quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

Império Serrano - Aprenda o lindo samba para Dona Ivone



E a Globo não vai transmitir ao vivo Dona Ivone na Imperio Serrano em 2012

Eis o email recebido do colega musicista Gerdal Jos´é de Paula

Prezados amigos,

Senhora da canção que, pela verdade autoral tangida em cordas de cavaquinho, não se afasta do que é, a nonagenária Dona Ivone Lara (foto abaixo) é exaltada, com toda a justiça, neste sábado de carnaval, 18 de fevereiro, pelo Império Serrano no Grupo de Acesso A. Sendo a penúltima a desfilar, a jiboia da Serrinha será esticada, de fato, na Sapucaí já na madrugada de domingo, realçando em suas alas, alegorias e adereços uma personalidade que, como já observou o mangueirense Nelson Sargento, é a própria personificação do samba. A exemplo da saudosa Dona Gertrudes, da Unidos de Lucas, Dona Ivone Lara desbravou, na escola de samba, um território masculino da criação, a ala de compositores, provando o seu valor, em 1965, na feitura do inesquecível "Cinco Bailes na História do Rio", em parceria com Silas de Oliveira e Bacalhau. Se nela a aptidão musical, herança dos genitores cedo desaparecidos (o pai, violonista; a mãe, cantora do rancho Flor do Abacate), seria, ao longo da carreira, um canal espontâneo para a expressão e a expansão da melodia rica e envolvente (muitas vezes residência do lirismo de Delcio Carvalho no verso), alguma instrução formal lhe seria ministrada, na infância, nos anos de internato do Orsina da Fonseca, na Tijuca. Lá, teve como professora Lucília Villa-Lobos, esposa do maestro Heitor Villa-lobos, sob cuja prestigiada batuta, a aluna destacada no colégio cantaria, naqueles idos bem vividos, como integrante do Orfeão dos Apiacás, em apresentação única na Rádio Tupi. Uma vocação que, fora da quadra do Império Serrano, como cantora e compositora, só em 1978, teria a acolhida natural e integral do disco, nas doze faixas do elepê "Samba, Minha Verdade; Samba, Minha Raiz", lançado pela Odeon (antes disso, só participação nos elepês "Sambão 70", de 1970, e "Quem Samba Fica? Fica", de 1974). Sonho seu consumado quase ao mesmo tempo da chegada da aposentadoria como enfermeira e assistente social, que auxiliou a famosa doutora Nise da Silveira no tratamento ocupacional de psicóticos. Outros fonogramas viriam como consequência de uma atenção que, a partir de então, seria exclusivamente destinada por essa divina dama à sua música. Um caminho dela, com ela, no seu acreditar, indo em frente.
Um bom dia a todos. Grato pela atenção à dica.

Um abraço,

Gerdal