quarta-feira, 21 de novembro de 2012

EU E NÓS, JUÍZES DOS JUÍZES Cachoeira à frente de 46 pedidos de indiciamento

EU E NÓS,
JUÍZES DOS JUÍZES 

Cachoeira, à frente de 46 pedidos de indiciamento, sinaliza a chuva benfazeja de alvarás de soltura. 

 Dura led sed lex, no cabelo só Gumex.

In dubio, pro JB, pro Joaquim Barbosa.
 

Eliza não morreu.

 Mensalão, Mensalinho, Bruno e Macarrão.


 Enquanto houver vara, haverá esperança para a preservação da floresta, todas as cascatas convergindo para a Cachoeira's Fall.
 


O relatório final ca CPMI é só o começo. Qual a maior surpresa? O pedido de indiciamento de Locanty Cavendish (isso mão parece nome de pirata do Caribe)? Ou pedido contra um graduado jornalista da Veja pelo crime de formação de quadrilha? Ou será o documento do parlamentar petista, que  assina o relatório, pedindo ao Conselho Nacional de Procuradores que investigue o Gurgel, o procurador geral da República? E pior, pelo crime de prevaricação... Ou a maior surpresa será o pedido - na verdade recomendação - para que MP e PF investiguem e indiciem o governador Perillo por associação goiana com o crime organizado do Charlie Waterfalll?
 A exemplo do Mensalão, agora o MP e a PF vão produzir provas, milhares de interrogatórios, um calhamaço que, lá na frente, daqui a alguns anos, propiciará que um futuro Procurador Geral abra uma ação penal pública a ser destrinchada por aí... Em qual colégio? Em qual vara? Governador e alguns parlamentares têm direito ao STF, o foro privilegiado e tantas vezes privilegiador, mas que ultimamente anda com sanha condenatória.
 O samba do crioulo doido está só começando. Antes éramos o país de milhões de técnicos de futebol. Agora viramos todos juristas, entre papos mil sobre o goleiro Bruno e Elias Maluco, o qual, quando sair da cadeia, sairá automaticamente como jornalista, garantido nesse direito pelo mesmo Supremo ex-canudo universitário...
E ontem à noite, Carlos Cachoeira, que estava havia nove meses em cana, foi condenado a cinco anos e oito meses. A condenação, entretanto, pariu um alvará de soltura expedido pela mesma decisão judicial. Como a pena é menor que oito anos, não se recomenda regime fechado, e ele foi pra sua casa imediatamente para comer uma pizza e comer aquela loura linda e apaixonada, aquela perua cheia de jóias que tentou comprar um juiz à luz do dia e que agora teve pedido  ou recomendação de indiciamento por vários crimes, incluindo o de corrupção ativa, que é oferecer vantagem a servidor, o magistrado em seu próprio gabinete.
 Carai. Bem disse José Simão: Cachoeira foi ontem condenado a ser solto ontem mesmo.
 Odair do PT, o parlamentar que assina o relatório final da CPI Mista e Quente, parece ter usado um estilo que ouso batizar de Pós-Mensalão,  ou estilo JB, de Joaquim Barbosa, que é o mesmo que vigiar pouco (os autos), punir muito por presunção e ganhar manchetes a favor e elogios da opinião pública que segue as mesmas manchetes.
 Procópio da Veja não foi sequer depoente na CPI. Soa vingativo o pedido para que seja investigado, julgado e condenado.O próprio pedido no Brasil soa como condenação.
 Mas a ação de um jornalista atrás de informação e que por isso se aproxima de fontes criminosas é totalmente diferente de formação de quadrilha. Mas a  Veja está pagando porque aqui na terra se faz e aqui se paga. Está provando do próprio veneno. Pela importância de Procópio, posso pensar metonimicamente que é a própria Veja que está a caminho do indiciamento.
 Está na hora de voltarmos ler a Casa Verde, de Machado. Se todo mundo é doido, ninguém é maluco. Ainda bem que Brasília não restaurou a guilhotina francesa. Estivéssemos na era do terror interpares, de execuções sumárias, o grito do Bezerra da Silva (Se gritar pega ladrão, não fica um, meu irmão) perderia o sentido. Estariam todos mortos com a sociedade brasileira à espera de um Napoleão...
No Brasil, esse novo sistema político-judicial de punir está condenando todo mundo não à morte,  mas à vergonha. Não importa quantos meses ficarão nos presídios infernais esses indiciados, sejam réus atuais, réus iminentes, eles já estão mortos, foram desprezados pelo presente. Veja que até a Veja foi pra vala. Morreu. Está morta, mortinha da Silva, está sentindo agora o que é ser condenado sem que se considere apenas o que está nos autos.
  Mas já pra Demóstenes não muda nada estar na lista dos 46. Ele pode se achar eternamente senador, mas aos olhos nossos, em nosso dia a dia, já é mais do que sabido que ele nasceu e vai morrer com cara de bunda, um bundão.
  Quem está condenando é a mídia numa dobradinha ora com parlamentares, ora com tribunais. O que aos olhos de muitos parece um avanço, vejo, com estes que a terra há de comer, que estamos retrocedendo.
 Aguardo um novo Sobral Pinto, um causídico católico contemporâneo, um humanista conservador contemporâneo, pra livrar o ateu marxista José Dirceu das masmorras medievais que são nossas penitenciárias, e para tal com base na velha lei de proteção dos animais, como fez nos anos 30 com Luiz Carlos Prestes no alvorecer do Estado Novo, aquela velha ditadura.
Ao preservas Cachoeira da pena de restrição de direito do ato de prosseguir circulando, a juíza Ana Claúdia se ateve aos autos. A magistrada ganha um prêmio ambiental. Cachoeira pode mostrar a exuberância da sua própria natureza. Do mesmo modo, ao impor aquele somatório de penas para os 25 réus remanescente do Mensalão, os ministros do Supremo se limitaram a seguir os ritos das leis, interpretá-las, executá-las. Ganharam elogios,  especialmente da Veja.
 Meus, não. Esperaram sete anos pra condenar sem ver que  o sistema judiciário brasileiro está condenado desde Rui Barbosa que, entre outros brocardos, cunhou  este inesquecível: justiça lenta não é justiça.
 Manter um condenado numa cela-cloaca é um crime continuado. A Constituição Federal não permite este descalabro em nosso sistema carcerário. Mas quem pode julgar o Supremo?
 

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 Na semana passada, o Band Datena, que eu acho meio enjoado, mas eu o via por acaso enquanto bebia uma Coca Cola no balcão de um botequim, defendia-se de um desmentido oficial do governo de São Paulo porque dissera na véspera que o secretário de Segurança estava fora. O governador Geraldo já procurava um novo nome. Datena estava certo. O Ferreira finalmente caiu. Quer dizer, tinha caído, mas só anunciaram agora...

 (Alfredo Herkenhoff)