terça-feira, 29 de abril de 2014

Será que posso votar e eleger João Vicente Goulart presidente do Brasil?



Eu gostaria de ajudar a eleger João Vicente Goulart 
para a Presidência da República Federativa do Brasil.
 
  Eleger o filho de João Goulart seria um desagravo monumental do país pelo golpe de 1964, golpe que compreendo como consequência da polarização da Guerra Fria, consequência da radicalização das esquerdas excitadas com a Revolução Cubana, consequência da radicalização das forças conservadoras, que já tinham sido abortadas na primeira tentativa de derrubar um presidente eleito na base da mesma presunção de culpa, em 64 a invenção de que Jango fosse comunista,  em 54, a de que Getúlio soubesse  do Gregório no mar de lama, o atentado a Lacerda em Copacabana .Vingou nas duas situações o domínio do fato, como vinga agora no Supremo também sob influência de uma mídia que, já mais calejada, promove edições de olho numa possível reviravolta que tire Dilma do poder e recoloque no Planalto  quem já por lá esteve por muito tempo.

Golpe de 64 que compreendo ainda como consequência também de medo até da Igreja Católica, que do púlpito  insuflou fieis a se levantar contra o governo federal. E claro, medo de Washington de que a moda cubana se alastrasse.
 
 Nesse balanço dos 50 anos do golpe, militantes  e professores dizendo que o golpe não contou como apoio do povão, apenas da classe média e dos poderes liberais e conservadores presentes na classe política e nos grandes meios de comunicação, exatamente como hoje... Mas vejo que a massa, na ocasião do golpe, estava simplesmente alienada ou anestesiada pela mídia.  E sim, houve as passeatas conservadoras maiores em São Paulo,mas houve também em muitas dezenas de cidades, houve até no Meu Pequeno Cachoeiro...

Por isso concordo que o golpe foi civil e militar. E Jango, ao recusar a fidelidade do setor sulino do Exército, evitou um banho de sangue inútil. Nesse sentido, ele foi um herói, um herói em silêncio, como Getúlio também foi em silêncio, ao se matar de forma premeditada. A carta-testamento bem escrita, datilografada, revisada até por aquele assessor, como  é mesmo nome dele, é  Lourival?

Bem, só não vou votar em João Vicente em duas situações: Se a vitória da Dilma Rousseff estiver ameaçadíssima por essa campanha que apenas começa a rolar na grande mídia e, se, claro, o Carlos Lupi, na chefia do PDT, conseguir impedir que o filho de João Goulart saia candidato.

 
 Mas votar  nele é uma necessidade que vem do fundo da minha consciência. E nessa levada, imagino que se, milagrosamente, a candidatura de João Vicente  explodisse, como a de Barack Obama explodiu via internet em 2008, as ruas do Junho em Chamas sorririam como há muitas décadas não sorri. Sonhar não custa nada... As ruas soariam vitoriosas...

O Brasil anda meio triste, as Olimpíadas estão por um fio, o Maracanã virou um espaço fashion, não
 há mais negritude na arquibancada. Ninguém fala em enfeitar as ruas a seis semanas do início do Mundial. Tudo muito estranho. Só João Vicente parece não perder a calma, parece sim que ele herdou foi a serenidade do pai.
 (Por Alfredo Herkenhoff)