido, só no resta torcer. Em 2009, o matemático Pífio Garcia escreveu em The Grobe que a chance do Mengão ser campeão era de menos de 1 por cento. E que a chance do Fluzão não cair também era menos de 1 por cento. E o cara continua fazendo estatísticas bisonhas.

PALHAÇADA
A última vez que sai de casa para ir comprar jornal na banca ali da esquina foi seis meses atrás. Ler jornal impresso virou hábito de velhos e viúvas assim que vem a viuvez. Elas leem o exemplar que chega até que se esgote o prazo da assinatura. Depois, não renovam.

PALHAÇADA
Conversando com o jornaleiro: ele me diz que antigamente chegavam à banca dele 39 revistas Playboy e voltavam como encalhe dois ou três exemplares no fim do mês. Hoje chegam três exemplares e voltam três. Ou seja, a banca, ele me explica, virou mercearia, vende cigarro, credito de celular, Coca Cola, mariola, apostila para concurso publico etc. tudo, menos jornal e revista. Mas os anunciantes ainda não se deram conta no Brasil de que estão jogando dinheiro fora. Ah, jornal impresso ainda é habito de garçom, peão de obra, porteiro, enfim, esses laboriosos e humildes trabalhadores que não têm tempo para navegar e cujos filhos estão nas lan houses. Eles gostam desses tabloides popularescos como o Meia Hora, este prestes a ser rebatizado como Bunda Inteira.

PALHAÇADA
Luxemburgo mostra arrogância ao explicar a partida. Agora que nada resta a fazer no jogo de volta em Santiago, ele devia sim obrigar Ronaldinho e Thiago Neves a viajar sobre os Andes. Nada de time reserva. Concentração.

Palhaçada
Em 2008, o Mengão, depois de sapecar o America do Mexico no México, recebeu o time de Cabanas no Maraca. Perdíamos por 2 a 0 e aquilo ainda bastava para prosseguir na Libertadores. Mas a palhaçada mandou o Mengão atacar loucamente até que Cabanas fizesse o hat trick e nos mandasse ao inferno do maior mico, o pior 3 a 0 de minha vida. Depois Cabanas, o paraguaio, levaria um tiro no coco, tiro falso que não o matou. Antes tivesse levado três tiros autênticos antes daquela noite de quarta com o Maraca lotado. Ontem deu-se o mesmo. Ontem perdi a última esperança. Hoje eu sou o matemático de The Grobe de ontem. Nossas chances se escafederam de vez. Não temos disciplina, temos a má vontade e a empáfia. Falta-nos futebol, sobra-nos marketing. 4 a 0 foi pouco. Merecíamos ter caído de seis, ou mesmo por hepta goleada. (Por Alfredo Herkenhoff, Correio da Lapa, Rio de Janeiro, 20 de outubro de 2011)