quinta-feira, 1 de setembro de 2011

Pela privatização do Bondinho de Santa Teresa

REFLETIR POR UM RIO MELHOR COM MELHOR SEGURANÇA: 

Um político ambicioso com desejos de se tornar governador do Rio de Janeiro e, na sequência, presidente do Brasil, diante da tragédia do Bondinho de Santa Teresa, pensa grande, pensa a demagogia maior. Já mandando no palácio da Pinheiro Machado, seu primeiro ato é comprar o Bondinho do Pão de Açúcar. Agora o Caminho Aéreo é estatal.  Felicidade na Cidade Maravilhosa. Só turista  paga para subir. Carioca da gema, sem dinheiro, mas com voto,  não paga para subir na Praia Vermelha. E ainda pode assaltar os visitantes e até matar um ou outro, em especial aquele que pagou para subir e subiu de vez.

 Dez mortes depois, duas greves, uma paralisação para uma reforma fajuta do equipamento sucateado e pronto: O Bondinho na Urca é um orgulho. O governador voa alto e chega ao Planalto. E sem freio no céu da ilusão do poder, descobre, no primeiro dia em Brasília, que o Bondinho do Caminho Aéreo do Pão de Açúcar despencou, matando 54 pessoas e ferindo cinco. Absurdo. O Caminho Aéreo do Pão de Açúcar é nosso. Tem de encontrar o culpado. Aí alguém fala em privatizar o bondinho na Urca. Chiadeira.

Moral da História: O bondinho de Santa Teresa não exerce a função de transporte de massa. Quando ele ficava meses parado poucos notavam. Os bondinhos de Santa  são as lagostas de Cuba, only for you, turista de países ricos e capitalistas. Os socialistas cubanos preparam as lagostas mas não as comem. Servem-nas como deveria servir o  bondinho de Santa, para gerar riqueza no bairro carioca, ou para, lá em Cuba, gerar  divisas ajudando Havana a enfrentar o vazio econômico e o embargo comercial dos Estados Unidos. 

 Sou a favor de um  bondinho charmoso, novo como se fosse de 100 anos atrás, mas sem exercer função de transporte de massa.  Que uma boa empresa do ramo, de Zurique ou Marselha, ou San Francisco, receba a incumbência de mostrar quão péssimos são os administradores dos políticos brasileiros que vencem eleições majoritárias. Nomeiam em nome da governabilidade a ratalhada amiga boa de voto.

 Estou com Pelé, vai aprender a votar e pare de achar que está feliz no estribo, pare de rebolar achando que dá lucro roubar visitantes que pagam para subir, mas não cantam para morrer.

 Choramos os mortos da semana passada. Mas digo: político, tu é ladrão!

Tudo tem seu preço. Quer bondinho de massa? Expulse os carros de Santa Teresa, expulse os micro-ônibus, as montadoras de quatro rodas, faça uma revolução, mas não me venha com essa conversa de que poder público sabe administrar uma dúzia de bondinhos velhos no meio de um bairro montanhoso de quilômetros serpenteando a Zona Sul, o Centro, a Zona Norte a Floresta da Tijuca. Pare com essa bobagem. E neste bairro charmoso, que por sua topografia escapou da especulação imobiliária predadora, existem hoje 19 favelas.

 O bondinho tem de levar riqueza para os pobres de Santa Teresa, não transportar os seus moleques que, ingenuamente, prejudicam a indústria do turismo.

 O bondinho é da comunidade ou da cidade? O bondinho é da humanidade, é da urbanidade, é da eficiência. Politico só é eficiente quando pensa no voto. Depois, é mão no saco. E são todos ficha-limpa! La Roriz, flagrada enfiando a mão na meia, faz discurso no plenário.

 Não é sacrilégio dizer: por favor, poder público, reconheça que você de bonde não manja nada. privatize o Bondinho o quanto antes. Santa Teresa merece ter no Bondinho o símbolo da tranquilidade, da beleza de ver sua gente, de ir, curtir e voltar, voltar sempre, para alegria de todos no Bar do Gomes, Lagoinha, no Restaurante do Mineiro, no Simplesmente, no Arnaudo, na Coroa, no Aprazível, Fogueteiro, no Parque da Ruínas, Paula Mattos, Almte Alexandrino, Curvelo, Largo das Neves, Guimarães, Tenente Silveira, Áurea, Taylor, Céu na Terra, Fallet, Sumaré, Paineiras... E vamos que vamos...

 Bondinho sim, belo como o que havia antes, mas, poder público, não. Poder público é porta de hospital, é estribo, é o desastre anunciado.

Por Alfredo Herkenhoff - Correio da Lapa, Rio de Janeiro, 1º de setembro de 2011


(Escrevi essas linhas depois de receber trés convites para me manifestar conta a privatização do Bondinho de Santa Teresa. Sou a favor, então como atender aos caros colegas que são contra? Só refletindo... E Viva a democracia!)